Os dias se passam com a rotina comum para a família, Alice está em fase de adaptação, então Helen preferiu ir devagar e a observar mais ,assim também como a Andrew em relação a ela.
—Ele mal troca uma palavra com ela ,Carol! O que eu faço?
—Não faço ideia, isso ainda é uma loucura pra mim!
—Me dê uma luz!
—Não sei...crie situações onde ele possa ficar a sós com ela,onde possa conhecê-la melhor.
Helen pensa bem, e tem uma ideia.
—Vou pedir para ela jantar comigo e com ele hoje. Ela me pediu pra fazer as refeições com os empregados porque não se sente confortável à mesa conosco nesses primeiros dias, então eu permiti.
—A Maya estará em casa?
—Não, jantará com amigos
—Então será perfeito para o que você quer fazer!
Helen comunica a sua decisão para Alice,que obedece a contragosto.
Andrew chega e se junta a esposa para o jantar.
—A Maya não está?
—Saiu,mas a Alice nos fará companhia.
Andrew a olha e vê o quanto está desconfortável.
—Sente-se, Alice! Fique a vontade!
—Com licença!
Ela senta e faz a refeição em silêncio enquanto o casal conversa.
—Alice,conte para o Andrew como era a sua infância no interior do Brasil.
—Ah...acredito que o senhor Andrew não se interessará por histórias de uma vida simplória na América do Sul.
—Ao contrário, eu gosto!
—Bom...a minha vida era simples,a casa da minha mãe é menor do que essa sala de jantar.
—Não morava com o seu pai?
—Ele já faleceu.
—Sinto muito!
—Mas conte-nos mais! Querido, ela já quebrou o braço e a perna de uma só vez quando criança.
—Nossa! Por quê?
—Subindo no pé de amora. Eu era terrível! - o casal dá uma risada
Ela começa a falar sobre as suas travessuras de infância, de quando fugia de casa para roubar a egua do vizinho e cavalgar até o sitio do padre da cidade e roubar frutas do pé, e de quando matava aula para nadar em uma das inúmeras cachoeiras da região. Os olhos dela brilhavam e o rosto se iluminava ao falar do seu passado,e pela primeira vez em dias,Andrew a notou de verdade. Ela tinha belos olhos castanhos, lábios bem desenhados, um rosto delicado e uma voz aveludada com um toque naturalmente sensual,o sorriso de menina contrastava com o rosto de mulher. Ele viajou nos pensamentos e retorna ao ser chamado por sua esposa.
—Não é incrível, querido?
—Ah...sim! Ela teve uma infância maravilhosa, livre ,diferente da nossa e dos nossos filhos.
Após o jantar ela pede licença para se retirar.
—Amanhã começa a minha folga, volto no domingo a noite. Irei visitar a minha prima e a família dela.
—Claro minha, querida! Tenha um bom descanso!
Após se recolher,com a casa já em silêncio e escuridão,Alice decide pegar água na cozinha.
—Não consigo me acostumar com nessa mania deles beberam água da torneira do banheiro durante a noite.
Ela desce e pega uma garrafinha de água mineral.
—Tanto consumismo! Um bom filtro de barro resolveria isso e ajudaria o planeta. - ela falta alto para si mesma.
—Filtro de barro? - Andrew ouvia ela falar sozinha.
—Oh Senhor Andrew! Desculpa! Eu só... - ela fecha o penhoar escondendo a fina,porém descente camisola.
Ele cora e abaixa o olhar.
—Sabe que concordo? A quantidade de plástico que usamos só comprando água mineral é absurda! Mas,o que é um filtro de barro?
—É um conjunto formado por dois recipientes de cerâmica com velas filtrantes com uma torneira para sair a água. Sabia que ele é mais eficiente para purificar a água do que os purificadores de água?
—Sério?!
—Sim, é uma invenção brasileira inspirada em artefatos indígenas.
Andrew a olha admirado.
—Você parece ser inteligente.
—Sou curiosa, gosto muito de ler. Principalmente conhecer mais sobre hábitos e culturas, principalmente do meu povo.
Eles se olham por alguns segundos em silêncio.
— Eu vou para o meu quarto, boa noite senhor!
—Boa noite, Alice!
Ela passa por ele e deixa um delicado aroma de flores e frutas, ele respira fundo aquele cheiro delicado. Ao voltar para o quarto, Andrew entrega a garrafa de água para Helen beber o remédio.
—Obrigada, querido! - ela o olha - O que foi? Está com uma cara que achou graça em alguma coisa.
—A Alice estava na cozinha pegando água também, a peguei falando sozinha reclamando do excesso de consumismo da casa - ele dá uma risada.
—Ah é? E daí?
—Ganhei uma lição de moral sobre sustentabilidade!
Os dois dão uma gargalhada.
—Ela é muito inteligente, uma moça de bom potencial.- ele observa
—Sim, quando a função dela comigo terminar,gostaria que você a dessa uma oportunidade de emprego na empresa. Ela tem formação em recursos humanos.
—Bom saber! - ele a beija na boca - Boa noite, meu amor! Durma bem!
Ele vira para o lado e dorme. Helen ainda fica acordada, sentiu ciúmes de saber que essa pode ter sido a oportunidade para surgir algum sentimento entre os dois.
—Era o que você queria Helen, e começou a acontecer. - ela fala baixinho para si mesma.
No dia seguinte, Alice arruma suas coisas, põe um vestido leve de verão e usa um rabo de cavalo. Helen a dispensou mais cedo aquele sábado. Ela desce as escadas sorrateiramente para não ser vista por ninguém da família e vai até cozinha tomar café.
—Bom dia, Célia! - ela a beija no rosto
—Bom dia,minha menina ! Sente-se, fiz o café do jeito que você gosta, a moda brasileira!
