Capítulo 7

Lua

Foi um pesadelo contar pro meu pai que eu ia precisar morar no morro da Candelária por uns meses. Nunca vi meu pai tão desesperado, precisei da ajuda de todo mundo pra convencer ele, o tio Santo que conseguiu por juízo nele.

A minha mãe ficou triste, e um pouco preocupada também, ouvi ela conversando com o tio Allan que tinha medo da gente se distanciar mais ainda.

Meu tio Jonas também ligou pra falar com meu pai, ele queria me falar alguma coisa sobre o André, mas eu não quis saber, será que depois de tantos anos eles não vão esquecer?

Sai da Penha com o meu coração partido, tive uma briga horrorosa com a minha mãe, meu pai tava bravo porque não contei que ia morar junto com o Luan, a gente começou a discutir, e a minha mãe entrou no meio.

- Lua, o que é isso? Não foi essa a educação que eu te dei não fala assim com o seu pai!

- Eu ti cansada de vocês querendo mandar e mim, eu já sou adulta, tenho quase 30 anos pora!

- Não fala assim com a sua mãe!

- Ela não é minha mãe!

Nesse momento minha mãe parou e me olhou e eu nunca em toda a minha vida tinha visto ela tão triste, meu pai correu pra perto dela mas ela saiu e se trancou no quarto.

- Se ela não é sua mãe , eu também não sou seu pai?

- Não pai, não é isso.

- Sabe minha filha, hoje você me decepcionou muito, magoar assim a mulher que dedicou a vida a você é muita maldade, espero que um dia você enxergue a mulher incrível que você tem por perto, tomara que não seja tarde demais, já somos velhos filha, e um dia vamos partir, pensa nisso.

Merda! não sei o que acontece comigo, mas sempre consigo falar o que não devo pra minha mãe, e às vezes acabo indo longe demais, a gente vive brigando,e eu muitas vezes magoo e ofendo ela sem querer. Antigamente a gente era muito unidas, hoje infelizmente com tantas comparações eu faço o que posso pra não perder a minha essência diante de tantas comparações.

A comparação destrói a essência, isso é um fato.

Naquele dia eu fiz as minhas malas e fui pra casa do Luan, ia ficar lá até o dia da gente ir pra Candelária, ele ficou surpreso em me ver, muito surpreso, e eu acho que não ficou muito feliz também não. Me sinto invadindo o espaço dele e isso é uma merda, quando percebi que ele ainda não tava pronto pra morar junto comigo, decidi que na Candelária eu ia morar sozinha, ou dividir a casa com alguém do elenco.

Quando chegamos no morro fomos pra uma casa grande que as pessoas chamam de prefeitura, eu estava péssima porque briguei feio com o Luan, ele passou o dia de ontem toda fora e não dormiu em casa, não me explicou onde estava e quando eu perguntei disse que eu era ciumenta e possessiva, e é claro o clássico: Louca.

Mas ele não me engana meu bem, sou filha da Ariel, me criei esperta, minha mãe me ensinou muito bem como identificar um mentiroso e saber quando um homem tá fazendo merda, e o Luan concerteza tá fazendo muita, mas muita merda. Eu vou dar muita corda pra ele se enforca, eu quero ver até onde esse mentiroso de uma figa vai, todo mundo acha que eu sou troxa, posso ter uma aparência doce e frágil, mas meu pai me ensinou a bater exatamente onde dói em um homem, meus pais me criaram pra eu saber me defender em todos os sentidos, e o Luan tá prestes a comprovar o bom trabalho que os dois fizeram.

Mas agora vou me concentrar no meu trabalho, ouvindo atentamente a apresentação de toda a equipe, quando eu ouvi uma voz muito parecida com a voz do André, eu olhei e seus olhos me eram familiar, e quando ele falou seu nome, de onde ele era, e onde ele estudou eu tive certeza, depois de todos esses anos eu estava de frente ao homem que me rejeitou, que não me quis e me abandonou.

Ele continuava a me olhar fixamente, os olhos dele eram como imãs pra mim, as pessoas começaram a se mover e andar pra todo lado, mas meu olhar ainda tava colado no dele, ele começou a andar na minha direção e eu sentia que quanto mais perto ele chegava mais meu coração batia acelerado, minha boca tava seca e minhas pernas tremendo.

Quando ele estava perto o suficiente pra me tocar, o Luan entrou na minha frente, me beijou e veio com um papo meloso de desculpas, e então eu saí do transe, não vi mais o André onde ele estava, e me concentrei em cuidar desse imbecil mentiroso. Mas os hos do André não saiam da minha mente.

Sabe qual o problema do mentiroso? Achar que nunca vai ser descoberto.

O Luan passou a tarde comigo, tentando me bajular e eu fingindo tá brava, até que ele cansou de me adular e saiu bravo dizendo que eu sou impossível de agradar.

E eu é claro fiquei de olho. E quando eram umas oito da manhã, eu vi o safado sair, a gente mora bem no alto do morro, e ele desceu bastante quase na entrada, e foi lá pro meio do morro, foi pro bar e sentou.

Não demorou nada um rapaz loirinho e metido a besta chegou , os dois ficaram sentados conversando e rindo, e eu só esperando a minha hora de brilhar.

Meia hora depois o safado do Luan puxou a cadeira pro lado do loirinho e os dois começaram a se beijar, e então eu fui até lá.

- Olha só, não era você que ia ficar em casa pra pensar na nossa briga?

Ele me olhou assustado e o loirinho sem entender nada.

- Lua não é fácil assim, a gente brigou você foi péssima, eu tava carente.

- Ah tá entao a culpa de você me trair é minha?

- Tecnicamente sim, se você tivesse sido mais compreensiva e me desse atenção e carinho eu estaria com você agora e não com ele.

Eu sentei a mão na cara dele, ah se fude. Bati mesmo, o loirinho correu pra ajudar o babaca que se levantou e veio mete o louco pra. Sima de mim pra me bater, vê se eu aguento?

Eu fiz igual meu pai me ensinou, desviei dele, agarraei o braço dele, virei ele pra mim e dei uma joelhada no ponto dele com toda a força.

Ele caiu no chão gemendo e chorando de dor, e o loirinho não sabia se ajudava ele ou se corria de mim. Eu já ia sai e deixar aquele verme lá jogado no chão, mas daí apareceu um homem , quer dizer bicha né, a gay da pra ver de longe que é feminina. Mas a bicha é perigosa porque tá armada, chegou perto olhou a cena e eu vi que ia dar merda.

- Que merda é essa neginha?

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