Capítulo 4

Mais um dia de merda!

Estou cansado, frustrado e com sono.

Meu nome é Lucas, tenho 28 anos e sou um promotor de eventos e estou falido.

Meu ramo é festas de gala, cerimônias de casamento, Festas de 15 anos, e formaturas.

Mas pelo que vejo, acabei ficando ultrapassado, ninguém quer contratar os meus serviços, festas em um estilo clássico e chic, as pessoas querem festas mais despojadas e modernas, e infelizmente a minha empresa de cerimonial de eventos fechou as portas.

Minhas funcionárias disseram que eu fui o culpado, por não me atualizar e acompanhar o mercado,não posso reclamar já que é verdade, mas eu sempre achei que o estilo clássico e o bom gosto jamais sairiam de moda.

Eu consegui pagar todos os direitos dos meus funcionários, mas pra isso eu tive que vender meu apartamento e o meu carro, e o dinheiro que sobrou só deu pra comprar uma casa na favela, isso mesmo eu que me julgava um homem refinado e de bom gosto acabei aqui, no morro da Candelária.

É claro que eu poderia voltar pra casa dos meus pais no interior do Rio Grande do Sul, mas não posso voltar como um fracassado, minha família é dona de metade da Cidade, supermercado, posto de gasolina, loja de roupas, calçados e móveis. Eu não posso voltar pra lá falido, não posso encarar meus pais assim. Sei que meus pais me receberiam de braços abertos sem julgamentos e sem broncas, menos o imbecil do meu irmão Mateus ele com certeza me encheria o saco.

Eu amo os meus pais, eles são amorosos e me apoiam muito, meu irmão também, ele é o meu melhor amigo, por isso quero dar orgulho pra eles, quero voltar como um homem bem sucedido, vou recomeçar do zero, vou encontrar um novo emprego, uma nova profissão e tudo vai ficar bem.

Como eu disse, eu cresci no interior do Rio Grande do Sul, meus pais eram donos de muitas lojas, mas eu queria ter o meu próprio império, eu sempre fui fascinado por isso, realeza, castelos, bailes reais , coisas medievais.

Eu me formei em administração, saí da minha cidade, fui pra São Paulo e comecei a trabalhar em uma empresa que promovia muitos eventos, depois de 10 anos eu me mudei pro Rio e abri o meu próprio negócio, que faliu em 5 anos. Hoje eu tenho quase 30 anos e estou na merda. Assim que eu falei pro Márcio o que tava acontecendo, ele me deu um pé na bunda , disse que não queria ficar comigo pra passar perrengue.

Conheci o Márcio no meu primeiro ano aqui no Rio, ele é um modelo, não é muito famoso, mas faz alguns anúncios pra internet. Ele me contratou pra fazer a festa de 15 anos da irmã dele, eu nunca tinha ficado com nenhum homem, mas ele me conquistou, me paquerou e flertou comigo até me levar pra cama, no nosso segundo ano fomos morar juntos, ele dizia que me amava, e eu sei que u o amava muito, mas foi só eu ficar pobre que ele me deu um fora.

Eu contei pra ele minha situação no início da semana, na sexta, um mês antes de entregar o apartamento eu voltei pra casa e ele não estava, nem ele nem as coisas dele, eu liguei e ele não atendeu, depois ele me mandou uma mensagem dizendo que não me amava mais e que não queria ficar comigo e enfrentar dificuldades, depois disso ele me bloqueou,eu encontrei com ele depois, e ele fingiu que não me conhecia, isso partiu o meu coração.

Então agora eu estou aqui, na frente da casinha minúscula que eu comprei morrendo de medo e cheio de incertezas,mas com muita esperança de tudo vai dar certo.

Fui até um barzinho que tem na rua de cima comprar um refrigerante, aproveitei pra fazer amizade com a dona de lá, a Bete. Ela me contou tudo sobre esse lugar, sobre como aqui é pacíficado e não tem tráfico. Ela me disse que quem manda aqui é uma tal de Duquesa, apesar de não ter tráfico essa tal de Duquesa que coloca ordem em tudo , ela resolve os conflitos dos moradores, é tipo um juiz. Ela também dirige o centro comunitário e organiza os bailes , já gostei dela, parece ser uma mulher incrível.

- Bete, um dia quero conhecer a Duquesa, posso ajudar ela a organizar o baile, já que eu tenho muita experiência nisso né.

Do nada, todo mundo que tava no bar caiu na risada e eu fiquei sem entender.

- Mas tú é muito metidinho mesmo né, escuta aqui gaúcho, não se mete com a Duquesa e fica longe dela, ouvi e vai acabar conhecendo a Polly.

- Quem é Polly?

Eles riram mais ainda.

- Polly é a melhor amiga da Duquesa, é melhor rezar pra nunca conhecer ela, ninguém saiu inteiro depois de da de cara com a Polly.

Esse povo daqui é doido.

No dia seguinte eu consegui uma entrevista em um hotel muito elegante da cidade, acabei indo bem na entrevista e consegui a vaga de concierge, vou começar na próxima semana.

Voltei pro morro e passei pelo bar e tinha a maior confusão, um monte de gente em volta de dois caras brigando , eu não quis me meter e sai correndo assim que cheguei perto da porta de casa eu ouvi o barulho de tiros, e entrei pra dentro como um raio.

Eu ainda não sei se vou me acostumar a morrer aqui. As pessoas tem razão, eu sou meio metido mesmo, e às vezes um pouco arrogante, e também meio fresco pra comida. Por isso tenho dificuldade em fazer amizades e seguir ordens. Às vezes quando eu falo parece soberbo e orgulhoso, mas nem sempre eu percebo isso, mas isso me afasta de muitas pessoas, tento pensar que são pessoas que não serão boas pra mim, mas a minha mãe disse uma vez, que um dia eu vou encontrar alguém pra baixar a minha "crista".

Bom, ela está errada, até hoje esse "alguém" nunca apareceu.

Esse sou eu.

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