A morte de Helen

Após ter sido importunada por Sam no jardim, Alice anda pela casa olhando para os lados com medo de ser agarrada por ele novamente.

—Ele é um idiota! Como pode ser tão diferente do senhor Andrew e do Harry?

—Ele é um mafioso,né...

—Ah não Noah, o Don Vicenzo é galanteador, mas nunca desrespeitou ninguém! Acho que isso diz mais sobre o caráter dele.- comenta Sara

—Com certeza é o caráter! É só lembrarmos de tudo o que ele já fez,principalmente com o Harry. - diz Celia

—O que ele fez com o irmão?

—Então, o Harry ...

Carol entra na cozinha e interrompe a conversa.

—Bom dia a todos! Vamos Alice? Passaremos no hospital para visitar a dona Helen e de lá você irá à empresa com o senhor Andrew. Noah, tire o carro por favor?

Alice acompanha Carol e aguarda em pé ao lado dela na porta principal da casa.

Sam aparece ajeitando a arma no coldre.

—Sam, vai conosco?

Alice se encolhe para perto de Carol como uma criança amedrontada e ela percebe.

—Vou no meu carro, do hospital irei para o Brooklyn, visitar os negócios da famiglia,o tio Maximiliano me pediu isso. - ele repara a reação da moça - Bom dia Alice!

Ela não responde e assim que vê o carro ,corre pra dentro dele.

—O que você fez com ela,Sam?!

—Eu?! Nada! Ela é quem parece um bicho do mato, além de não ir com a minha cara.

Ele dá um beijo em Carol e sai dirigindo feito louco.

—Esse cara...não vejo a hora dele ir embora! - diz Alice

—Ele só vai depois que a mãe morrer e do que tiver de resolver aqui.- responde Noah - Enquanto isso, fique longe dele! Não vou estar o tempo todo por perto pra te proteger,ouviu?

—Ouvi,meu guarda costas!

Os dois dão uma risada na hora em que Andrew e Carol entram no carro.

—Bom dia,Alice! Pronta para o seu primeiro dia de trabalho.

—Sim, senhor!

—Já te aviso que eu sou chato, dou uns gritos, as vezes, e fico brabo!

—Eu duvido que o senhor seja um homem grosseiro!

Eles se olham e sorriem, Carol também sorri por dentro ,enquanto Noah cerra os olhos pelo retrovisor.

No hospital Andrew entra primeiro para ver Helen.

—Como passou a noite, querida?

—Dopada. - ela ri - Andrew, eu sinto que não passo dessa semana. Eu quero que você me prometa algumas coisas.

—O que eu puder ,eu farei ,meu amor!

—Tente reconciliar o Sam e o Harry.

—Esse assunto é entre eles, Helen!

—Intervenha, não deixe nossos filhos se afastarem mais ainda. Promete?

—Prometo!

—Ajude a Samuel a se encontrar na vida, nosso filho está tão perdido!

—Ele é um homem adulto, toma as próprias decisões.

—Eu sei, mas se você pode o ajudar a se encontrar e ser feliz de verdade,faça isso!

—Está bem...Eu vou cuidar dos nossos filhos,não se preocupe!

—E quanto a você, não quero saber de longo luto por minha causa, se abra ao amor e o viva intensamente, não importa com quem seja, a classe social, a idade...Os votos dizem até que a morte nos separe, e no momento em que eu fechar os olhos, nossa ligação acabou! Você estará livre para amar quem quiser e imediatamente!

—Oh...Helen,não fala assim!

—Falo sim, seja feliz meu amor, e se você se prender por causa disso, eu volto para puxar os seus pés!

Os dois dão uma risada e se despedem.

—Você foi o grande amor da minha vida, e nada e nem ninguém vai apagar isso do meu coração! Nossa história foi linda,obrigado por me fazer o homem mais feliz do mundo! Te amarei pra sempre, Helen!

Eles se dão um longo beijo na boca com lágrimas nos olhos.

—Eu também te amo, Andrew e tudo o que fiz foi por amor à você!

Ele não compreende bem o que ela quis dizer com aquilo, sai do quarto, e em seguida Alice entra junto com Carol ,a pedido dela.

—Dona Helen! - Alice a segura delicadamente as mãos.

—Ah minha adorável menina! Mandei buscar você! Trato é trato!

Ela ri

—Tenho algumas recomendações a você. - Alice se ajeita para ouvir - Cuide do Andrew pra mim.

—O quê?!

—Ele está apaixonado por você, permita-se também se apaixonar por ele.

