capítulo 19

_Anastácia_

Eu pensei que não seria nem um pouco difícil aceitar a sua rejeição por causa da pulseira. Mais eu estava completamente enganada! Assim que consegui entrar dentro do quarto da Amara eu desabei a chorar. Minha mente vagava pelo seu olhar suplicante e seu amor nítido no olhar, mais agora é tarde demais! Ele me rejeitou, não me deu nem uma oportunidade de contar a minha versão. Ele confiou cegamente na cobra da minha irmã!

Esmurrei o travesseiro abafando os meus gritos de angústia. Mais que droga! Porque a pulseira não está me ajudando agora? Mas eu não posso reclamar, ela me ajudou bastante na hora de dizer aquelas palavras. Se não fosse por ela eu não teria resistido às suas súplicas! Ainda continuo fraca e incapaz, sempre me odiei por ser assim. Outra pessoa no meu lugar com certeza reagiria e se defenderia, mas eu não. Eu me deixei ser humilhada enquanto os outros pisavam em cima de mim como se eu não fosse nada! Como se eu fosse um lixo.

Às vezes eu me pergunto, isso é mesmo um dom ou uma maldição?

Ser gentil tem o seu preço! E no meu caso o meu preço foi muito alto.

Não demorou muito e a minha irmã chegou completamente preocupada comigo, olhei atrás dela e vi exatamente um dos garotos que me humilharam. Alec ganer, o braço direito do Kaleu! O que ele está fazendo aqui? Me sentei assustada e com o rosto completamente encharcado. Meu coração estava despedaçado e tudo o que eu menos precisava era de um dos meus maiores pesadelos aqui!

Anastácia- O... O que ele está fazendo aqui?

Foi tudo o que eu consegui falar enquanto uma ira me tomava por dentro.

Amara- Calma Anastácia...

Alec- Você aceitou a rejeição?

Fiquei em silêncio enquanto ele passava as mãos na cabeça frustrado.

Alec- Eu sinto muito Anastácia! Eu realmente não deveria ter apoiado aquela paranóia toda dos lobos. Agora eu vejo que eu errei feio com você e com a alcatéia!

Sem me dar tempo de formular uma resposta, ele se ajoelha e diz:

Alec- Eu Alec ganer beta da Alcatéia Rize aceito qualquer punição que a futura Luna tenha para me dar. Assumo os meus erros e pretendo compensar de alguma forma esse erro horrível e irreparável!

Anastácia- Levante-se!

Ele me olha confuso e faz exatamente o que eu falei.

Anastácia- Eu não tenho mais forças para lutar contra ninguém. Fala para o Kaleu transformar da Hellen sua Luna! Não era isso que ele tanto queria? Não irei punir ninguém. Pode ir embora!

Alec- Mais Luna-

Anastácia- Eu não sou a Luna de vocês!

Falei abruptamente como eu nunca havia falado antes, até Amara se assustou com o meu tom de voz. Mas eu não ligo mais, cansei de ser o capacho dos outros!

Ele apenas se levanta e se afasta lentamente com um semblante triste e envergonhado.

Amara- Você não quer mesmo falar com ele? Seja o que for que você decidir eu vou te apoiar.

Anastácia- Eu não sei Amara, eu preciso de um tempo... Estou com o coração destroçado no momento.

Amara- Tudo bem...

Ela se afasta e me deixa sozinha no mais profundo silêncio, eu só escutava o barulho do meu coração.

Já faz um tempo que eu não deixo a Diane correr, preciso de um ar fresco ou eu vou sufocar aqui com essa angústia...

Anastácia- Será que eu consigo me teletransportar para alguma mata aqui perto?

Diane- Se você se esforçar sim.

Comecei a trabalhar nisso. Andei de um lado para o outro me imaginando numa floresta, mas nada estava dando certo...

Diane- Você tem que relaxar para conseguir fazer isso.

Anastácia- Mais essa era a finalidade de ir para uma floresta. Eu preciso relaxar ou vou sucumbir na tristeza!

Diane- Tenta tomar um banho e depois você tenta novamente.

Anastácia- Tudo bem.

Fui ao banheiro, tirei aquele vestido lindo e fino, retirei também as luvas e os assessórios, por fim, eu retirei o sapato.

