A piora

Dois dias após Helen ouvir Andrew falar sozinho sobre seus sentimentos, ela tem uma piora em seu quadro de saúde.

—A senhora não me parece bem...

Alice toca no rosto de Helen e sente que ela está quente.

—Vou chamar os enfermeiros.

Eles a examinam,ligam para o médico que a atende e ele orienta a levarem até o hospital.

—Vou pegar a minha bolsa e acompanhar a senhora.

—Peça a Carol para avisar ao Andrew. - ela diz já ofegante.

Assim ela faz e segue com a ambulância até o hospital.

No escritório, Andrew recebe a ligação de Carol.

—E como ela está? Sei...estou indo pra lá!

—O que aconteceu, pai?

—Sua mãe está com febre e muito debilitada, o médico achou por bem interná-la. Estou indo pra lá.

—Eu vou com o senhor, vou chamar o Noah.

Os dois chegam ao hospital e encontram Alice do lado de fora ,balançando as pernas e visivelmente tensa.

—Aonde ela está,Alice? - pergunta Andrew

—Fazendo exames,o médico ficou de voltar para dar notícias.

Harry chama o pai de canto.

—Eu não estou com uma sensação muito boa,não seria melhor mandarmos a Maya e o Sam virem pra cá?

Ele suspira alto.

—Tem razão, liga pra Maya eu vou falar com a Sam.

Na Sicília, Sam dorme após uma noite de confusão em uma boate. O telefone toca insistentemente,ele estava deitado de bruços,usando apenas uma box.

Ele atende sem olhar o contato.

—Alô?

—Samuel, está me ouvindo bem?

—Pai?...La tua bendizione.

—Dio vi benedica.

—Aconteceu alguma coisa?

—A sua mãe foi internada, o quadro dela está muito delicado. Você deve vir pra cá o mais rápido o possível,ou acredito que não a encontrará com vida se demorar muito.

Ele dá um pulo da cama

—Estou à caminho de Nova York,ela não pode partir sem eu vê-la.

Ele arruma a mala, toma um banho,sai do seu apartamento e vai até mansão do tio.

—Bom dia, ragazzo! Sente-se para tomar café!

—Bom dia ,tio! - ele o beija a mão e senta

— Soube que aprontou mais uma vez ontem. Sam, eu vou te rebaixar a soldado ou te mando para Nova York novamente! É o meu último aviso!

O rapaz abaixa a cabeça.

—Eu não sou o Vicenzo e muito menos igual ao seu pai! Sabe que minha paciência é curta e quando eu me irrito, não volto atrás nas minhas decisões!

—Perdão,tio! Eu não vou mais fazer isso.

— Assim eu espero! Já é um homem feito, não pode ter atitudes de moleque.

Sam continua o seu café em silêncio e depois conta para o tio sobre a ligação do pai.

—O meu babbo me ligou, minha mammà foi internada e está em estado grave. Tenho que ir à Nova York para vê-la o mais rápido possível.

—Pobre Helen! Está sofrendo tanto! - lamenta Maximiliano - Vou mandar preparar o avião particular, você chegará mais rápido. Mande meu abraço para o meu irmão,vou me organizar aqui para ir visitá-lo até a próxima semana.

—Bem,estou indo,tio!

Ele dá um tapa no rosto do rapaz que se despede e segue ao aeroporto.

Em Nova York, eles aguardam notícias de Helen, quando o médico chega.

—Doutor Douglas, me diga , qual o real estado da minha esposa?

—Andrew, a Helen está com uma infecção, consequência da própria doença. Ela entrou em coma após ser anestesiada para alguns exames,creio que agora seja só uma questão de tempo. Eu sinto muito...

Andrew sente o coração acelerar e Harry chora.

—Podemos vê-la?

—Devem, e peça para a família ver se despedir,porém, entrem de um em um.

Harry entra primeiro e Andrew fica desolado tentando digerir a notícia.

—Senhor Andrew, eu sei que não sou da família, mas me afeiçoei muito a dona Helen, em poucos meses ela foi como uma mãe pra mim. Eu posso vê-la após o Harry?

—É claro, Alice! Ela também tem muito carinho por você.

Assim que Harry sai,ela entra.

— O Sam está a caminho,acabou de sair da Itália, deve estar chegando amanhã pela manhã.

—A Maya também já está vindo,coitada, chorou tanto!

—Você pode ir pra casa,avise aos irmãos da sua mãe e seus primos. Eu vou ficar por aqui.

—Mas não adianta,pai!

—Eu não vou sair do lado da sua mãe,a noite eu vou pra casa e pela manhã eu volto. Peça ao Noah para levar você e a Alice.

Alice, conversa com Helen em coma.

—Eu sabia que isso aconteceria, em breve, eu vou sentir sua falta dona Helen,eu ainda estou tentando entender o que a senhora queria realmente comigo, me ensinando tudo o que me ensinou. Mas mesmo assim, obrigada por tudo!

Ao sair da UTI, Andrew a comunica que Harry a espera para irem embora, ela o obedece e vai.

Ele entra no quarto e fica ao lado da esposa,pega sua mão inerte e chora a sua dor.

Em casa, o clima era de pesar, Carol manda preparar os quartos para receberem Sam e Maya.

—Hoje não precisa fazer o jantar para a família, Célia,o senhor Andrew comeu pelo hospital e chegará apenas para dormir.

—Eu posso cozinhar hoje? Já que seremos somente nós.

