Capítulo 4

Entro no escritório sem bater na porta.

Sarah: — Pai! Eu estou de saco cheio... — Travo a fala ao ver que ele está em reunião com James Copacco.

Gregório: — Já te ensinei a bater na porta antes de entrar, Sarah!

Sarah: — Eu volto depois. — Digo, virando-me para sair.

Gregório: — Não precisa. Pode ficar aqui.

Gregório: — O assunto também te envolve. Senta aí.

Sarah: — Ãhm... Tá bem. Licença. — Falo, fechando a porta atrás de mim e me acomodando.

Gregório: — Continuando... Sarah já é uma mulher adulta e pode arcar com isso.

Sarah: — Isso o quê, pai? — Dirijo o olhar para ele, de imediato.

Gregório: — Você e James se casarão.

Sarah: — Como assim?!

Sarah: — Eu não vou me casar agora! — Afirmei, aumentando o tom de voz.

Sarah: — E para piorar, eu nem conheço esse homem!

Gregório: — Eu não admito que você se comporte dessa forma aqui dentro! — Retrucou, elevando ainda mais o tom.

Sarah: — Então não me peça para ficar.

Gregório: — Por favor, não interrompa a reunião. Você não é mais uma criança, Sarah! — Esbravejou.

Gregório: — Permaneça em silêncio.

Cruzo os braços e fico calada, ouvindo a conversa.

💭 Como assim meu pai quer que eu me case com este homem? — Olho para James e depois para mim mesma, em choque — Eu nem o conheço!

Após a saída de James, volto-me para meu pai.

Sarah: — Eu não quero me casar, Gregório.

Gregório: — Você não tem escolha.

Sarah: — Eu me recuso. Não tenho escolha, mas tenho O DIREITO de recusar essa proposta absurda!

Sarah: — O senhor enlouqueceu?

Sarah: — Não vê que está me vendendo para esse homem que eu nem conheço?!

Gregório: — Não estou te vendendo coisa nenhuma! Você servirá como um bom negócio.

Sarah: — E isso é o que, caramba?! — Bati as mãos na mesa, irritada.

Gregório: — Pense pelo lado bom: Você se casando com ele, as porcentagens da empresa serão depositadas em você, e isso me trará muito lucro, Sarah.

Eu fico sem palavras. Não consigo acreditar que meu pai vai me usar como isca para aumentar sua fortuna.

Sarah: — Eu odeio você, Gregório! Você é o pior pai que alguém pode ter.

Sarah: — A única coisa que você se importa é com sua reputação e o dinheiro que entra na sua conta.

Sarah: — Você acha que tudo se resolve com cartões sem limite, cartões Gold e dinheiro infinito. Mas você esquece que, em uma família, o amor é o mais importante.

Sarah: — O amor, o carinho e o apoio da família — Ilustrei com os dedos a cada detalhe que falava.

Sarah: — Depois que eu descobri a verdadeira história por trás da morte da mamãe, entendi o motivo dela ter tirado a própria vida.

Sarah: — Você não falhou só como marido, mas também como pai.

Sarah: — Você simplesmente me usa! Como você não podia ter filhos, obrigou minha mãe a ter relações com outro homem na sua frente, para me gerar e depois fazer o mesmo comigo anos depois.

Sarah: — Eu não quero ser mais uma de suas vítimas! Seu nojento!

Sarah: — Eu odeio ter você como pai.

Sarah: — Você é o pior ser humano que existe na Terra.

Sarah: — Com licença. — Levanto-me, lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Sarah: — Eu espero que você repense suas atitudes, Gregório — Enxuguei as lágrimas, tentando conter o choro.

Sarah: — Quero deixar bem claro, que EU NÃO VOU ME CASAR COM AQUELE HOMEM!

Gregório: — Não há o que mudar, Sarah. Você vai aceitar minha decisão e ponto final.

Gregório: — Você vai me obedecer. O contrato já foi assinado.

Gregório: — E eu não sei por que você está reclamando! — Ele diz com sarcasmo, levantando-se e aproximando-se de mim.

Gregório: — Puta do jeito que você é, quero ver para quem você se recusa a dar — Aproximou o rosto do meu, segurando- o com as duas mãos — Você é uma put#!

