Os dias seguintes foram de trabalho, ansiedade e inquietação por não encontrar um meio de voltar a dormir na kitnet do James, e abrir a bendita caixa.
Tive ideias mirabolantes, mas não conseguia pôr em prática. Me dava medo de falhar. E se eu estivesse errada, se nada daquilo fosse relevante? Eu estava ficando paranóica! Procurei não pensar mais nisso, ponto final.
Meu pai entraria de férias. As coisas para mim ficariam mais restritas no quesito vigilância. Agora não poderia dar escapadinhas sequer ao celeiro. A única saída seria uma viagem para os meus pais, ao menos de uma semana.
Sem a Ruth em casa e meus pais viajando eu teria liberdade para ficar uma noite na cidade.
Essas férias vieram para me ajudar.
Durante o jantar, perguntei a mamãe o que ela achava de uma semana de descanso.
—mamãe, a senhora não tem eventos marcados até início do mês. Sua agenda de mesas temáticas estão finalizadas.
—Sim, minha filha...eu vou poder dar uma respirada —mas por que?
—É que andei vendo uma rota de viagem de uma semana, para que vocês pudessem explorar o lado cultural e ao menos tempo pitoresco da Pensilvania. O preço está imperdível —vocês poderiam comemorar uma segunda lua de mel.
—Mas filha, e você? Ficaria sozinha, aqui não é prudente.
—Não ficaria sozinha. Estaria o dia inteiro na loja, final da tarde voltaria para casa. Convidaria a Vic para passar a semana aqui.
—Ela está me devendo essa visita, lembra?
—Se seu pai concordar filha, eu aceito! Preciso mesmo descansar até voltar para os eventos em Dezembro.
—Lya, me sentiria mais tranquilo se o James pudesse ficar no sítio à noite durante a semana em que estejamos viajando. Por outro lado...ele é um desconhecido. Uma semana sozinhos...!
— Creio que ele não vai se opor Papai. E não estarei sozinha à noite.
—Deixa filha, eu mesmo falo com ele.
***
Não poderia ter sido mais fácil! Ficaria com James na kitnet à noite. Meus pais não desconfiariam nunca! Por outro lado, daria início ao plano de ver o conteúdo da caixa.
Enquanto a Victória, não poderia aparecer aqui depois que eles voltassem. Na verdade, não era minha intenção continuar fingindo para ela que não sabia da sua traição.
***
Fui correndo para o MSN conversar com o James, avisaria que o papai faria a proposta dele não voltar para a cidade à noite enquanto eles viajavam.
—Mas isso é ótimo! Vamos poder disfrutar da liberdade hehehe.
— Vamos poder ficar mais tempo na kitnet juntinhos...aproveitar mais!
—Mas eu pensei que você preferiria o sítio, além do mais, temos que ficar de olho, se acontece algo lá, como vou justificar a minha ausência?
—James, não seja tão dramático! Ninguém nunca mexeu eu nada aqui. —Além do mais, vamos poder ir ao cinema, ao bar como duas pessoas livres!
— E se nos vermos? Seu pai é conhecido pela cidade!
—Mas ninguém te conhece, poderia se qualquer amigo. Estou falando caso queira passear. Não vamos precipitar nada.
—amanha conversamos melhor. Durma bem! Beijo,
—Beijo Lya, pense em mim.
***
Fiquei pensando...pensando, e se o James realmente não quisesse dormir na kitnet?! Estaria todo o meu trabalho...perdido! Teria que pensar numa forma de entrar lá e despitá-lo—Deixaria para pensar nisso depois.
***
Mais uma semana se passou sem grandes novidades. A viagem seria no dia seguinte. Eu estava ansiosa. finalmente saberia se o James não era nada daquilo que parecia.
Ajudei mamãe arrumar as malas. Ela estava suspirando feito uma adolescente. Dizia que foi a melhor ideia que tive rsrs. Eles já haviam viajando muitas vezes, mas eu estava sempre presente. Agora, aos 18 anos não seria necessário tanta preocupação. Eu já podia cuidar de mim.
Papai estava dando ao James as orientações necessárias caso houvesse imprevistos. Ele sabia que deixava seu sítio e seus animais em boas mãos.
O James dormiria lá para levá-los ao aeroporto. Eu seguiria com meu carro e de lá abriria a loja.
***
Acordei às 5am, estava muito frio. Tomei uma ducha bem quente e fui para cozinha fazer o café. Para minha surpresa mamãe já estava com a mesa posta.
—Dormiu com as galinhas mamãe rsrs
— Minha filha, dormi com o galo mesmo rsrs, seu pai acordou às quatro e meia mexendo nas gavetas.
—Normal. Faz dois anos que não saem para umas férias merecidas —Mas vamos deixar de conversa e comer logo para que possamos sair sem pressa. A estrada está escorregadia.
— Filha, veja se o James vem comer algo. Não é bom dirigir sem se alimentar.
— Ok papai, vou chamá-lo.
James estava fechando o celeiro. E já vinha ao nosso encontro. Nos olhamos com um sorriso de canto da boca. Não Precisavámos usar palavras.
—Bom dia a todos!
—Bom dia meu rapaz, sente-se conosco para tomar seu café. O dia está frio, porém sem chuvas. Vamos chegar a tempo ao aeroporto..
