Capítulo 18

_Anastácia_

Assim que chegamos na base eu fui tomar um banho enquanto me lembrava dos xingamentos da pessoa que eu considerava ser a minha mãe.

Eu ainda não consigo acreditar. Como ela pode favorecer mais a Hellen do que a mim? Isso ainda é demais para digerir. Passei a minha vida toda sendo pisoteada por elas, eu era chamada de bastarda, inútil, esquisita e sem valor. Minha vida era rodeada de xingamentos e humilhações, não sei como aguentei até agora...

Encosto a minha cabeça nas minhas pernas e choro desconsoladamete me lembrando de todas as torturas e humilhações.

Nem meu pai me amava, afinal eu tenho mesmo valor, ou dei sorte de encontrar a Amara?

A água escorre pelo meu corpo em uma tentativa em vão de tirar as minhas lamúrias e sofrimento. Dor da desilusão, dor do abandono...

Minha loba me deixou com os meus pensamentos, pois no fundo ela sabe que eu preciso desse momento comigo mesma.

Meus choros abafados se sessão e eu me levanto revigorada! Agora eu finalmente vou ter uma vida e não vou gastar ela chorando pelo passado, independente do que tenha acontecido não foi culpa minha!

Diane- É assim que se fala garota!

Que susto!

Anastácia- Você poderia não me assustar mais assim?

Diane- Desculpa haha

Balanço a minha cabeça enquanto sorrio e visto uma roupa confortável.

O dia se passou tranquilamente até que de repente a minha irmã apareceu com uma visível cara de espanto!

Anastácia- Aconteceu algo?

Perguntei preocupada.

Amara- Sim, aconteceu que eu fui convidada para uma festa de empresas multinacionais.

Anastácia- Como assim? Mas você é a morte.

Amara- Exatamente! Alguém vai morrer lá e eu preciso estar lá para recolher a alma. Você vem comigo!

Anastácia- Mas eu nem me arrumei e estou um caco.

Amara- Nós da um jeito nisso! Eu preciso estar lá e preciso levar um acompanhante.

Suspirei cansada e me levantei a contra gosto. Algo me diz que não é só isso pela sua expressão, mais não quero questionar ela pois sei que posso confiar nela!

Anastácia- E como é que eu faço isso?

Falei apontando para mim mesma. Eu estava com os cabelos emaranhados e com uma cara inchada de tanto chorar...

Amara- Você está ainda mais fofa. Mas sei do que você está falando... Vem comigo-

Ela nem me esperou dar uma resposta e saiu me puxando pelo braço, entramos novamente no santuário da árvore sagrada e um vento gelado me fez arrepiar, mais ao mesmo tempo me trazendo uma paz jamais sentida!

Eu nunca mais vim aqui...

Assim que chegamos perto da árvore, ela falou enquanto colocava as nossas mãos sobre o tronco:

Amara- Árvore da vida, renova as nossas forças, renova nossas vidas. Faz-nos bonitas e elegantes...

Uma luz deslumbrantemente brilhante tomou as nossas mãos e passou para os nossos corpos, senti um calafrio junto de um calor reconfortante. Era como se fosse uma mãe!

Assim ficou eu:

E assim ficou a Amara:

Estávamos simplesmente deslumbrantes tanto que eu até me esqueci dos meus problemas anteriores. A partir de hoje eu sou uma nova Loba!

Amara- E eu pensando que não teria como você ficar ainda mais linda. Sinceramente eu estou hipnotizada, já estou até com ciúmes daqueles humanos machos dando em cima da minha tacinha!

Anastácia- Fique tranquila maninha, eu posso estar com um selo no braço mas ainda penso no meu companheiro. Não consigo me imaginar com nenhum outro macho de qualquer espécie...

Ela suspira tristemente e diz:

Amara- Eu gostaria que a Deusa da lua Selene tivesse dado outro companheiro para você...

Anastácia- Mais nem tudo é como queremos.

Ficamos um tempo em silêncio até que ele foi quebrado por ela dizendo:

Amara- Vamos?

Assenti e caminhei ao seu lado até chegar no carro.

