Cap. 2

Elis lembrava que Felipe era visto como um bom homem, um verdadeiro príncipe encantado, pois na frente de todos ele agiam completamente diferente. Sua postura e comportamento exemplares enganavam a todos ao seu redor, criando uma imagem de perfeição e bondade. Ele era habilidoso em esconder seus verdadeiros sentimentos e intenções, agindo com cortesia e gentileza em todas as situações.

No entanto, por trás dessa fachada encantadora, havia um lado sombrio e abusivo que só Elis conhecia. Nos momentos em que estavam a sós, Felipe revelava sua verdadeira natureza, tratando Elis com crueldade e desrespeito. Suas palavras e ações eram frequentemente carregadas de manipulação e controle, deixando Elis emocionalmente devastada e confusa.

Apesar do tormento interno que enfrentava no namoro com Felipe, Elis não conseguiu encontrar coragem para revelar a verdade sobre o relacionamento abusivo que vivia, e durante muito tempo ela se sentiu aprisionada pelo medo e pela vergonha, incapaz de compartilhar suas experiências com os outros. Foi somente no dia em que teve forças para terminar o namoro que ela começou a vislumbrar uma saída desse ciclo de abuso e sofrimento.

_ Isso acabou! Esqueça esse homem Elis, e vá viver! Disse Elis se desequilibrado e quase caiu com a bicicleta.

Após uma pausa, Elis se lembrou que Felipe fora seu primeiro amor, seu primeiro em quase tudo. Ele foi o primeiro em quem confiou seus segredos mais íntimos e, infelizmente, também foi o primeiro a machucá-la. Foi com ele que ela experimentou a paixão, mas também conheceu a dor e o sofrimento.

Felipe foi seu primeiro namorado, aquele que a fez sentir borboletas no estômago Foi com ele que Elis  perdeu a virgindade, uma experiência que deveria ser especial e cheia de amor, mas que acabou sendo manchada por sua manipulação e abuso.

Após tudo que passou com Felipe, Elis sentiu um profundo receio de se envolver novamente com outra pessoa. O medo de ser ferida mais uma vez a assombrava, como uma sombra que a seguia por onde quer que fosse. A ideia de confiar em outra pessoa, de abrir seu coração novamente, parecia assustadora e muitas vezes, impossível.

No entanto, mesmo com todo o medo e dor, Elis sabia que precisava se curar. E se um dia voltasse a se envolver com alguém, desejava encontrar uma pessoa que a amasse de verdade, alguém que a respeitasse e a fizesse sentir segura. Mas o caminho para a cura seria longo e difícil, e ela estava apenas começando a trilhá-lo.

Elis, tentava esquecer o passado, mas ele sempre voltava para assombrá-la.

_ Bom dia filha. Saiu cedo para pedalar. Cumprimentou Helena ao ver a filha chegar.

_ Bom dia mamãe. Sim eu gosto de pedalar nesse horário, posso pegar os primeiros raios do sol.

_ Eu sei… Elis, você percebeu algo diferente na Gabi ultimamente? Perguntou a mãe que naquela manhã notou que a outra filha parecia triste.

_ Não, não notei nada de diferente, mas posso tentar  descobrir se aconteceu alguma coisa com ela. Elis imaginou que a irmã poderia estar triste por causa de Enrico e do relacionamento escondido que viviam..

_Acho uma ótima ideia, querida. Talvez ela esteja precisando de alguém com quem conversar, e sei que são confidentes.

_ Conversar faz bem. Depois vou enviar uma mensagem para ela.

_ Está bem, agora sente-se, e tome café, está muito magra. Falou dando um beijo na filha.

Após o café, Elis foi para o quarto, tomou banho e  se arrumou para sair. Aproveitaria o tempo livre para ir a uma loja que ficava perto do trabalho de Gabi.

Ao chegar loja, Elis enviou uma mensagem para a irmã, queria saber como ela estava e convidá-la para almoçar.

