Matheus conduziu Isabella para a parte externa traseira e começou a se aproximar.
Isabella: Por que não tem ninguém aqui. E por que você está tão perto assim de mim, Math.
Matheus: Ei, Isa... eu estou doido para te dar um beijo. Sim?
Isabella: Não! Eu não quero. Eu quero voltar lá pra dentro, Math! - Falou tentando sair, mas não tinha forças suficientes nem equilíbrio para isso.
Matheus: Não, Isa. Só um beijinho, vem. Eu sei que você quer! - Disse apertando-a contra parede com seus rostos bem próximos.
Isabella: Não, Math, Matheus. Por favor. Eu estou, eu estou sufocando. - Implorou já com lágrimas nos olhos e prevendo, ainda que sob o efeito do álcool e da droga que havia na bebida, uma crise de ansiedade.
Matheus: Só fecha os olhos, Isa... Não vai nem... - Não conseguiu nem ver de onde veio o braço que o arrancou de perto de Isabella.
Lucas apareceu do nada e puxou Matheus de uma só vez desferindo-lhe um soco certeiro que o deixou caído no chão com o nariz quebrado.
Matheus: Que é isso, cara! Você quebrou meu nariz! Tá maluco?! - Disse ainda no chão com uma mão no nariz que sangrava sem parar.
Lucas: Cala tua boca senão eu meto é um chute no meio dessa fuça que é isso que você está merecendo! - Ameaçou.
Isabella a essa hora já estava no chão encolhida chorando. Lucas se desesperou ao ver o estado dela e tentou ajudar.
Lucas: Ei... moça. Isa, certo? Ei, fala comigo! Fica calma, ele não vai mais te incomodar.
Isabella: Me... me... tira... daqui... Por favor! - Pediu ofegante.
Lucas não pensou duas vezes e a pegou no colo levando em direção ao próprio carro. Colocou Isabella no banco do carona e prendeu o cinto. Ela só sabia chorar copiosamente e parecia estar com falta de ar.
Lucas: Isa, fica calma. Tenta respirar. Eu vou te levar para o hospital, você está com falta de ar e...
Isabella: NÃO! - Gritou.
Ele ficou paralisado.
Lucas: Mas você está com falta de ar...
Isabella: Isso... não... é... eu... estou... c... com... é... ansiedade! - Quase não conseguiu concluir.
Mas ao ouvir essa última palavra, Lucas entendeu. Ele teve uma amiga na escola que reagia dessa mesma forma quando estava em crise de ansiedade. Com ela, ele aprendeu a não ficar falando muito e que às vezes era melhor deixar a pessoa à vontade. Foi o que ele fez.
Lucas: Tudo bem. Eu entendi. Você pode ficar tranquila, não vou fazer nada. Vou ligar o carro e vamos andar com os vidros baixos para você pegar um vento. Ok?
Isabella: Ok. - Disse de olhos fechados, enquanto tentava fazer o exercício de respiração diafragmática que aprendeu nas sessões de terapia, mas o excesso de álcool no organismo e a droga não deixavam que se concentrasse da forma correta.
Lucas percorreu alguns quarteirões em silêncio até que percebeu que Isabella se acalmara. Ele parou o carro em uma rua e tentou conversar com ela, mas não teve resposta. Ela havia adormecido.
Lucas: Misericórdia, Isa! Você dormiu no meu carro! Eu queria passar a noite ao seu lado, mas não desse jeito! Eu nem sei se seu nome é Isa mesmo nem onde você mora! Vou voltar ao pub e procurar a sua amiga. Melhor não, ela não soube cuidar de você quando você estava consciente, imagine agora.
Ele passou a mão nos cabelos tentando encontrar uma solução e a única que veio em sua mente foi levá-la para seu apartamento e rezar para que no dia seguinte ela não quisesse processá-lo por sequestro.
Ele rumou para o edifício onde morava e subiu pelo elevador de serviço, pois a probabilidade de alguém usar o elevador de serviço de madrugada era mínima. Ele queria dar o máximo de privacidade para aquela jovem que carregava como se fosse uma pluma em seus braços. Quando estava com ela no colo, ele não pode deixar de aspirar o perfume que emanava de sua pele e cabelos. Um aroma cítrico e e levemente amadeirado, bem peculiar.
Já em seu andar, sem muita dificuldade, abriu a porta do apartamento com a digital e entrou com a moça no colo, levando-a imediatamente para o quarto de hóspedes, onde a deitou na cama com delicadeza e a ouviu proferir um murmúrio que parecia um resmungo pela movimentação.