Sinto um peso esmagador no peito. Como ele pode dizer isso, sabendo tudo o que eu passei? Ele conhece minha dor e ainda assim me trata com desdém!

Sarah: — Eu odeio você. — Falo em meio às lágrimas, tirando com raiva as suas mãos sujas do meu rosto e saindo do escritório com passos pesados.

Saí pelas portas do fundo e fiquei atrás da mansão chorando, para que ninguém pudesse me ver.

Eu não sei o que eu faço.

Fiquei ali por mais ou menos uma hora. Subi para o meu quarto, tomei um banho e pedi para o Vitor me levar até a casa de Larissa. Como o dia estava frio, coloquei uma roupa mais confortável.

Quando Vitor me viu, seu rosto se contorceu em uma expressão de espanto, mas ele se conteve e não disse nada. O silêncio pairava no ar no carro.

Vitor: — Você quer conversar? — Ele me observa atentamente, mas não obtém resposta.

Vitor: — Olha, sei que não é da minha conta, mas eu escutei as gritarias vindo do escritório do seu pai quando aquele homem saiu. — A preocupação é evidente em sua voz.

Vitor: — Fiquei preocupado. Pelo que me falaram, seu pai é agressivo. Não te conheço muito bem, mas fiquei com medo de que ele fizesse algo para te machucar.

Ele dá uma olhada rápida para mim, o semblante grave.

Vitor: — Gregório parece forte, Sarah.

Sarah: — Ele é mesmo — Minha voz é cheia de resignação, e eu olho para fora da janela.

Vitor: — Você está bem?

Quando ele pergunta, eu não consigo disfarçar o choro. Minha respiração fica ofegante, e as lágrimas começam a cair. Vitor estaciona o carro e vem para o banco de trás. Com um gesto suave, ele me envolve em um abraço reconfortante.

Vitor: — Eu sinto muito, Srta — Ele murmura gentilmente, tentando me acalmar.

Vitor: — Eu não sei ao certo o que aconteceu, mas não fica assim... — Ele me dá um leve aperto no ombro.

Vitor: — Olha, sei que não confia em mim ainda, pois é seu primeiro dia comigo, mas se você quiser desabafar, podemos fazer um trato — Ele fala com um tom sincero e reconfortante.

Vitor: — Você me fala o que te incomoda e eu te falo o que me incomoda — Ele tenta me oferecer um sorriso encorajador.

Vitor: — Sou um cara bacana. Pode ficar tranquila que não tenho intenções erradas com você, Srta. Quero apenas te ajudar.

Vitor: — Pareço ser forte assim, mas sou muito frágil também. Hoje não estou num dia bom, assim como você também não.

Eu me sinto um pouco mais confortável com suas palavras e o abraço. Inicialmente, estava desconfortável e temerosa, mas agora começo a relaxar um pouco e o choro se intensifica.

Sarah: — Me desculpe. Eu não queria causar uma situação como essa.

Quando ele se afasta, percebo que ele está um pouco constrangido. Sinto a mesma estranheza, pois ainda não nos conhecemos bem e a situação é inusitada.

Vitor: — Não, imagina! Você pode ficar tranquila que eu sou um cara totalmente compreensivo.

Vitor: — Você quer conversar um pouco?

Eu tento me recompor e, entre soluços, começo a desabafar sobre os meus sentimentos em relação a Gregório. Conto a ele sobre minha mãe e a razão de sua trágica decisão.

Vitor: — Bem. Como combinado... Eu vou conversar um pouco também.

Ele respira fundo, o olhar melancólico.

Vitor: — Eu não estava muito afim de voltar para o trabalho hoje... — Ele olha para fora do carro, lembrando do que aconteceu.

Vitor: — Sou um homem do coração muito grande e fraco. Quando deu o meu horário de almoço, fui à casa da minha namorada com uma marmita deliciosa com coisas que ela gosta de comer, para fazer uma surpresa para ela — Ele balança a cabeça, com tristeza no olhar.

Vitor: — Contudo, quando eu cheguei lá, peguei ela me traindo com um dos meus colegas de trabalho. Fiquei arrasado!

