Ainda não!

Aquela noite foi difícil para Andrew e Alice, e por diversos motivos...

Ela sentiu-se atraída por ele, de uma forma que há muito tempo não sentia por homem nenhum,ao mesmo tempo que era carregada da culpa por Helen, que a tratava muito bem e agora estava a um passo da morte no hospital.

Ele rolava na cama gigantesca sozinho, sentindo a culpa o sufocar. Sua amada Helen estava partindo enquanto ele ardia em desejo por uma moça da idade de sua filha,e ela estava há poucos metros de distância.

Ambos só conseguem adormecer com o dia quase raiando.

Na manhã seguinte, Alice levantou sonolenta devido a noite mal dormida,fez sua higiene,trocou as roupas e foi sorrateiramente para a cozinha da casa, tentando fugir de Andrew ,que por sua vez também foge dela, se tranca no escritório e chama por Carol.

—Eu quero que você dispense os serviços da Alice.

A governanta fica sem entender, o interesse de Andrew por Alice era notório.

—Mas por que ,senhor Andrew?

—Com a Helen nesse estado, a função dela não faz mais sentido.

—O contrato dela estipula uma oportunidade de emprego na construtura após o falecimento da Dona Helen.

—Eu sei, mas o quadro de funcionários está completo. - mente - Eu vou recomenda-la para outra empresa,ela não ficará sem emprego, eu garanto.

—A pobrezinha ficará arrasada...

"Eu também!" ele pensa

—Pague o triplo do que ela tem direito de receber mais as bonificações. Peça para o Noah a levar até a casa da prima.

—Ele foi buscar o Sam e a Maya no aeroporto.

—Ótimo, eu vou passar no hospital e em seguida irei até a empresa,peça para o Samuel me encontrar no grupo após visitar a mãe.

—Sim ,senhor!

Carol , procura por Alice e a encontra na cozinha conversando com Celia,sente uma dor no coração, pelos planos frustrados de Helen e pela própria moça,já que todos na casa já se afeiçoaram a ela.

—Alice ,você pode vir até a biblioteca comigo?

Ao passar pela sala, Andrew a vê ao longe e suspira.

—Vai ser melhor assim!

As duas se trancam na biblioteca e Alice começa a achar que Carol a viu com Andrew no corredor quase aos beijos.

—Alice, eu vou ser direta.O senhor Andrew pediu para dispensar os seus serviços, devido ao estado da dona Helen, você perdeu a função.

—Eu compreendo.

—Mas ele irá lhe recomendar para outra empresa,você não ficará desempregada.

—Não precisa,volto para o meu antigo emprego.

—O doutor Andrew não vai gostar disso.

—Ele não tem o que gostar, é a minha vida e quem decide isso sou eu. Posso subir e arrumar as minhas coisas?

—Pode, o Noah irá levá-la até a casa da sua prima,ele está voltando do aeroporto.

—Também não precisa,pego um taxi, foi assim que cheguei aqui.

Ela sobe as escadas e vai até o quarto arrumar as suas coisas, joga tudo dentro da mala rapidamente para sair dali de imediato. Deixa as roupas dadas por Helen em cima da cama, desce e se despede dos funcionários da casa.

—Vou sentir tanto a sua falta! - Celia a abraça chorando.

—Eu também, mas não precisamos nos afastar.

—Espera o Noah,ele está chegando e vai ficar triste se não despedir dele,vocês ficaram tão amigos.

—Espera Alice, deixa de ser orgulhosa! - diz Carol.

—Está bem ,vou ficar aqui na cozinha.

A caminho da mansão,Noah traz os filhos fos seus patrões.

—Caramba, vocês ainda não se falam? - pergunta Sam

—Como?

—Você e minha irmã, nem se olham na cara!

Maya fica vermelha e Noah se cala.

—Deixa de ser inconveniente, Sam! - ela fala baixinho

—Já se passaram quase um ano,você não mora mais aqui e esse clima ainda continua.

—É complicado.

—É sim,você foi covarde. Não teve coragem de assumir que amava o motorista.

—Eu não o amava!

—Tá bom conta outra!

Eles chegam, Noah descarrega as malas e os dois irmãos entra em casa.

—Ai estão vocês! - Carol os abraça - Sam, está cada vez mais lindo!

—Linda é você, Carol! - ele a levanta no colo

—Para com isso ,menino! -ela ri

—Aonde está o babbo?-

—Foi para o hospital e de lá seguiria para a empresa. Ele pediu para você ir falar com ele após visitar a sua mãe.

—Eu vou tomar um banho,comer alguma coisa e vou.

Na cozinha, Noah se chateia com a notícia da demissão de Alice.

—Mas a dona Helen nem morreu e ele já te dispensou?!

—Ele sabe que ela não vai voltar, pra quê me manter aqui?

No fundo Alice sabia que as motivações de Andrew para essa demissão relâmpago eram outros.

—Noah, me deixe com o Sam e a Maya no hospital e em sequência deixa a Alice no destino dela.

Carol abraça a moça com força.

—Não queria que fosse assim e tenho certeza que Helen ficaria muito chateada com isso.

—Está tudo bem, Carol! Eu já estava ciente de tudo.

Ela senta no banco do carona, enquanto aguarda os demais.

Ela visualiza Sam, ele era muito bonito, alto, corpo malhado, diferente dos pais pois tinha as feições italianas fortes cabelos e olhos castanhos claros,barba cerrada e bem feita.

Ele também a visualiza,mas para um homem que estava acostumado a ter as mais belas mulheres na cama, ela era só mais uma moça bonita.

Os três entram no carro e Maya a cumprimenta.

—Alice, eu sinto muito ,a Carol me contou.

—Tudo bem ,dona Maya, isso aconteceria.

—Ninguém vai me apresentar?