Amara- É o seguinte, estamos disfarçadas de sócias. Então quando perguntarem você já fala que é sócia de uma empresa chamada: Finaces H&.

Anastácia- Tudo bem.

Amara- Fique sempre ao meu lado e não se preocupe em interagir com eles.

Diferentemente do outro carro, esse em que estávamos era enorme e descobri que o seu nome era limosine. Acabei rindo desse nome, talvez venha da origem limonada mais por que um carro teria esse nome?

Não demorou muito e nós chegamos.

O tapete vermelho, muitos e muitos flashes já estava deixando eu e a minha loba doidas. Deve ser porque não tenho muito controle do meu lado lupino já que eu me transformei recentemente, mais para a minha sorte a Amara me protegeu dos flashes e eu só escutava inúmeras perguntas sem parar. Diane já estava para assumir o controle até que conseguimos atravessar o mar de pessoas curiosas... A maioria das perguntas era: Quem são vocês? Por que são tão irrealmente lindas?

Suspirei em cansaço assim que adentramos o baile. Fiquei encantada, eu nunca fui em um baile na minha miserável vida! Minha mãe sempre me proibiu e minha irmã diariamente dizia que lá não era lugar para a "ralé".

A música calma e o som das conversas era o que me rodeava...

Anastácia- Vai demorar muito? A minha cabeça está doendo muito...

Tudo ao meu redor ficou ampliado, minha audição, meu olfato, minha visão. Tudo estava revirado, me deixando louca!

Amara- Vai até aquela sacada ali, eu não posso sair daqui agora. Qualquer coisa entre para dentro imediatamente!

Anastácia- Tudo bem...

Segui as suas instruções e comecei a esbarrar em pessoas e em garçons completamente desnorteada. Eu não sei o que está acontecendo comigo, só sei que estou sentindo um calor infernal junto com uma dor de cabeça horrível!

Assim que cheguei na sacada eu apoiei os meus braços sobre o batente enquanto tentava respirar o ar frio da noite gelada. De repente o meu braço começou a esquentar como se estivesse pegando fogo!

Anastácia- O que eu faço agora? Droga, não deveria ter vindo.

Minha mente vagava a um milhão por hora enquanto eu sentia o meu sangue borbulhar...

Diane- ELE ESTÁ AQUI!!

anastácia- Ele quem?

Diane- O nosso companheiro.

Quando ela falou aquilo, um medo avassalador me tomou e eu me lembrei do seu olhar de ódio para mim. Meus sentimentos afloraram e meus olhos começaram a marejar...

* Droga! *

Se eu não senti a presença dele, significa que a pulseira está fazendo efeito certo? Ainda assim ele pode me sentir, eu estou num beco sem saída. Estou com medo de voltar para dentro e ir procurar a Amara, não posso deixar ele me pegar. Se ele me pegar eu vou ter que voltar para aquele inferno de novo! Eu não quero. Jamais vou voltar!

Diane- Que tal pular daqui?

Anastácia- Você está louca?

O lugar em que eu estava era um prédio de 7 andares, se eu pular daqui eu não vou escapar!

Diane- Você se lembra do teletransporte?

Anastácia- Sim, mas eu não consigo usar ele aqui nesse barulho todo! Ainda estou aprendendo a lidar com tudo isso.

Falei engasgando no choro contido.

Diane- Você consegue!

Anastácia- Não, eu não consigo!

Minhas mãos tremiam de medo enquanto os meus batimentos cardíacos me alertavam da enrascada em que havia me metido. De repente eu escutei um rosnado atrás de mim e eu já até sei quem é... Me virei lentamente e deparei-me com os seus olhos num vermelho intenso!

* E agora? *

(...)

_Kaleu_

Assim que entrei no baile eu senti, estava claro para mim!

Kal- Ela está aqui!

Falou o meu lobo num rosnado.

O seu cheiro de jasmim estava me matando. A cada passo que eu dou o cheiro se intensifica, vários humanos tentam conversar comigo, mas eu só tenho cabeça para algo agora. Ela! Sim, eu só tenho cabeça para ela.

Minha destinada!