— Sim, não fica tão longe daqui Sr. Jordan
— James, tem certeza que não ficará ruim ter que dormir aqui uma semana?
— De modo algum. Para mim será um prazer poder tomar conta de tudo. Sem problemas!
— Você não precisa ficar o dia inteiro nas tarefas. Se a Lya necessitar de você na loja pode ir. Aqui os serviços prioritários já estão finalizados. O dia a dia você saberá organizar do seu jeito.
—Sim senhor!
Terminamos o desjejum apanhamos as malas e saímos.
Levei minha bolsa maior, caso houvesse chance de entrar naquele depósito, pegaria o que pudesse da caixa e traria para a loja. Seria um risco necessário.
Chegamos ao aeroporto. Nos despedimos. Meus pais entraram e nós saímos do aeroporto.
Entrei na camionete e nos beijamos ardentemente. Senti faltar o ar. Queria ficar ali no friozinho do estacionamento. Mas havia coisas para resolvermos.
Fui para meu carro. Era cedo para abrir a loja. Me veio a idéia que tanto precisava, falei com ele:
— James, vamos ao kitnet. É muito cedo. A loja será aberta às 9am
—Lya, prefiro seguir de volta ao sítio. Vou te dar minha chave e você fica lá até dar seu horário. Aproveita pega algumas peças de roupas que deixei encima da cama e a noite você traz.
Foi providencial! Parecia que o céu estava ao meu favor. Melhor impossível!
Nem precisaria pegar nada, somente olhar a caixa.
— Ok James. Eu levo. Beijo, até mais tarde. Me liga!
Seguimos cada um para o seu destino.
Eu entrei no estacionamento. Não perdi tempo. Essa hora ainda não havia movimento de pessoas circulando. Abri o depósito, peguei a caixa e subi .
Minhas mãos estavam trêmulas. Me contive um pouco e apanhei logo as roupas do James e guardei numa pequena maleta.
Bebi água e sentei-me na sala. A pequena chave entrou sem dificuldade. A caixa abriu. Fiquei parada sem querer abrir o primeiro envelope que encontrei. Mas não era hora para perder tempo. Haviam fotos íntimas do James com uma garota que se parecia comigo. Ela não era ruiva, era loura mas a semelhança era impressionante.
Estavam olhando para a lente da câmera abraçados e nus. Havia outras fotos dela se exibindo de maneira natural. Não tinha pudor. Todas sem roupa. Outras fotos em que estavam em parques, cinema, shopping. Pareciam namorados. Atrás de uma foto estava escrito:
“Com amor para o James, sua potranquinha”
Aquilo foi um choque para mim. Era o apelido que ele me chamava, sempre!
Abri outro envelope de cor vermelha, havia um par de alianças. Fotos da mesma moça nua, sozinha . Ensaios Eróticos feitos com consentimento porque ela olhava direto para a lente. Outras fotos dela tiradas dentro de um carro beijando alguém. Mais fotos dela saindo de um motel no carro e dava para ver que não era o James. Havia um relatório de detetive especificando dia e horário das fotos. Ela o traiu.
Nossa! Que barra pesada. Mas, porque ele guardaria aquilo com tanta reserva?! Seria melhor ter destruído. Olhei as datas e eram de 6 anos atrás.
Encontrei uma pulseirinha de ouro muito delicada. Uma correntinha com um camafeu, dentro havia a foto deles. Essa moça devia ter sido o amor de sua vida.
Encontrei um envelope de cor preta. Quando abri levei um susto! Era um atestado de óbito de Ariana Vilenev Henfil. Tinha 19 anos na época em que faleceu vítima de ingestão voluntária de medicação de uso controlado. Ela havia se suicidado. Mas por quê uma garota jovem e linda tiraria a própria vida? James teria algo a ver com aquilo? Talvez as fotos seriam a resposta. Anotei o nome e data para pesquisar no Google se haveria algo mais. Fiquei por um tempo tentando intender porque ele me chamava de potranquinha, seria um hábito ou uma forma de tê-la ao seu lado de maneira fantasiosa?!
Observei se havia algo mais; fotos soltas dos dois em algum haras ou fazenda, não dava para saber. Mas tinham pessoas rindo em uma grande mesa brindando . Eles estavam na foto também.
Mas havia outro pequeno envelope mais novo. Abri e mais uma vez o susto foi pior! Haviam fotos minhas nuas . Todas as que enviei pelo e-mail . Ele havia jurado na última briga que teria deletado e não havia revelado . Eu não estava segura. Aquelas fotos poderiam ser meu fim. Mas como eu poderia tirá-las dalí? Se fizesse isso não seria garantia que ele tivesse os negativos e fizesse cópias. Sem contar que devia ter arquivadas no e-mail. Se eu pudesse deletar no computador. Era isso que eu faria. Mas se tivesse senha não conseguiria. Não peguei as fotos. Deixaria para outra oportunidade. Faria uma cópia das chaves, já que o porteiro nada perguntou, poderia voltar outro dia e apanhá-la. Voltei ao depósito e guardei a caixa.
“ Entre o amor e a razão, vence quem tem mais a oferecer”.
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Atualizado até capítulo 61
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Comments
Fatima Vieira
ele é muito mistério
2024-04-24
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