Coloquei alguns sais minerais na banheira e esperei encher, depois entrei dentro dela e senti os meus músculos relaxarem consideravelmente.

Assim que eu terminei o banho fui até o closet escolher um pijama já que assim que eu chegasse eu iria apenas dormir.

Depois de tanto escolher acabei pegando um levinho para dormir...

Anastácia- Pronto, agora sim!

Fui até a cama e me sentei com as pernas cruzadas, depois fechei os olhos e me imaginei numa floresta, comecei a flutuar e a mesma sensação de antes se repete, um clarão forte e uma quentura me fizeram teletransportar.

Olhei ao redor e percebi que estava numa floresta, a lua estava cheia e o tempo estava maravilhoso. Deixei a minha loba assumir a sua forma lupina e quando eu percebi já estava enxergando com os meus olhos lupinos. Corri, saltei, rolei e mergulhei. Era uma sensação de paz indescritível! Nunca me senti tão viva como agora, fui até um morro alto e uivei divinamente. Até o meu uivo era diferente, fui até um córrego e olhei o reflexo da minha loba... Tão linda...

Diane- Você é bela demais.

Dei um meio sorriso e continuei correndo pela mata, porém a minha paz foi para o ralo quando eu senti uma aproximação de outro lobo, não era qualquer lobo, era um lobo sobre humano como eu. Olhei para trás procurando para ver quem era, mas não vi nada...

* Estou ficando louca? *

Anastácia- Diane, você está sentindo alguma presença?

Diane- Não.

Achei estranho a sua resposta mas ignorei e continuei correndo, porém novamente senti aquela presença. Uma presença dominante e muito poderosa, parei bruscamente e fiquei procurando por qualquer sinal de alguma presença. Assim que eu senti, já era tarde demais... Um lobo da pelagem preta e dos olhos carmesim apareceu na minha frente rosnando com possessividade.

Anastácia- Você me enganou Diane!

Diane- Sinto muito mais, você precisa conversar com ele ou algo terrível vai acontecer com o nosso companheiro.

Anastácia- O quê? Como assim?

Antes que eu pudesse perguntar algo, sinto ele correndo na minha direção completamente sem controle! Minha respiração ficou acelerada enquanto um medo me tomava. Aumentei a minha velocidade, porém a Diane estava me atrasando enquanto interfiria nas minhas patas dianteiras, a todo momento ela queria me fazer parar. Em um enorme pulo aquele lobo enorme me derrubou enquanto ficava sobre mim me olhando com desejo e luxúria!

Anastácia- Sai de cima de mim lobo!!

Falei na ligação mental indignada.

Kal- Se não ficar quieta eu vou te marcar aqui mesmo companheira.

Falou o lobo dele com diversão, aquilo só me encheu ainda mais de raiva!

Anastácia- Eu não quero saber, eu não vou voltar para aquele inferno!!

Kal- Eu não vou deixar ninguém machucá-la minha linda! Nem mesmo o meu humano imbecíl.

Senti uma pontada no peito e comecei a sentir uma dor muito forte no braço, me transformei e comecei a agonizar de dor.

A dor era tanta que eu até vomitei, Kaleu se transformou e veio ao meu encontro.

Kaleu- O que está acontecendo? Fala comigo meu amor.

Não consegui responder só grunhia de dor sem parar, parecia que o meu braço ia pegar fogo. Era justamente o braço em que continha o selo, justo quando ele estava perto de mim isso acontece!

A dor se intensifica e eu rolo de um lado para o outro sentido todo o meu corpo tremer, Kaleu me pegou com seus braços musculosos me carregando para algum lugar enquanto eu sentia o meu braço arder em chamas cada vez mais ardentes...

Anastácia- Aaaahhhh que dor infernal!!

Não aguentei e desmaiei de tanta dor enquanto escutava ele gritando o meu nome em total desespero!

_Narrado_

Kaleu gritava com medo do seu sonho se concretizar e perder a sua companheira, ele não aguentaria, ainda mais agora que havia descoberto quem ela era verdadeiramente. Lágrimas rolavam pelo seu rosto...

Com uma insana rapidez ele corre para um córrego próximo com a sua amada em seus braços.