Ele tirou delicadamente os seus sapatos e acessórios, deixando-a somente com o vestido. Os cabelos fartos e a pele negra contrastavam com o lençol branco, criando, na visão de Lucas, uma bela obra de arte. Ele ficou muito tentado a fotografá-la, mas achou imprudente fazer isso com a moça desacordada. Sem demora, ele apagou a luz do quarto e saiu fechando a porta atrás de si.
Já em seu quarto, suspirou profundamente ao se lembrar que no quarto ao lado dormia serenamente a mulher que perseguiu em pensamento por dois dias. Não sabia dizer se era sorte ou azar tê-la tão perto, mas nas circunstâncias em que se encontrava. Decidiu esperar pelo dia seguinte para ver se deveria se arrepender de tê-la colocado em seu carro.
...----------------...
No dia seguinte, Isabella acordou com uma forte dor de cabeça. Estava em um quarto estanho e uma cama desconhecida. Quando percebeu isso, levantou num sobressalto procurando logo a clutch com o celular. Mas de deparou com uma mesinha na lateral da cama, em cima dela uma linda bandeja de café da manhã, um comprimido e um bilhete.
Bom dia, Isa. Eu acho que esse é seu nome. Preparei esse café da manhã para você, como não sei o que gosta de comer, coloquei quase tudo o que eu tinha em casa. Tem também um comprimido para dor de cabeça, pois acredito que você esteja com algum desconforto.
Eu sou o rapaz para quem você pediu ajuda essa madrugada. Como você dormiu no meu carro e eu não sabia onde você morava, eu te trouxe para o meu apartamento. Fique tranquila, eu só tirei seus sapatos e acessórios. Eles estão na primeira porta do lado esquerdo do armário. Por favor, coma alguma coisa. Se precisar de algo, estarei na sala.
Com carinho,
Lucas.
Isabella sorriu ao ver o bilhete e a bandeja tão farta. De fato estava com dor de cabeça e com fome. Então não fez cerimônias e comeu quase tudo o que tinha na bandeja. Por mais que fugisse ao seu ritual de café da manhã, estava adorando tudo o que tinha ali. Por último tomou o comprimido e foi procurar o celular. Certamente teria umas mil mensagens de Gisele procurando por ela sem saber onde estava.
- Amg, onde vc tá? A gnt já vai!
- Amg Kd vc?
- Amigaaaaa oq aconteceu? Matheus tá c nariz quebrad e vc sumiu!
- Amiga, pelo amorde ATENDE ESSE CELULAR!
Essas eram só algumas das mensagens que tinham no celular, fora as mais de 20 ligações perdidas. Ela suspirou e respondeu sem dar chance para ter que responder perguntas inconvenientes:
- Amiga, o Matheus quis avançar o sinal e eu disse não, então eu vim pra casa. O que aconteceu com ele depois não me interessa. Não quero vê-lo nunca mais. Agora vou descansar. Beijo. Tchau.
Nas mensagens que mandou, Gisele não mencionou que Matheus tivesse apanhado de outro homem, então não seria Isabella que daria essa informação de graça. Melhor fingir que nada tinha acontecido.
Ela foi ao banheiro que tinha no quarto, lavou o rosto e usou o enxaguante bucal. Depois calçou os sapatos, saiu do quarto com a bandeja nas mãos e foi em direção à cozinha onde encontrou Lucas sentado tomando o seu café na bancada.
Isabella: Oi. Bom dia. Lucas, né?
Lucas: Oi! Bom dia! Sim, eu sou o Lucas. Você é a Isa, certo?
Isabella: É, meus amigos me chamam de Isa, mas meu nome é Isabella.
Lucas: Ah, sim... Isabella. Desculpe, é que eu ouvi...
Isabella: Pode me chamar de Isa. A propósito, muito obrigada por me salvar essa noite. Se você não tivesse aparecido, eu... - Já estava com os olhos marejados só de lembrar do ocorrido.
Lucas: Ei, não tem nada que agradecer. Também não precisa ficar lembrando. Já passou.
Isabella: É, já passou. Bom, eu vou lavar essa louça aqui e vou chamar um uber para ir para casa.
Lucas: Não se preocupe com a louça e nem com o uber. Eu levo você em casa.
Isabella: Não, por favor. Você já fez muito por mim.
Lucas: Isa, eu insisto, será um prazer além do que, eu garanto que você chegará segura em casa. Tudo bem?
Isabella: Tudo bem então. Mas eu insisto em lavar essa louça.
Lucas: Tudo bem, você lava enquanto eu troco de roupa.- Disse saindo da cozinha deixando Isabella sozinha.
Isa: Meu Deus, que pedaço de mal caminho! Ah, Lucas... você nem sabe que enquanto você me chama de Isa, para mim você é meu salvador! - Disse baixinho para si mesma enquanto lavava a louça.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 115
Comments