Cap. 16

Quando no final da noite, Elis foi para o silêncio reconfortante de seu quarto, permitindo que sua mente voassem, fazendo com que ela se sentisse sozinha e triste.

Elis se jogou na cama, pensando no irmão que  casaria no final de semana seguinte com Luci.

A Luci está grávida, e ela ainda não contou para o Gael… Falou baixinho. Elis tinha percebido que Luci estava radiante e a forma como ela colocou a mão sobre o ventre não passou despercebida por ela. Gael vai ficar feliz quando descobrir que será pai. Elis se virou na cama, estava agitada e sem qualquer sinal de sono.

Em seguida, Elis se viu pensando no casamento de Gabi e Enrico que não demoraria a acontecer.  Enquanto se alegrava irmã desejando  a ela toda a felicidade do mundo, Elis não pôde deixar de se questionar sobre seu próprio destino. Todos ao seu redor pareciam encontrar seus caminhos, e ela se via em um turbilhão de emoções, confusa e incerta sobre o que sentia por Luiz.

O Felipe acabou com a minha auto estima… ele dizia tanta coisa ruins e depreciativas a meu respeito que hoje eu sou uma pessoa insegura...  Como eu pude ficar tanto tempo ao lado de alguém que me maltratava daquela forma? Se questionou tentando esquecer o passado ao lado de Felipe que deixou marcas profundas em sua autoestima e confiança. Não quero me sentir diminuída, não quero ser maltratada...

Os sentimentos por Luiz eram complexos e difíceis de decifrar, mas o que mais afetava Elis, era o julgamento que ela estava fazendo sobre si mesma. Ela sabia que precisava confrontar suas emoções e tomar decisões importantes sobre seu coração e seu destino.

_ Vai passar... Elis continuava seu diálogo interno, tentando se convencer de que os sentimentos que surgiram em relação a Luiz eram apenas passageiros, talvez uma ilusão causada pela carência que sentia, ou pela química que existia entre eles.

Ao mesmo tempo, por mais que ela tentasse minimizar seus sentimentos, uma vozinha interior sussurrava que talvez, apenas talvez, daquela vez seria diferente. Havia algo na maneira como Luiz a olhava, e na forma como ele a tratou que a fazia Elis questionar suas próprias dúvidas e inseguranças.

Elis suspirou, sentindo o peso desses pensamentos tumultuados, arrependida por não ter deixando Luiz se aproximar. Ela se lembrava de palavras ditas uma vez pela mãe, sobre a importância de reconhecer seu próprio valor e não permitir que o passado ditasse seu presente e futuro. No entanto, era difícil ignorar as cicatrizes emocionais deixadas pelo relacionamento com Felipe.

Elis se levantou, sentindo o ar do quarto pesado, como se estivesse sendo sufocada.

_ Eu preciso de um pouco de ar fresco. Elis pegou os sapatos , mas desceu as escadas descalça, saindo de casa sem fazer muito barulho.

Enquanto dirigia pelas ruas vazias, os pensamentos de Elis continuavam conflitantes. Ela sabia que precisava deixar o passado para trás, embora ele ainda a assombrassem.

_ Eu não vou ser feliz se deixar que o passado continue a atrapalhar a minha vida... mas como seguir em frente?

O vento frio da noite tocava o rosto de Elis, trazendo consigo uma sensação de melancolia. Ela se permitiu mergulhar nos pensamentos que a atormentavam, revivendo momentos do passado que pareciam se entrelaçar com o presente de forma perturbadora.

_ Aqui estou... Elis parou em frente a garagem do edifício onde Luiz morava, era madrugada e ela novamente foi até lá. _O que estou fazendo aqui a essa hora? Isso é loucura... Mas preciso falar com ele... esclarecer tudo de uma vez por todas... ou não? O que está acontecendo comigo? Por que ele mexe tanto comigo? Elis tentava decifrar a intensidade das sensações que Luiz despertava nela. _Ele é diferente de qualquer pessoa que já conheci. Seu sorriso, seu jeito descontraído... tudo nele me atrai de uma maneira que eu nunca senti antes. Admitia Elis para si mesma, reconhecendo a profundidade de sua conexão com Luiz abaixando o olhar, no exato momento que o portão da garagem começou a se abrir.

O porteiro acabou confundindo o carro de Elis com o de um morador que tinha o mesmo modelo que ela.

_  Isso não está acontecendo... Falou sem acreditar no que estava acontecendo. _Mas, talvez seja um sinal, uma oportunidade para consertar tudo... Sem pensar duas vezes, Elis entrou na garagem do Edifício e parando o seu carro na primeira vaga que viu. Com um friozinho na barriga ela subiu até o apartamento de Luiz a ao tocar a companhia esperava ansiosamente que ele a atendesse.

_ Meu coração está batendo tão rápido... E se ele não quiser me ver? E se isso só piorar as coisas? Não...   É agora ou nunca... Não posso continuar fugindo, é hora de encarar a verdade, seja qual for ela. Elis dessa vez não pensava em fugir..

Elis sentiu seu coração bater cada vez mais rápido enquanto esperava na porta do apartamento de Luiz. Seu impulso de procurá-lo foi mais forte do que qualquer lógica ou razão que ela pudesse reunir naquele momento.

Luiz, que havia chegado em casa de mau humor, algo incomum para ele, tentava em vão dormir e esquecer Elis.

Droga! O que está acontecendo comigo hoje? Essa falta se sono, esse mau humor ...  Por que não consigo tirar Elis da minha cabeça? Há algo em seu jeito tímido, a forma como ela me olha me cativa de uma maneira única, Eu mal a conheço, mas sinto como se houvesse uma conexão entre nós, algo que vai além das palavras e do tempo que passamos juntos... o seu cheiro, o calor da sua pele, mas será que vale apenas insistir, ela não quer se aproximar de mim... Luiz puxou e soltou o ar com força um tanto desanimado. Eu preciso esquecê-la..., as vezes parece que ela está interessada, outras que o que aconteceu foi apenas algo casual e sem importância... preciso seguir em frente... Mas por que é tão difícil?

Luiz fechou os olhos em uma nova tentativa de dormir quando escutou a campainha tocar várias vezes, interrompendo sua tentativa de descanso.

_Quem está tocando a campainha a essa hora da madrugada?

A irritação de Luiz aumentou enquanto ele se levantava da cama e caminhava até a porta. Cada toque insistente da campainha parecia uma agulha perfurando sua paciência já frágil naquela madrugada. Ele mal conseguia imaginar quem poderia ser, e estava disposto a dar uma boa bronca na pessoa que estava perturbando sua paz em plena madrugada.

Com passos firmes, Luiz, se aproximou da porta abrindo sem olhar primeiro quem estava ali.

Ao abrir a porta, sua expressão de irritação desapareceu imediatamente ao se deparar com Elis, Seus olhares se encontraram trazendo a tona vários sentimentos.

A surpresa tomou conta de seu rosto de Luiz por um instante, antes que a preocupação tomasse o seu lugar. Ele podia ver uma mistura de emoções refletidas nos olhos de Elis, e instantaneamente soube que algo estava errado com ela.

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