Despertei às 7:00am, tomei uma ducha e desci para fazer o café. James não estava. Olhei pela janela da cozinha e o vi saindo do celeiro. Estava vindo .
—Bom dia James, acordou cedo?
—Bom dia mariposa, eu sempre acordo cedo.
—Mariposa é bem melhor que potranca, não acha?
—A diferença é grande Lya. As potrancas aguentam o tranco e as mariposas podem ser esmagadas facilmente.
—Ainda assim, prefiro ter asas.
—Hehehe, é bom levantar de bom humor Lya. A propósito, ontem a noite escutou algum barulho vindo de fora?
—Por que James, sumiu algo?
—Não. É que eu jurava ter deixado a luz do celeiro acesa para despistar algum entrudo.
—Assim você me assusta! Quem poderia vir aqui num frio desses mexer no celeiro? Você pode ter se equivocado.
—Raramente me equivoco. Mas deixa pra lá. Não levaram nada mesmo.
Eu fiquei um tanto sem graça mas não perdi a classe. Nem por um decreto diria que fui eu. Tomamos café enquanto lia o e-mail que a mamãe mandou. Estava tudo bem com eles.
Tive a impressão que James estava desconfiado. Ousei a perguntar:
—Quero que me responda sem rodeios James: Você mistura álcool com alguma substância?
—Quê? Está insinuando que estou usando drogas. Era só o que faltava! Você não consegue ficar de boa comigo sem aprontar alguma.
—Calma! Só fiz uma pergunta baseada nas suas atitudes ontem comigo na sala. Não estava em seu estado normal.
—Mas olha só quem está dando lição. Você por acaso estava em seu estado normal após beber quase duas garrafas de vinho?
—James, você estava estranho. Agressivo, me insultando como se eu fosse outra mulher.
—Mas que outra mulher seria, por acaso a Victória? Só rindo!
—Não falo da Vic. Pergunto se não houve alguém que deixou para trás e ainda sente falta dela?!
—Sim, a minha mãe.
—Você está se esquivando da conversa James. Tudo bem. Mas saiba que ontem você transou com qualquer uma, menos comigo.
Senti que ele não sabia até que ponto havia chegado. Se falará algum nome... Realmente eu mexi na cicatriz!
—Lya,vem aqui mais perto. Olha bem dentro desses olhos azuis que você diz amar tanto. Eu não minto pra você! Acredite. —Se não falo do passado é porque tão pouco quero saber do seu. —Se falei ou fiz algo que te desagradasse me desculpe. Eu tomei dois energéticos antes de você chegar e um comprimido para dor de cabeça. Queria está bom para você. Acho que não deu muito certo a mistura com o vinho.
***
Eu não podia dizer a verdade. Ele mentia. E se chegou a esse nível com certeza mentiria mais. O abracei sem dizer uma palavra. Nos beijamos.
—Sabe Lya, por instantes pensei ser o dono da casa e você a minha esposa, risos
—Vai sonhando...
—Mas por que Lya, não seria capaz de entrar para a família?! Por acaso tem sondado coisa melhor?
—Ah James, por favor! Discuti relação logo bem cedinho nem pensar! Vou me adiantar para loja.
—Você ao invés de está falando bobagens, deveria ter lembrado que não usou camisinha de novo! Se continuar assim nessa roleta russa poderá se queimar e a mim também.
—Desculpa Lya, mas você também precisa fazer sua parte. Eu esqueci, ok e você? Passe na farmácia e compre a tal pílula do dia seguinte.
—Interessante! Como é hábil em resolver problemas com problemas. Não vou tomar essa porcaria.
—Então, passe o resto do mês rezando! Não quero ser papai agora mocinha.
Ele sabia ser canalha quando precisava. Eu havia errado também. Não me lembrei de pedir a ele pra comprar camisinha. Mas não podia sair tomando tudo o que ele determinasse.
Fui para a loja. Me despedi meio fria. Avisei que havia comida congelada era só retirar algumas horas antes. A noite pediria pizza ou sairíamos. Por outro lado, ele também era duro na queda. Foi para o campo sem me dar um beijo, apenas Tchau!
No caminho, enquanto dirigia. Fiquei pensando... E, se ele tivesse desconfiado que fui eu que esqueci a luz acesa no celeiro. Mas eu jurava que havia encontrado apagada. Quem estava doido alí?
Cheguei na loja, A Viviam estava segurando seu café na porta. Ela era pontual.
—Bom dia Viviam! Chegou cedo demais?