Fui seguindo o cheiro maravilhoso e puro da minha fêmea enquanto ignorava aqueles bajuladores imundos. Minha mente vagueia procurando a fonte da minha insanidade!

Alec- Irmão! Os seus olhos estão vermelhos, vem aqui.

Fui praticamente arrastado pelo meu beta para um canto do local.

Kaleu- Mais que porra! Ela está aqui... Eu preciso achá-la!

Alec- Irmão o seus olhos estão ficando vermelhos, é melhor parar enquanto é tempo! Lembra das regras da Alcatéia.

Kaleu- Eu sei, eu sei!

Falei sem paciência nenhuma. Essa regra em específico que ele está falando é sobre não revelarmos a nossa raça para os humanos! Se descobrissem algo aqui eu teria que fazer um verdadeiro massacre para nada disso vazar para a mídia. Mais isso não era eu, eu não sou capaz de fazer uma barbaridade dessas contra inocentes, talvez o meu pai tenha razão. Eu sou um tremendo frouxo!

...

Não dá! Simplesmente não dá! Ignorei o meu beta e sai a procura dela farejando o seu cheiro divino, Kal já estava uivando na minha mente enquanto sentia o maldito cheiro da nossa fêmea. Ele estava novamente feliz depois de tanto tempo!

Foi quando eu senti claramente aonde ela estava, fui adentrando entre os humanos até chegar na sacada, estava escuro e a lua estava no seu auge realçando a figura simplesmente magnífica a minha frente, não resisti e dei um rosnado ao ver a sua beleza incomparável!

Ela se virou lentamente me dando uma perfeita visão do seu rosto impecávelmente lindo, ela era uma verdadeira Deusa! Seus olhos se arregalaram demostrando surpresa ao me ver enquanto suas mãos íam para o batente da sacada, sem que eu pudesse prever ela sobe em cima do batente com um impulso completamente ofegante. Ela estava com muito medo enquanto me encarava como se eu fosse o seu predador! E eu era, mas não no sentido morte e sim no sentido sexual. Eu quero possuí-la mais do que nunca, sentir o calor da sua pele, invadir a sua intimidade enquanto me entrego no deleite do seu néctar!

Anastácia- Não chegue perto ou eu pulo!

Meu coração acelerou como um louco enquanto ela ameaçava retirar a própria vida na minha frente.

Kaleu- Por favor, minha companheira, vamos conversar...

Anastácia- Eu não tenho nada para falar com você, Alfa Kaleu. Eu aceito a sua rejeição! ME DEIXA EM PAZ!!

Uma dor imensurávelmente forte me pegou fazendo com que eu me ajoelhasse de tanta dor. Era como se estivessem me incendiando...

Não, eu não posso perdê-la! Não agora que eu a encontrei. Necessito dela como necessito de água!

Kaleu- Kal faz alguma coisa!!

Falei entre um grunhido imenso de dor.

Kal- Por favor, minha companheira! Eu preciso de você... Você também precisa de mim, não me rejeite!

Seu olhar era de pura decepção. Agora eu sei o que ela sentiu, eu abandonei ela na neve com essa dor infernal! Eu sou o pior dos covardes.

Anastácia- Você não vai morrer, até porque eu não morri quando você me abandonou. Não me procure mais, para você e eu não há mais solução!

Assim que ela falou isso, uma lágrima escorreu dos seus olhos e eu pude ver a alma mais gentil que eu tive o prazer de enxergar. Era ela a minha destinada, o que fizeram com você meu amor?

Antes que eu pudesse falar algo, ela se lançou me arrancando um grito de horror! Corri para o parapeito e vi exatamente uma luz vermelha a engolindo. Suspirei aliviado quando constatei que ela estava bem, mas eu estava em total desgraça!

A vida toda eu achei que ela era uma garota horrível que maltratava a irmã e sempre favoreci a Hellen. Mas agora eu vi claramente a sinceridade nas suas palavras, o seu olhar gentil e caloroso. O seu coraçãozinho denunciando o seu medo, medo de mim. Um covarde que não tem o direito de viver!

O que vai ser de mim sem você meu amor?

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Curtem e comentem🥰😚

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Continua...

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