Chegando lá ele deita ela numa grama baixa perto da margem e começa a pegar um pouco de água e jogar no seu rosto e pescoço. A sua mente estava em total agonia, percebendo que ela não estava acordando Kaleu grita em desespero pelo seu lobo!

Kaleu- POR FAVOR FAZ ALGUMA COISA!!

Kal assume o controle e tenta se conectar com a loba de sua companheira Diane mais sem sucesso, uma ira de si mesmo o toma metendo vários socos em sua face, Kaleu se odiava por tudo o que tinha feito e depois de tantos anos ele conseguiu finalmente enxergar com clareza! Seus pensamentos que estavam em atrito agora não estavam mais, ele tinha a imensa certeza que aquilo que ele fez não partiu dele. Sempre que escutava o nome "irmã da Hellen" ele sentia nojo e até repulsa. Aquilo para ele era um absurdo! Kaleu sempre quis ser um alfa sábio igual ao seu pai, mas estava sendo completamente o contrário disso! Ainda com o desespero gritante na sua garganta, Kaleu se enterra no pescoço de sua amada, sentindo o cheiro da sua fêmea predestinada enquanto implorava para ela não deixá-lo. Lágrimas rolavam pelo dorso do pescoço de Anastácia criando uma atmosfera de tristeza e dor...

O coração dela estava fraco e sua respiração estava se cessando. Kaleu não queria aceitar aquilo, se aquilo acontecesse ele iria por em prática um suicídio! Sua vida sem ela não teria sentido e nem cor...

De repente uma nuvem negra tomou o córrego fazendo ele se assustar e acolher Anastácia em um abraço protetor. Seus olhos vagavam por todos os lados procurando o dono daquilo...

- Como isso foi possível?

Falou uma voz tenebrosa o assustando e fazendo ele levar sua visão para um homem que estava à sua frente. Ele era obscuro demais, mas o seu rosto lhe lembrava alguém, porém ele não sabia ao certo quem era...

Kaleu- Quem é você?

Falou Kaleu com sua voz autoritária de Alfa.

- Quem eu sou? Isso não faz diferença, mas eu vou falar mesmo assim... Eu sou a distribuição, sou o que vai dar fim a todas as raças e agora eu estou intrigante com algo... Como você conseguiu quebrar a maldição?

Kaleu- Que maldição?

- A que eu coloquei em você quando era mais novo.

De repente aquelas palavras surgiram como um gatilho para Kaleu fazendo-o se lembrar de tudo.

_Flashback_

Kaleu estava brincando com Anastácia em uma parte da Alcatéia. Seu olhar para ela era puro e intenso, ela tinha 5 anos e ele 6...

Anastácia- Kakal eu vou me tornar uma loba enorme e vou encher você de neve!

Kaleu- Haha você é só uma fraquinha.

De repente Kaleu joga uma bola de neve nela gargalhando logo em seguida da expressão da garota.

Anastácia- Você vai ver...

Ela corre atrás dele com uma bolinha de neve nas mãos. Ele deixa ela alcançá-lo propositalmente e ambos rolam na neve sorrindo... O momento era lindo porém foi interrompido abruptamente por Verônica ( mãe de Anastácia ).

Verônica- ANASTÁCIA!! Como ousa sonhar em tocar no futuro alfa? sua criança nojenta.

Verônica segura Anastácia pelos cabelos e joga a menina em um tronco de árvore. Kaleu indignado começa a ir para cima de Verônica!

Kaleu- Sua bruxa malvada! Nunca mais toque nela. Ela é minha!!

O garoto demonstrava possessão por Anastácia enquanto tentava a todo custo bater em Verônica. Mas como uma loba adulta, ela apenas sorria da ira do garoto!

Verônica- Mais tarde você verá que não adianta lutar alfa Kaleu! Seu destino é a minha filha Hellen e só ela. Essa bastarda não passa de um estorvo!

Kaleu se zangou mais ainda e pegou um pedaço de tronco de uma árvore e partiu para cima dela. Como era filho de um alfa, o garoto tinha uma força impressionante! Verônica assustada apenas segura no braço de Anastácia e empurra ela com força no chão.

Logo em seguida ela se transformou e foi embora, deixando o garoto transfigurado de raiva!