—Essa é Alice! Ela estava como dama de companhia para a sua mãe,mas com esse ocorrido os serviços dela não são mais necessários. Alice, esse é o Sam,o filho do meio dos Bianchi.

Ela olha para trás e apenas acena com a cabeça.

—Séria ,né? - Ele fala com ar debochado.

Ela revira os olhos e eles seguem viagem. Alice conversa com Noah, entre risos discretos e sobre os olhares enciumados de Maya. Eles chegam ao hospital e Noah segue viagem com Alice.

—Não adianta ter ciúmes! Você o dispensou agora ele é livre para dar uns pegas na marrentinha gostosa. - diz Sam.

—Ridículo!

Na porta da casa de Rafaela, Noah e Alice trocam um abraço caloroso.

—Passa por aqui aos finais de semana para darmos uns passeios,chama a Celia e a Sara.

—Vou sentir tanto a sua falta ,Alice! Nos tornamos tão bons amigos...se o meu coração não estivesse tão ferido, acho que nos dois poderíamos até ser algo além de amigos.

—Pois é, mas acho que não era pra ser. - ela o beija na bochecha e se despede.

Ela entra em casa triste , a prima já a esperava.

—Não fica assim! Falei com o seu antigo patrão, ele falou pra você começar amanhã mesmo, se quiser.

—Ótimo, assim eu não fico parada até achar algo melhor. Embora eu tenha recebido uma proposta de trabalho em uma outra empresa.

—Então aceite! Melhor do que servir café! E eles te pagaram direito?

—Sim, na verdade me deram o triplo mais bonificações.

Ela se levanta e vai ao seu antigo quarto.

—Vou organizar as minhas coisas, tenho aula e não posso parar a minha vida!

......................

No hospital, Maya entra para ver mãe,sai chorando e em seguida Sam também entra. Ele fica chocado ao ver como a mãe está mais magra, pálida, quase irreconhecível.

Ele sente o choro vir forte de dentro do peito, explode em um choro compulsivo e alto. Sentado ao lado dela, segurando as suas mãos inertes, ele lamenta não ter vindo antes para encontrá-la acordada ,de não poder ouvir a sua voz pela última vez.

—Me perdoe mammà! Eu sou idiota!

Ele fica alguns minutos ,a beija na testa e sai.

Carol também se emociona ao ver a amiga daquela forma.

—Ah Helen...deu tudo errado! O Andrew está encantado pela Alice, ele mal está conseguindo disfarçar. Mas você o conhece, ele é um homem de princípios e a demitiu hoje, está fugindo do que sente, por amor e fidelidade à você!

Carol sente Helen apertar a sua mão.

—Está me ouvindo?Volta...nem que seja para ser clara com ele, peça para trazer a Alice de volta.

Helen a aperta mão novamente e Carol sorri.

Sam visita o pai na empresa.

—Com licença!

—Ah ! Samuel!

Eles se abraçam longamente.

—Viu a sua mãe?

—Sim....ela está tão diferente, como arrependo de não ter vindo antes.

—Não foi por falta de aviso. - diz Harry

—Olá, irmão!

—Oi...

—Vocês não podem se tratar assim a vida toda,não depois de tanto tempo após...

—Pai,por favor...não toca nesse assunto.

—É passado ,babbo. Esqueça!

—Tudo bem.

Andrew olha os dois filhos a sua frente, tão parecidos fisicamente, mas de personalidades e caráter distintos. Harry, responsável, amigo,companheiro, generoso e compreensivo. Sam, impulsivo, irresponsável, mulherengo, intempestivo e desprendido.

—Quero que jante conosco hoje Harry. Temos que conversar questões práticas sobre...funeral e herança. Não tem jeito,não era pra isso que gostaria de reunir os meus três filhos.

—Doutor Andrew, uma ligação do hospital na linha 3. - diz a secretária

Os três sentem um frio gelado correr a espinha e se olham,esperando o pior.

—Pronto! Sim...verdade!? Mas como?...estou indo!

—O que aconteceu, pai?-pergunta Harry

—A sua mãe, acordou do como sozinha!

—Dio Santo!Então vamos até lá, quero que ela me veja.

No quarto do hospital,Helen sorri emocionada ao ver o filho.

—Ah, meu Sam! - ela fala baixinho e com a voz trêmula

Ele a abraça e beija, a mãe passa as mãos frágeis no rosto dele.

—Como estava com saudades de você!

—Me perdoe por demorar mammà! Mas eu estou aqui com você! - ele a beija as mãos

—Meus três meninos aqui comigo, como amo vocês! Onde está a Maya?

—Esteve aqui mais cedo e foi pra casa,virá mais tarde.

—E a Alice? Ela estava tão preocupada comigo.

Andrew não sabe como falar.

—Eu a demiti hoje.

—Por que?!

—Você está aqui,ela perdeu a função, meu amor!

—Eu a prometi um emprego na empresa. A quero de novo dentro daquela casa e trabalhando com você! - ela se cansa

—Calma mamãe! Vamos resolver isso,eu mesmo vou com o Noah buscá-la, está bem? - diz Harry

—Harry!

—Pai...vai contrariar a mamãe agora? O que custa? A Alice é boa moça e a família gosta dela.

—É muito boa mesma, uma gostosa, mas muito marrenta!

Andrew sente ciúmes e cerra os punhos.

—Vá buscá-la Harry, e diga que sua mãe quer vê-la. - ele se aproxima de Sam e o encara dentro dos olhos - E você, respeite a Alice, não toque nela! Ou eu te coloco no primeiro voo para a Itália, estamos entendidos?

—Calma! Entendi tudo!

Helen olha a cena, o marido já está apaixonado por Alice,agora é fazê-la enxergar essa realidade antes que seja tarde demais.

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