—Bom dia, não. Eu acabei de chegar! Quer que eu vá buscar um café pra você?
— Eu mesma pego. Abre a loja pra mim. Eu agradeço.
Passei em frente a farmácia e me deu uma idéia. Mostraria a farmacêutica aquelas duas caixas e poderia me dizer:
—Ela era não era conhecida nossa, não estaria correndo risco. Acabara de ser admitida.
Entrei na farmácia e pedi camisinhas. Não sabia ao certo se havia tamanho ideal ou coisa do tipo. Peguei algumas diferentes. Aproveitando a oportunidade da conversa está divertida pela minha ingenuidade... mostrei as caixas.
Para minha surpresa ela perguntou como eu havia comprado uma caixa inteira do comprimido branco. Eu falei que não havia sido eu, por essa razão perguntava para que serviria?! Ela me disse que era medicação para tratamento de dor de estômago mas também índia ao parto, provocava hemorragia. Mulheres até 4 meses de gestação não poderia usar. Ou seja, melhor que não usasse ou teria parto prematuro.
Eu fiquei azul de medo. Tentei disfarçar minha decepção. Falei para ela que meu noivo estava escondendo alguma doença, por isso levei lá para saber do que se tratava. Não sei se convenci. Mas de uma coisa eu sei... ela viu que eu estava inocente nessa história. O outro comprimido tarja preta era um antidepressivo muito potente. Causava letargia se ingerir com álcool ou de maneira indevida. Ela nada mais perguntou. Só falou: Cuide bem desse seu namorado. Cuide-se também. Se precisar de algo mais, não exite. Tenho uma filha adolescente e não deixaria você sair daqui no escuro. Esse remédio é abortivo. Se tomar mesmo sem está grávida diariamente, vai ter complicações futuras no útero além de outros problemas. Eu agradeci e saí.
O James era mais sórdido que pensava. Havia me dopado no apt dele para fazer o que bem entendesse enquanto eu dormia. Ontem pode ter posto isso no meu vinho depois que eu já estava alta. Estava começando a pensar se a falecida havia tomado essa atitude em sã consciência!
Peguei meu café e umas rosquinhas, voltei para a loja. Chegou um SMS dele. “Te amo, pare de implicar comigo, trás camisinha se puder’.
O infeliz parecia um vidente. Eu respondi que levaria quando saísse daqui.
Eu estava com a mente cheia! Que faria agora diante dessas revelações?! James estaria me prejudicando para se livrar de uma possível gravidez. Sem contar o outro medicamento antidepressivo. Seria dele ou usou apenas para se aproveitar de mim ?
Queria sumir! Mas não seria a solução. Alguém já havia sido prejudicada no passado. Eu não seria a próxima!
Me concentrei no trabalho. Mamãe contava comigo. Dei as coordenadas para a Viviam, ela era organizada e interessada.
Na hora do almoço saí com a Viviam . Tentei me distrair com a conversa agradável que ela tentava me fazer concentrar. Parecia ... que ela percebia minha inquietação... Então falou do seu noivado que aconteceria em dois meses. Isso me fez voltar para a terra.
—Você vai noivar? Meus parabéns Viviam! Há quanto tempo estão juntos?
— Obrigada Lya, eu e Andersen nos conhecemos ainda na escola, tínhamos a mesma idade 14 anos. Foi amor a primeira vista — você acredita nisso?
—Nisso o quê? De terem se conhecido na infância ou se foi amor imediato?
—Amor a primeira vista Lya. Eu sei que não é comum. Mas estamos juntos há oito anos sem nenhum pr responsável, principalmente porque começamos nossa vida sexual aos 15 anos. Não adiantava lutar contra os hormônios em ebulição. Fui a minha médica e falei da intenção de começar a transar. Minha mãe sabia. Nunca escondi nada dela. Aliás, sem esse apoio eu estaria sem noção de responsabilidade e cuidado.
—Legal sua mãe ser tão aberta assim com você. —Não que a minha não seja, mas é que eu não tive namorados na adolescência que valessem a pena apresentar. Não me apaixonei nessa época. Precisaria ser alguém que me tirasse o fôlego!
—Mas, e agora. Já encontrou alguém que tirasse seu ar; alguém que tirasse seu sono, apetite... Você pode imaginar!
—Infelizmente, não posso imaginar Vivian. Esse cara tá difícil de cruzar na minha rota.
