Capítulo 15

_Amara_

Sabe aqueles amores impossíveis de esquecer? Era exatamente esse tipo de amor que eu tinha com o Alec. Mesmo depois de séculos eu continuo amando esse lobo como nunca! Eu sempre me arrependo da decisão que eu tomei quando saí da alcatéia. Se eu tivesse ficado seria diferente? Eu teria filhos com ele? Poderíamos viver esse amor?

Eu não sei...

Ainda com os braços envoltos na minha cintura ele diz:

Alec- Se eu pedir para ficar comigo, você ficará?

Amara- Não agora... Eu sou uma ceifadora e tenho deveres a cumprir, mais eu lhe encontrarei e darei a minha resposta! Até lá eu preciso ir...

Seu olhar passou a ser de tristeza, mais ele assentiu mesmo assim e me soltou relutante. Eu não queria ir, queria ficar e gritar que ele era o amor da minha vida. Mais não podia...

Antes que eu levantasse vôo, ele me puxou novamente e beijou a minha boca explorando cada centímetro e eu? Bem, eu estava me deliciando do seu gosto enquanto podia, já ele estava tentando passar qualquer sentimento que ele estivesse sentindo na hora. Eu sabia de tudo! Ele queria que eu sentisse o quanto ele estava desesperado. Meu sangue fervia como nunca antes e eu me peguei pensando:

Quem exatamente era eu agora? Uma mulher apaixonada? Ou uma ceifadora iludida?

Eu também não sei...

Nos afastamos com relutância e eu aproveitei esse momento para voar dali, pois se eu demorasse mais um pouco eu não conseguiria sair.

Meu coração que era gelado e sem vida começou a bater descompassadamete e um desespero me tomou.

* O que está acontecendo? *

Eu não estou morta?

Acabei que nem guiei as almas do acidente e agora elas devem estar vagando sem rumo por aí...

* Ótimo! Mais uma dor de cabeça. *

Chegando na loja de fachada eu entrei com tudo e fui para a passagem secreta que dava direto para o nosso "local de trabalho".

- Posso saber o que foi isso?

Falou o meu colega de trabalho chamado Gilbert. Ele era o ceifador novinho que me atormentou antes da chegada da Anastácia!

Amara- Sem comentários, por favor!

Gilbert- A anciã dos ceifadores apaixonada? Você não está muito velha para isso não?

Olhei para ele com um olhar mortal e me sentei abruptamente na minha mesa de trabalho.

Amara- Para o amor não existe idade.

Gilbert- Isso é desculpa de pedófilo.

Amara- Quer mesmo ser deportado?

Gilbert- Não obrigado. Eu prefiro lidar com você do que lidar com aquele velho esquisito!

Amara- Então é melhor fechar o bico.

Esse velho esquisito ao qual ele se refere é o segundo acião chamado Gaspar. Ele é conhecido por seus... Como diz assim... "Fetiches estranhos?" É mais ou menos isso.

Gilbert- Mais me diz aí, como você vai resolver esse assunto?

Amara- Qual dos três?

Gilbert- três?

Amara- A minha irmã, o meu companheiro ou as almas fugidas?

Gilbert- Irmã? Como assim?? Você tem uma irmã? Mais você...

Amara- Ela reencarnou e eu estou cuidando dela.

Gilbert- Caramba! Você está mesmo atolada em problemas.

Amara- Eu não diria problema os dois primeiros, mais o terceiro é realmente uma dor de cabeça.

Gilbert- Pode deixar que eu cuido desse terceiro. Aliás, aonde está essa sua irmã?

Amara- Está no meu quarto.

Gilbert- ELA ESTÁ AQUI??

Amara- Óbvio.

Gilbert- Mas ela é humana. Como você permitiu isso?

Amara- Ela não é humana e eu não me importo com isso. Só não gosto de humanos, porém se ela fosse uma humana eu não me importaria de toda forma.

Ele apenas balançou a cabeça como se desistisse e foi trabalhar. Aproveitei que ele iria cuidar desse problema das almas para mim e fui até o quarto em que deixei a Anastácia, chegando lá eu me deparei com ela deitada na cama passando muito mal...