—Pode, Alice! O que irá fazer?

—Algo que conforte o estômago e o coração, comida que lembre colo de mãe. Acho que estamos precisando.

Ela cozinha na companhia de Celia e Noah ,que contam para ela a vida da família antes da doença de Helen.

—Eram muitas festas, eles sempre gostaram de receber amigos e familiares. Dona Helen sempre gostava da mesa cheia, mesmo doente você viu que ela fazia questão de sentar com todos para jantar.

— Sim,eu notei! E os filhos? O Harry é muito legal, mas a Maya não gosta muito de mim.

Célia e Noah se olham

—Ela deveria estar com ciúmes de você.

—De mim? Mas eu nunca...espera aí! Ela me questionou sobre o meu relacionamento com você,então...

—É...nós tivemos um romance,foi ela quem feriu o meu coração.

—Por que?

—Porque foi covarde!

—Celia!

—Ah Noah! Você sabe que é verdade, ela não teve coragem de assumir o relacionamento e usou essa proposta de trabalho na Europa para terminar com você.

—Então ela não gostava de você?

—Não, ela me usou como passatempo, válvula de escape...

—Ela foi abandonada pelo noivo praticamente no pé do altar, o Noah já era apaixonado, então ela o usou para se distrair.

—Mas a distração durou muito tempo, eu achei que ela estava apaixonada,afinal, foi um ano nos encontrando as escondidas, ela me visitando no meu quarto...

—Eu sinto muito Noah.

—Tudo bem, foi bem feito pra mim! Eu deveria saber onde era o meu lugar, aquilo nunca daria certo.

Eles jantam, e em seguida comem a sobremesa.

—Isso é maravilhoso, Alice! Qual é o nome mesmo? - pergunta Carol

—Pudim.

—Incrível! Vou comer mais um pedaço! - diz Noah

—Deixa para o senhor Andrew! Um doce o fará se sentir melhor! - ela diz, Carol a olha e resolve manter os planos de Helen.

—Bem, vou me recolher, amanhã terei um dia cheio. Alice, se o senhor Andrew chegar pergunte se ele deseja algo. Vamos, Noah e Celia?

—Espera, estou acabando de comer! Alice, se o senhor não quiser ,guarde pra mim o pudim!

Ele são arrastado por Celia, Alice toma um banho, veste um pijama leve e resolve aguardar por Andrew na sala,ele chega com a casa às escuras.

—Alice! Que susto, o que faz ainda acordada?

—Esperando o senhor.

—Por que? - diz surpreso.

—Pra ver se deseja comer alguma coisa.

—Eu comi um sanduíche na parte da tarde.

—Mas já são nove e meia da noite! Eu mesma preparei o jantar, à moda brasileira e com direito a sobremesa. O senhor deve se alimentar direito para ter forças e permanecer ao lado da dona Helen.

Ele a olha enternecido.

—Você não existe,menina!

—Vá tomar um banho,eu vou preparar a mesa para o senhor lá na cozinha mesmo,não se incomoda ?

—Não,até prefiro! Sentar naquela mesa enorme sozinho é deprimente.

Ele toma um banho e a encontra na cozinha,como sempre, cantarolando baixinho. Ele se senta e ela o sorri,uma sensação boa no meio do caos que se encontra o seu coração surge.

Ela o serve com um sorriso no rosto e se senta a sua frente.

—Não me acompanha?

—Já jantei, obrigada! Mas fico aqui para conversarmos, se o senhor quiser.

Enquanto come,ele a conta da vez que foi a São Paulo à trabalho e gostou muito da cidade por ter o mesmo ar de Nova York.

—Você cozinha bem! Estava ótimo!

—Eu ainda tem a sobremesa. Pudim de leite.

Ele experimenta e se encanta

—Nossa! Isso está divino!

—Tive que esconder para o Noah não comer tudo e deixar para o senhor.

Ele sorri e a encara, pela primeira vez ela o nota como homem. Seus olhos acinzentados, seus cabelos que dia foram totalmente loiros e agora possuem fios brancos nas laterais,o rosto másculo, de traços marcados,maduro e sexy.

—É...posso...recolher a louça?

—Pode,eu te ajudo.

Os dois desfazem a mesa ,colocam a louça suja na máquina e sobem as escadas.

—Obrigado pelo jantar e a sobremesa, estavam ótimos! A companhia então ,nem se fala !

—Que bom, era essa a minha intenção, fazer o senhor se sentir bem. Por mais que se esperasse por isso o que está acontecendo,não estamos preparados para perder quem amamos. Boa noite, senhor Andrew!

—Boa noite,Alice!

Ela toca a maçaneta e ele a pega na outra mão.

—Algo mais?

Ele a puxa delicadamente para si, põe a mecha de seus cabelos atrás da orelha. Alice sente o coração disparar e a boca secar.

—Você é tão linda! Por dentro e por fora!

Ele se abaixa para beijá-la,Alice chega a fechar os olhos, mas o bom senso a chama.

—O senhor está cansado e fragilizado,vá descansar. Amanhã será um longo dia!

—Tem razão. Vou me recolher.

Ele a solta e ela vai para o quarto, tranca a porta e põe a penteadeira na frente.

—Meu Deus! Isso não pode acontecer!

Andrew pensa no que estava prestes a fazer,põe as mãos na cabeça e olha a cama onde dormia com a esposa.

—Eu não posso manchar o meu casamento justamente agora, Alice que me perdoe,mas amanhã irei demiti-la.

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