—Eu fiquei arrasada com aquela conversa. Eu seria a única a ter o dedo podre pra namorado? Quer dizer, amante oculto. Voltamos para a loja, o movimento foi intenso durante a tarde. Vendemos muitas compotas e chegavam pedidos de caixas fechadas para festas de empresas das regiões vizinhas. Até o Dep. Polícia encomendou para dar aos seus funcionários. Será que o papai estaria incluído? Hahaha..!
Já era hora de fechar a loja. Viviam saiu e eu mesma fecharia. Queria dar mais uma pesquisada na internet.
Pensei comigo...e se eu perguntasse ao amigo do papai sobre esse caso da garota do James, será que ele poderia abrir algum arquivo? Sabia que era a fim de mim. Só era mais velho que o James uns três anos. Mas era bonitão. Pena que eu não me interessei por ele antes.
Melhor eu não arriscar! Papai certamente ficaria sabendo. Ainda mais que eu não teria o que justificar. Fui para casa.
***
Cheguei ao Sítio. Minha vontade era voar no pescoço dele e chamar de ordinário maldito.
Fui recebida logo na entrada por um forte abraço e um longo beijo. Eu sabia disfarsar bem. Mesmo o amando, estava com raiva, medo e insegurança de ficar sozinha daquele dia em diante. Não poderia beber nada que viesse das mãos dele fora da minha presença. Melhor, evitaria as bebidas.
—Como foi o seu dia? Pensei que teria um tempinho para me ligar ou enviar SMS. Esteve muito ocupada?
—Você se tornou investigador quando? Tantas perguntas em segundos.
—Só queria saber passou o dia Lya, sem maiores intenções.
—Intenção de quê James?! Eu realmente tive um dia agradável na loja. Muito lucro se Deus queira. Não deu mesmo pra parar. Mesmo porque estaríamos juntos, como agora.
—Ok Lya, vamos mudar o rumo dessa conversa. — beber vinho ou cerveja?
— Nem um nem outro. Hoje só quero chocolate quente. Pode beber se quiser.
—Não vou beber também. Farei companhia no chocolate.
Aquilo estava ficando suspeito ou eu era paranóica. Ele mudava como se nada houvesse feito. Sua frieza era visível. Se ele tomasse algo, eu perceberia. Bebendo juntos não notaria. Tudo seria efeito do álcool.
Ficamos um pouco na sala conversando sobre a viagem dos meus pais. Eles haviam ligado. Depois subi para tomar meu banho. Mas ele se ofereceu logo pra entrar comigo.
—James, você já tomou banho não é mesmo? Quero relaxar um pouco sozinha na banheira, se não se importar.
Por mais que tentasse não era tão boa assim em esconder minha tristeza e insatisfação.
— O que houve Lya, era para ficarmos bem. Fiz algo de errado dessa vez? Me fala, por favor!
—Não é nada com você. É que tenho esse lance de ficar um pouco só. Sempre gosto de ter meu momento relaxante mesmo quando não te conhecia. Vai se acostumando...nem tudo sabe sobre mim rsrs.
—Ah, ok! Vou então preparar o fondee que você pediu. Seria bom com vinho. Mas vamos mesmo de chocolate hahaha.
—Me dá um beijo?
—James, e precisa pedir? Vem aqui. Vem!
Fiquei na banheira meditando. Mas confesso que uma onde de pavor me tomou. Não relaxava. Cheguei a visualizar coisas desconexas. Como seria daí em diante? Perder a confiança é algo sério demais para que uma relação suporte.
Levantei da banheira. Vesti algo confortável. Estava bonita por fora e nublada por dentro. Coloquei um falso sorriso na cara e desci para a sala de estar.
Ele havia preparado tudo com tanto carinho que cheguei a lacrimejar. Enquanto ele se movimentava arrumando a mesinha de centro com as coisas do fondee, eu o acompanhava com os olhos e o coração dilacerado. Seria mesmo esse homem, capaz de coisas absurdas?
Ele me olhou de maneira tão terna...me abraçou e ficamos assim por alguns minutos. O silêncio foi quebrado por uma frase: NÃO POSSO TE PERDER LYA! NEM PENSE NISSO.
Eu respondi com um beijo. Não sabia explicar o sentimento que me invadiu . Era um pedido de socorro?
Sentamos sem falar mais nada. Nos olhamos sorrindo e aproveitamos o fondee.
Assistimos a um filme e adormecemos alí mesmo abraçados próximo a lareira.
“ O que estaria reservardo para um casal tão improvável, isso eu não sei. Só queria aproveitar os poucos capítulos da nossa história sem pensar no epílogo”.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Fatima Vieira
muito mistérios
2024-04-24
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