Amara- ANASTÁCIA!!

Fui até ela e coloquei a palma da minha mão sobre a sua testa, estava muito quente e provavelmente logo ela sofreria delírios.

Peguei ela nos meus braços e corri para o banheiro ligando a torneira da banheira. Deitei ela sobre a banheira e comecei a passar uma ducha nela...

Anastácia- Eu... Socorro... Não...

Ela estava delirando. Será que é por causa da pulseira? Não consigo sentir nada que esteja causando essa febre.

Fui até uma das minhas gavetas espirituais e peguei algo que eu usava diariamente para medir o espírito da pessoa.

Criaturas sobrenaturais como a Anastácia diariamente me dava trabalho quando queriam voltar para as suas famílias, porém com o medidor mediúnico eu saberia exatamente o que estava acontecendo com a alma e resolveria o problema. Tinha vezes que eu até apagava as memórias das almas!

É cruel, eu sei mais a vida e a morte é assim.

Anastácia- Não... Para...

Fui até a banheira novamente escutando a minha irmã delirando. Toquei na sua testa e percebi que estava cada vez mais quente...

* Merda! *

Peguei o medidor mediúnico e colei na sua testa. Ele era tipo um adesivo mágico que me dava a visão do que acontecia na sua alma por meio da telecinese...

Fechei os olhos e percebi que era uma visão. Olhei ao redor e percebi estar em uma floresta cheia de uma névoa densa...

Anastácia- Socorro...

Olhei para trás e percebi que ela estava correndo. Lobo atrás dela havia uma criatura com uma capa preta cobrindo o corpo completamente, corri atrás dela e percebi que a todo momento ela olhava para trás.

- Não vai escapar de mim dragão!

Agora eu entendi! Essa era a sua vida passada e foi nesse local que eu encontrei o seu corpo sem vida.

Corri mais ainda para tentar descobrir quem matou a minha irmã na sua vida passada e percebi que estávamos indo de encontro a um precipício.

Foi nesse mesmo local que eu encontrei o seu corpo gélido e decapitado. Lembro até hoje que foi uma visão do inferno!

Ela desacelerou os passos e olhou para trás já completamente sem fôlego e com um medo terrivelmente palpável.

Anastácia- Por favor! Não me mate. Eu não tenho o que você quer...

- É óbvio que tem. Eu escutei claramente naquela enorme guerra de que você é uma das meninas abençoadas pelos Deuses! Eu quero o seu sangue para o ritual.

* Ritual? *

Anastácia- Não por favor!

Nesse mesmo instante eu me perguntei: Por que ela não se transformou? Porque não lutou?

A visão foi interrompida quando o homem encapuzado levantou uma foice para decaptá-la. Fui trazida à realidade com os gritos horrendos da Anastácia!

Anastácia- AAAAAHHHHH

Ela acordou colocando as mãos no pescoço chorando muito trêmula. Abracei ela e deixei ela desabar no meu ombro completamente apavorada!

* Quem era esse homem? E que ritual era esse? *

Uma foice negra como a minha... A única pessoa que tinha tal coisa era o Apollyon, mas eu confio nele demais para imaginar que ele tenha feito tal coisa. Ainda mais porque eu conheço a presença dele e principalmente a sua voz, certamente aquele não era ele! Quem era?

Já mais calma eu percebi que a sua febre havia abaixado. Foi coisa demais para um só dia!

Peguei ela no colo e levei para a cama novamente. Fui até o closet e escolhi uma roupa que era a cara dela... Eu havia ganhado do Gilbert no meu aniversário de 3.000 anos. E para tirar uma com a minha cara ele comprou um vestido completamente o oposto de mim... Eu só usava roupas escuras assim como a maioria dos ceifadores.

Peguei também uma toalha e levei para ela.

Chegando lá eu me deparei com uma cena de cortar o coração. Ela estava com a mesma expressão de quando éramos pequenas e ela sofria nas mãos do nosso "pai" ( que não era nosso pai ).

