Cap. 4

Elis caminhava em direção ao estacionamento onde havia deixado o seu carro com a impressão que o dia havia sido longo, apesar do relógio ainda não ter passado das duas da tarde. Enquanto dirigia, ela encontrou um momento de pausa para refletir sobre tudo o que estava acontecendo em sua vida. Entre os muitos pensamentos que rodopiavam em sua mente, havia um que se destacava mais do que os outros: Luiz, alguém que ela sequer conhecia.

Elis não conseguia tirar da cabeça a forma como se sentiu ao olhar para ele, como seu coração parecia bater mais forte toda vez que seus olhares se encontravam. Havia algo na maneira como Luiz a olhava, algo sincero e até mesmo reconfortante que fazia com que ela se sentisse especial.

_ Deixa de ser boba Elis… Você não era especial para o seu namorado, quem dirá para alguém não te conhece. Disse balançando a cabeça negativamente.

Ela se via repetindo mentalmente, como um mantra, que deveria esquecer Luiz. Tentava convencer a si mesma de que era melhor apagar aquele encontro da memória, que não havia espaço em sua vida para sentimentos tão complexos e desconhecidos. Era mais fácil simplesmente ignorar qualquer sentimento do que deixar que ele começassem a crescer e se fortalecer.

Elis se pegava racionalizando suas emoções, tentando encontrar justificativas lógicas para afastar Luiz de seus pensamentos. No entanto, por mais que ela tentasse suprimir o impacto que o olhar e o sorriso dele causaram nela, Elis não conseguia. Por mais que ela quisesse esquecer Luiz, havia algo nele que atraía sua alma de uma maneira que ela não conseguia explicar.

Nos dias seguintes, Elis mergulhou de cabeça em suas responsabilidades acadêmicas, buscando concentrar sua energia e foco no trabalho final da pós-graduação. Cada página escrita, cada pesquisa realizada, cada fotografia tirada, era uma forma de se distanciar temporariamente dos tumultuados pensamentos sobre Luiz e dos sentimentos confusos que ele despertava.

Ao mesmo tempo, ela também se dedicava a apoiar Gabi, que passava por um momento difícil após o término com Enrico. Gabi sempre esteve ao esteve ao seu lado nos momentos bons e ruins. Agora, era sua vez de retribuir o apoio e a compreensão.

Entre os afazeres da pós-graduação e as conversas reconfortantes com a irmã, Elis mal encontrava tempo para pensar em Luiz. No entanto, mesmo enquanto ela se esforçava para manter a mente ocupada, havia momentos em que a sua imagem surgia em sua mente de forma nítida.

_ Até parece que tenho uma fotografia dele gravada na minha memória... Concluía todas as vezes que se lembrava de Luiz.

Na sexta, Elis aceitou o convite das amigas para sair, sabendo que seria bom passar um tempo com elas. Ela estava pronta para sair quando passou no quarto de Gabi.

_ Tem certeza que não quer sair comigo? Perguntou ao entrar no quarto e ver a irmã deitada. _ Vamos, ainda tem uma vaga no carro da Fernanda.

_ Obrigada Elis, mas hoje eu não sou uma boa companhia.

_ Se quiser, eu fico com você. Sugeriu sentando-se ao lado da irmã e segurando sua mão.

_ Não…  vá com as suas amigas, você precisa se divertir, quase nao sai de casa. Aproveite e se divirta por nós duas. Disse Gabi chamando a irmã para um abraço, escutando a buzina de um carro soar em frente a casa . _ Oh, sua carona chegou.

_ Sim, devem ser as meninas. Elis deu um beijo na irmã antes de sair.

Elis e as amigas foram para uma boate. A música pulsante logo as contagiou e elas foram para a pista.

_ Era disso que eu precisava. A música alta animou Elis fazendo ela relaxar e não pensar em nada.

Já tinha algum tempo que Elis  dançava com as amigas quando avistou alguém que logo reconheceu.

_ Não aceedito... Era Luiz que estava no bar da boate, e para Elis revê-lo, era uma surpresa agradável . Ela parou de dançar fixando seu olhar na direção dele admirando o quanto ele era bonito e charmoso. De repente ela sentiu vontade de se aproximar dele. Curiosa e animada com o encontro inesperado, Elis reuniu coragem para se aproximar como quem não quer nada, como se não tivesse visto ele..

_ Boa noite. Quando deu por si, Elis estava cumprimentando Luiz que a olhou, e não tinha como voltar atrás. _ Luiz, não é? Perguntou e seus olhares se encontraram. Um sorriso espontâneo surgiu nos lábios de ambos, e ele também estava  feliz por voltar a vê-la.

_ Sim, Luiz... e você e a Elis, irmã da Gabriele, estou certo?

_Sim, você está. Elis ficou surpresa e ao mesmo tempo contente ao descobrir que Luiz sabia o seu nome. _Luiz, o que você está fazendo aqui? Perguntou se aproximando com um sorriso. Algo fez Elis se aproximar dele, e ela estava interessada em continuar a conversa perdendo toda a timidez que sentiu ao vê-lo pela primeira vez.

_Bem, eu moro a dois quarteirões daqui, resolvi curtir a noite, assim como você. Luiz olhava diretamente para Elis, sentindo que presença dela era agradável.

_ Sexta feira é um bom dia para sair, não é?

_ Com certeza é, principalmente para quem não trabalha no final de semana. E a senhorita não acha que é um pouco nova demais para esse lugar? Perguntou Luiz, provocando-a de maneira divertida querendo descobrir a idade de Elis.

_Não se preocupe, eu já tenho vinte e três anos, idade suficiente para frequentar qualquer lugar. Agora você, não acha que está um pouco velho para estar aqui? Rebateu Elis, lançando sua própria provocação com um sorriso nos lábios sentindo o cheiro do perfume de Luiz chegar até ela. Mesmo estando no meio a outras pessoas, Elis tinha certeza que aquele aroma gostoso que sentia vinha dele. Luiz começou a sorrir, e gostando da forma com ela o provocou, mas o seu sorriso deixou Elis novamente tímida.

_ Eh... Vou dançar mais um pouco. Disse Elis se afastando sem esperar a resposta de Luiz.

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