—Dona Helen,isso é errado!

—Errado? Ele vai ficar viúvo, estará livre, se você quiser estar com ele, não pense nos julgamentos alheios, eu abençoarei vocês de onde eu estiver.

Alice começa a entender tudo.

—Então...ser sua dama de companhia, as lições...tudo foi planejado?!

—Eu queria encontrar alguém para o Andrew antes de eu morrer, alguém que fosse especial o bastante, e você superou as expectativas, ele se encantou muito rápido por você!

Carol começa a explicar tudo para Alice que fica atônita.

—Nunca conte isso para o Andrew! É um segredo entre nós três que irá para os nossos túmulos! Ouviram?

Alice só balança a cabeça sem acreditar. Se despede de Helen e segue para a empresa com Andrew, ele a apresenta a sua secretária e aos funcionários mais próximos. O assistente a mostra o escritório, a apresenta as pessoas com as quais irá trabalhar e começa a ensinar a função.

Na hora do almoço, Andrew a convida para comer em uma restaurante italiano.

—Comida de verdade! Eu não aguento esse costume de vocês comerem sanduíche na hora do almoço. Essa é a principal refeição do dia, pelo menos pra mim!

Ele dá uma risada.

—Está gostando do trabalho?

—São muitas coisas! Vários contatos, as vezes eu acho que não vou dar conta!

—Vai sim,hoje foi só o primeiro dia.

Eles comem falando do trabalho e das expectativas que Alice tem sobre a nova função.Terminado o almoço, eles retornam ao escritório e Andrew recebe a ligação que não desejava.

—Andrew,sou eu,o doutor Douglas. Tenho más notícias...

Ele sente o coração acelerar.

—Pode falar...

—Enquanto seus três filhos visitavam a Helen, ela teve uma parada cardíaca e veio a óbito...eu sinto muito!

Andrew enpalidece e deixa as lágrimas correrem,ele larga o telefone ,pega Alice pela mão e sai do escritório.

—Chame o Noah! Vamos para o hospital.

—O que aconteceu ?

—A Helen acabou de falecer!

......................

Após os trâmites legais, a família Bianchi se prepara para o velório e funeral que acontecerão no dia seguinte. Os filhos do casal ficaram sentidos e impressionados por verem a mãe morrer ao lado deles, Sam e Maya se trancaram em seus quartos e não atenderam a mais ninguém. Carol,deixou um lanche para dois em seus quartos e saiu.

—Eles estão péssimos! O Sam não para de chorar.

—Sinal que tem coração...

—O que ele te fez,Alice? Não minta pra mim!

—Ele me agarrou à força ontem no jardim,se não fosse pela Noah chegar a tempo...

—Mas não é possível! Esse menino não tem juízo!

—Me desculpe, Carol! Eu o detesto! Tenho horror a ele,não vejo a hora dele voltar para a Itália.

Carol respira fundo, Sam pode ser um problema,e fazer com o pai o que fez com o irmão no passado.

—Leve esse chá para o senhor Andrew no escritório e depois vá se recolher,teremos um dia longo e receberemos na mansão após o funeral.

Alice bate na porta do escritório e entra,Andrew está distraído olhando para fora da janela.

—Vou colocar o chá aqui para o senhor. Boa noite !

—Espera um pouco ,Alice ! Me faz companhia uns minutos. Estou com uma sensação de vazio enorme.

Ela se senta na poltrona em silêncio,e após alguns minutos o quebra.

—Senhor Andrew, não é por nada não, mas o seu chá vai ficar frio.

Ele sorri,pega a xícara e bebe. Pega na estante um álbum de fotografias e começa a contar a história de como a seu pai chegou à Nova York para cuidar da máfia e se tornou um milionário do ramo de construção civil,de como conheceu Helen, do nascimento dos filhos,da vida que tinham...

—Estou aborrecendo você,né?

—Não, eu gosto de ouvir histórias de família.

—De qualquer maneira,vou deixar você ir , vá descansar. Melhor do que ouvir histórias de um velho chato entristecido.

—Velho?! O senhor acabou de fazer cinquenta anos e mesmo assim,não aparenta!

—Obrigado pelo elogio!

—Boa noite,senhor!

Ela abre a porta e ele a puxa para si.

—Só terei uma boa noite ,depois que eu fizer isso!

Andrew a segura pelo queixo e seus lábios se tocam, Alice se entrega ao momento e os dois trocam um acalorado beijo.

—Isso não deveria acontecer!

Ela sai escritório a fora e Andrew vai atrás dela.

—Espera ,Alice!