Ela se voltou para mim e falou com a voz embargada:

Anastácia- O que eu fiz para merecer uma morte tão horrível?

Minha tacinha...

Me ajoelhei com as mãos no seu colo e falei olhando nos seus olhinhos inchados de tanto chorar:

Amara- Você não fez nada minha maninha. Eles fizeram! Eles são os monstros.

Anastácia- Você sabe quem foi?

Quem foi? Essa é uma boa pergunta. Eu pensei que tinha as respostas de todas as coisas, mas me enganei...

Amara- Eu não sei, mas vou descobrir. Até lá...

Falei limpando as lágrimas dos seus olhinhos que insistiam em cair.

Amara- Eu vou lhe proteger de tudo e de todos. Eu acho que você está começando a se lembrar do seu passado e isso significa que o Alfa Kaleu também vai lembrar.

Ela revirou os olhos e secou o resto das lágrimas.

Anastácia- Eu não ligo pra ele.

Não senti firmeza na sua afirmação mas não vou falar nada, sei que está bastante chateada e não vou impedir de ela dar um gelo nele por pelo menos uns 5 ou 6 anos.

Amara- É assim que se fala. Aqui toma...

Peguei o vestido e entreguei para ela.

Amara- Se veste e se arruma, vamos comprar algumas coisas para você se vestir.

Anastácia- Eu tenho que passar na casa em que eu estava ficando para escrever um bilhete agradecendo o meu amigo humano que me abrigou.

Amara- Tudo bem.

Dei um beijo na sua testa e fui para a minha sala de trabalho para ver como anda o progresso do Gilbert. Estou planejando pedir para a divindade um aumento de cargo para ele, mas não vou falar nada para ele por enquanto se não vai ficar enchendo o meu saco se não for aprovado.

Amara- Como está as coisas aqui? Já achou as almas fujonas?

Gilbert- Achei duas, mas ainda faltam mais duas.

Amara- Eu vou comprar umas coisas para a Anastácia e passar em um lugar, depois eu volto para te ajudar.

Gilbert- Tudo bem. Aliás, você vai me contar essa história direito...

Amara- Não te devo satisfação de nada.

Gilbert- Fria...

Falou ele fazendo careta e colocando um casaco. Dei um meio sorriso e me sentei na cadeira da frente para esperar a Anastácia, não demorou muito e ela chegou...

Gilbert- Aii sim!! Essa sim tem bom gosto.

Falou ele subindo na cadeira e batendo palmas, ela deu um sorriso tímido e me encarou constrangida.

* Fofa *

Mais ela estava bem bonitinha mesmo. Me lembrei dos dias em que eu escolhia a roupa dela e ela escolhia a minha, coisa de irmã...

Amara- Vamos?

Ela assentiu e caminhamos até o estacionamento. Entramos no carro e partimos em direção as compras!

Meu carro era um conversível preto luxuoso. Não é porque eu sou a ceifadora que eu tenho que andar de qualquer jeito...

Na verdade eu já me acostumei com a civilização humana, porém ainda me espanta com o quão rápido eles evoluíram.

Chegando no shopping da cidade eu estacionei no estacionamento e sai do carro com ela em direção a entrada.

Entramos no shopping e eu já vejo um burburios. Geralmente isso não acontece mais aí eu lembrei que a minha irmã tem o cabelo completamente branco e não é um branco qualquer, é um branco natural! Ele chama atenção por onde passa. Também tem o fato dela ser linda igual um anjo então tudo isso contribui para uma caminhada bem estressante.

Se alguém vier com câmera para cima dela eu vou meter a porrada!

Anastácia- Calma Amara!

Falou ela segurando a minha mão. Fiquei surpresa, ela ainda sentia o meus sentimentos?

- ora ora... Olha quem temos aqui.

Me virei irritada e percebi ser a megera que a minha irmã falou. Isso só pode ser uma sacanagem!

- A vadia que roubou o meu alfa!

* Vou te mostrar quem é a vadi@! *

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Continua...

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