Ele soltou o tronco e foi ao encontro de Anastácia perguntando se ela havia se machucado.

Anastácia- Eu estou bem...

Kaleu- Não saia mais de perto de mim... Vou pedir para a minha mãe deixar você ficar lá em casa.

Anastácia- Não vai dar... A mamãe nunca vai deixar.

Logo em seguida a garota começa a chorar fazendo Kaleu se sentir impotente diante da situação. Sem falar nada ele a abraça consolando a garotinha...

Kaleu- Quando eu crescer vou banir a sua família daqui para sempre e vou me casar com você.

Essa promessa ficou cravada no coração do jovem Kaleu. Porém nem tudo é como queremos e nas sombras do lugar em que estavam havia um homem sórdido sorrindo com escárnio.

- Isso é o que veremos...

Kaleu ajudou Anastácia a se levantar e depois a colocou nas suas costas.

Ainda com ela um suas costas, Kaleu prosseguiu pelas ruas da alcatéia até chegar na casa dela.

Assim que chegaram ele desceu ela e perguntou:

Kaleu- Tem certeza que não quer ir lá pra casa? Eu estou com medo da bruxa te machucar de novo...

Anastácia- Ela não vai...

Seus olhares um para o outro eram profundos e indecifráveis.

Kaleu- Tudo bem...

Antes de partir, Kaleu deu um beijo na bochecha de Anastácia e depois partiu.

Na noite do mesmo dia, Kaleu rolava de um lado para o outro completamente nervoso... Seus pensamentos estavam em Anastácia, porém ele não poderia sair naquele horário. De repente lhe surgiu uma ideia!

Kaleu- Já sei o que fazer...

Kaleu desceu da cama e pegou uma blusa de frio, assim que o garoto se vestiu, ele caminhou pelos corredores nas pontas dos dedos até chegar nos fundos do castelo. Assim que ele abriu a porta já saiu em disparada até às imensas grades. Se ele fosse um lobo transformado teria conseguido pular facilmente, porém o garoto ainda tinha 6 anos de idade e ainda não havia conhecido o seu lobo...

Kaleu- E agora? o que eu faço?

Se perguntou ele com as mãos na cabeça. De repente ele escutou um barulho na neve à sua frente...

- Precisa de ajuda, garoto?

Perguntou um homem barbudo e estranho que segurava um cajado estranho na mão esquerda. Algo dentro de Kaleu lhe dizia para correr e entrar dentro do castelo novamente, porém o seu medo por Anastácia estar ferida superava qualquer outro medo!

Kaleu- Preciso ir na casa da minha amiga. Ela está em perigo...

-Oh! Eu posso ajudá-lo, porém terá que me dar algo...

Kaleu- Eu dou qualquer coisa!

- Tem certeza disso?

Kaleu- Sim!

O homem dá uma risada sinistra e depois bate o cajado na neve... Um barulho estrondoso fez com que o jovem Kaleu flutuasse.

Kaleu- O que está acontecendo??

Perguntou o jovem desesperado.

- Calma criança logo vai passar...

De repente Kaleu enxergou tudo preto e perdeu a consciência enquanto o homem dava um sorriso macabro.

Horas depois Kaleu acordou desnorteado e olhou ao redor percebendo estar em uma espécie de coviu estranho. Havia umas correntes em seus braços e pernas e à sua frente estava uma porta fechada por uma pedra...

Nas pedras haviam escrituras estranhas em uma língua desconhecida, seu medo se intensifica conforme ele olha ao redor. Haviam esqueletos humanos e sangue por todo lado, a única coisa que alumiava o local era umas velas negras. Kaleu se esperneava e se contorcia enquanto olhava tudo aquilo se lembrando a todo momento de Anastácia...

Sua irritação aumentou ainda mais e de repente apareceram três seres na sua frente. Hellen, Verônica ( bruxa ) e o homem estranho que o sequestrou.

Kaleu- O que está acontecendo?? Sua bruxa! Me tirem daqui!! O que vocês fizeram com a Anastácia??

Verônica apenas sorria com escárnio enquanto Hellen tentava assimilar o que estava acontecendo. A maldade ainda não havia chegado na garota, porém depois desse dia o seu caminho estaria traçado para um inevitável embate.

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Continua...

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