✉️Oi Gabi, você está bem? A mamãe disse que você estava estranho hoje. O que aconteceu?

✉️Oi Elis, aconteceu sim, depois nós falamos.

Respondeu Gabi deixando Elis preocupada.

✉️Gabi eu estou aqui para o que você precisar.

Elis estava entrando na loja quando recebeu uma ligação de Gabi para  finalizarem a conversa que haviam começado por mensagem.

_ Oi Gabi, que bom que você ligou. Você realmente está bem?

_ Oi Elis, eu estou bem, não se preocupe.

_ Tem certeza?  Não quero te ver triste. Enquanto Elis conversava ao telefone com Gabi, ela estava focada em levantar o ânimo de sua irmã. _ Podemos almoçar juntas se quiser. Estou perto do seu trabalho. Propôs Elis.

_ Eu não vou recusar o seu convite, não quero almoçar sozinha.  Gabi agradeceu o gesto caloroso de Elis, sentindo-se grata pela preocupação de sua irmã. _Tem um restaurante na rua do escritório que é muito bom, você vai gostar. Sugeriu.

_ Perfeito, me envie o nome do restaurante que eu te encontro lá em alguns minutos.

_ Está bem, vou pegar a minha bolsa e nos encontramos lá.

Gabi chegou ao restaurante primeiro e aguardava a chegada de Elis, observando as pessoas que entravam e saíam do restaurante. Ela queria dividir com sua irmã o que estava acontecendo em sua vida, e ao mesmo tempo, aproveitar a companhia dela para espairecer um pouco, precisava ao menos tentar pensar em outro assunto que não envolvesse o termino recente do relacionamento com  Enrico, e o fato de trabalharem juntos deixava a situação pior.

Enquanto esperava, Gabi viu Enrico chegar ao restaurante acompanhado pelo amigo, Luiz, que também trabalhava no mesmo escritório arquitetura que eles. Os dois se sentarem em uma mesa próxima a de Gabi que se perguntava que eles estavam fazendo ali, mas ela decidiu não dar muita importância, afinal, as vezes costumavam almoçar naquele restaurante.

No entanto, Gabi sentiu um pouco de incômodo  ao ver Enrico. A lembrança do término ainda estava fresca em sua mente, e vê-lo ali trouxe à tona sentimentos que ela estava tentando evitar.

Enquanto isso, Enrico olhava disfarçadamente para Gabi sentada em outra mesa esperando para ver com quem ela almoçaria.

_ Para de olhar para ela assim, ela vai ver. Alertou Luiz rindo, estava engraçado ver o amigo com ciúmes.

_Não estou olhando para ela…

_ Sei… Luiz olhou para a entrada do restaurante no exato momento em que Elis adentrava, e ele ficou instantaneamente cativado por sua presença. Seus olhos seguiram-na enquanto ela se aproximava da mesa onde estsvam, e um sorriso involuntário se formou em seus lábios. A beleza natural de Elis e a energia que emanava dela deixaram Luiz encantado.

_ Boa tarde, Enrico. Cumprimentou Elis ao passar pela mesa que eles estavam sentados.

_ Boa tarde. Elis cumprimentou rapidamente Enrico indo em direção a mesa da irmã, fazendo Enrico relaxar ao saber que Gabi almoçaria com a irmã, e não com algum pretendente como ele pensou.

_ Você conhece ela? Perguntou Luiz surpreso.

_ Sim, é a Elis...

_ De onde você a conhece? Não me diga que vocês…

_ Não, a Elis é irmã da Gabriele. Com um gesto discreto, ele indicou para Luiz que Elis era irmã de Gabi. Essa revelação deixou Luiz ainda mais surpreso.

_ Nossa, beleza é algo de família, no caso delas. Falou olhando novamente para Elis.

_ Não me diga que se apaixonou a primeira vista?

_ Não, só achei ela bonita. Falou Luiz observando Elis discretamente, ela havia chamado sua atenção. _ Elis... Luiz repetiu o nome de Elis sem parar de olhar para ela.

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