—Ah! Você não sabe como me faz feliz!
Enquanto ela se serve, Noah chega.
—Bom dia! Fui rapidamente no jardim e está tão quente lá fora! Hoje pede um passeio ao ar livre no Central Park.
—Estou em aqui há seis meses e nunca fui até lá,acreditam?
—Não seja por isso! Vamos agora!
—Está de folga também?
—Sim, de lá irei para casa. Vamos Alice! Não podemos perder esse dia lindo!
Os dois saem juntos e são observados ao longe por Carol.
—Isso pode não ser bom! Melhor eu observar.
No Central Park,os dois caminham enquanto saboreiam um sorvete.
—Daqui você falou que vai para casa, tem filhos?
—Não e nem sou casado. Vou para a casa dos meus pais. E você?
—Para a casa da minha prima,ela me acolheu quando cheguei aqui.
—Deixou muitas pessoas importantes no Brasil?
—Sim,amigos queridos ,primos, tios...mas tenho saudades mesmo é da minha mãe e do meu irmão.
—Deixou um namorado?
—Não, vim completamente livre pra cá e também não penso nisso,não é o meu foco. E você?
—Coração fechado pra balanço! Sofri uma decepção muito grande .
—E se fechou assim? E se aparecer alguém que possa te fazer feliz.?
—Duvido! Ela foi o meu amor, e na proporção que amei fui magoado.
Noah fecha o semblante.
—Desculpa ter te aborrecido com isso.
—Não precisa se desculpar, é porque ainda é recente, aconteceu mais ou menos há um ano.
A caminhada continua e ao final, Noah a deixa na casa de Rafaela e na tarde do domingo ,volta para buscá-la. Ao chegarem na mansão,escutam risos de criança e conversas de adultos.
—Os filhos do senhor Andrew e da dona Helen devem estar aqui, estou ouvindo as risadas da Summer. - diz Noah
Os dois entram pelos fundos ,mas são vistos pela garotinha.
—Alice! Vem ver ,um passarinho caiu da árvore!
Usando um vestido curto e solto de estampa floral amarelo, tênis brancos baixos,cabelos soltos e gloss vermelhos nos lábios carnudos, ela resiste.
—Melhor não! Eu não estou adequada.
—Vem Alice! Por favor?
Helen acaba a vendo, e a chama.
—Alice, venha até aqui!
Ela puxa Noah junto que a segue sem graça.
—Estão voltando da visita às famílias? Como vão seus pais ,Noah?
—Bem, senhora Helen!
Os filhos dos Bianchi os encaram de rabo de olho.
—Olhem, ele vai morrer longe da mamãe dele! - Diz Summer em lágrimas
—Ah filha, o ninho está muito alto, não temos como levá-lo até lá! - Rebeca consola a filha.
Alice olha o bichinho e a menina e se compadece dos dois. Tira os tênis e os entrega a Noah. Pega o filhote, e escala a árvore.
—Vai cair daí ,menina! - grita Helen.
—Esqueceu que estou acostumada, dona Helen?
Ela vai até o tronco onde estava o ninho e devolve o passarinho. Desce cuidadosamente sobre os olhares dos Bianchi, Andrew olhava as coxas torneadas e bronzeadas que se revelaram sem querer. Ela chega ao chão, todos a aplaudem, e Summer a agarra e beija.
—Obrigada Alice! Você salvou o passarinho!
—Realmente você deveria ser muito travessa!
—Mas a senhora viu que aprender escalar em árvores serviu para alguma coisa!
Eles riem e Andrew a olha com ternura, aquele jeito, aquela meninice misturada a sensualidade de mulher, trouxe a ele um sentimento que não conseguia distinguir.
—Bom,eu vou me recolher! Com licença!
Ela sai e Noah a acompanha.
—Você subiu naquela árvore rapidamente!
—Fazia isso o tempo todo no Brasil! - ela ri orgulhosa -Vou descansar, até amanhã Noah! - ela o dá um beijo na bochecha.
—Até amanhã,sua moleca! - ele dá uma risada e quando se dirige ao quarto é interpelado por Maya.
—Olá, dona Maya!
—Dona Maya?
—A senhorita é filha dos meus patrões.
Os dois se olham dentro dos olhos e ela desperta.
—Está acontecendo algo entre você e a Alice?
—Sim, está!
Ela fica pálida
—Vocês estão...
—Estamos nos tornando amigos, somente bons amigos. Algum problema com isso?
—Não...vocês dois são livres para se relacionarem.
—É ,mas não queremos, ela porque tem foco profissional e eu porque tive o meu amor desprezado,não quero mais me machucar.
Ela olha para os lados.
—Se era só isso, até mais ,dona Maya!
Ele se retira e ela fica a olhar para o nada com os olhos marejados.
Depois de Helen adormecer, Andrew lê na poltrona do quarto acompanhado de um copo de whisky,seus pensamentos fogem da leitura e voam até a imagem de Alice, ela na cozinha de madrugada, subindo na árvore com aquele vestido que revelava a sua beleza...tão linda...tão doce...tão menina...tão mulher!
—O que estou pensando! Deve ser um carinho paterno, é isso! Carinho paternal!
Ele fecha o livro, dá um último gole no whisky,um beijo na esposa adormecida e deita-se para também dormir.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Vó Ném
Tenho certeza que foi a Maya quem feriu o coração do Noah...e o Andrews começou a se interessar pela Alice...
2025-02-05
0
Jaildes Damasceno
Andrew está começando a reparar em Alice. Acho que foi Maya que feriu o coração de Noah
2025-03-30
0
Creuza De Jesus Oliveira Alves
também acho Elis Alves essa vai da problema to até vendo.
2025-02-18
0