Vitor: — Deixei minha aliança com ela e saí de lá.

Sua voz está cheia de dor, e ele se afasta um pouco, como se tentasse processar o próprio sofrimento.

Vitor: — Não consegui nem almoçar depois daquilo.

Sarah: — Eu sinto muito, Vitor — A minha voz é suave e empática, enquanto olho para ele com compreensão.

Sarah: — Você não quer comer algo?

Vitor: — Não, não, senhora.

Ele sorri fraco, a gratidão evidente em seus olhos.

Vitor: — Obrigado.

Sarah: — Tá bem. Por favor, vamos retornar ao caminho.

Vitor: — Casa da Larissa, isso? — Se recompôs, voltando para sua postura de "homem bruto".

Sarah: — Sim, por favor.

Vitor: — Tá bem. Espera só um pouquinho... — Ele se aproxima de mim — Licença — Vitor limpa gentilmente o rímel borrado do meu rosto.

Vitor: — Não fica assim.

Vitor: — Procure maneiras de esquecer essa situação.

Sarah: — Te digo o mesmo.

Eu me sinto um pouco envergonhada, mas também acolhida pelas suas palavras. O restante do caminho foi em silêncio. Eu estava ainda constrangida e com vergonha da situação anterior. Quando chegamos, agradeci a Vitor.

Vitor: — Antes de você sair... — Ele me olha com um sorriso encorajador.

Vitor: — Quero te lembrar que o que aconteceu é normal.

Vitor: — Apenas te acolhi e você fez o mesmo. Te dei ouvidos e você retribuiu.

Vitor: — Como dizem: Uma mão lava a outra.

Vitor: — Não quero que o clima entre nós fique estranho. Essa sensação se dá pelo fato de não nos conhecermos direito, ou ao menos não termos intimidade.

Vitor: — É normal. Logo, logo vamos nos acostumar com a presença e com a amizade um do outro — Piscou e fez um som com o vento puxado para entre os dentes na região da bochecha.

Sarah: — Tudo bem — Eu dou um sorriso agradecido.

Sarah: — Obrigada, Vitor.

Vitor: — Eu que agradeço. Estarei aqui fora te esperando.

Sarah: — Eu acho que você pode ir. Vou ficar por aqui hoje.

Vitor: — Vou esperar, Srta — Ele me dá um sorriso encorajador e um aceno de cabeça.

Vitor: — Amanhã você tem faculdade. Não deixe pessoas baixas abalar o seu futuro.

Vitor: — A intenção delas é justamente essa.

Assenti com a cabeça e toquei a campainha de Larissa, que apareceu rapidamente.

Larissa: — Oi, amiga! — Me cumprimenta com um sorriso e um abraço acolhedor.

Larissa: — Está vindo de passagem?

Sarah: — Não, Lari. Vim conversar um pouco com você.

Larissa: — Ah, sim! Perdão. Você não tinha avisado. — Riu.

Sarah: — Desculpa, é que foi tudo muito corrido.

Larissa: — Oi! Tudo bem? — Ela cumprimenta Vitor, que retribui o cumprimento com um sorriso.

Larissa: — Bem. Vamos entrando, amiga? — Abriu passagem.

Sarah: — Sim.

Antes de entrar, sussurro próximo a Vitor.

Sarah: — Tenta fazer alguma coisa para distrair a cabeça também! Vai conversar com alguém ou dar uma volta por aí.

Sarah: — Quando eu precisar de você, eu te ligo!

Vitor: — Tem certeza?

Sarah: — Tenho, sim. É melhor que seja assim.

Vitor: — Tá bom. Passa bem, Sarah. Obrigado.

Sarah: — Te digo o mesmo. — Respondo com um sorriso simpático antes de entrar na casa.

💭 Que homem do sorriso lindo...

Continua...

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Comments

Leticia Verçosa

Leticia Verçosa

chocada até agora com essa menina sofreu

2024-06-30

0

Amélia Rabelo

Amélia Rabelo

nossa com um pai desse não precisa de inimigo

2024-04-01

6

Vó Ném

Vó Ném

Esse pai é carrasco...acho que o Vitor será o apoio dela na casa !!

2024-03-14

0

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