Capítulo 18

Ela ainda disse que as minhas escolhas e o meu modo de viver, meu envolvimento com coisas erradas que fizeram eu perder a Liz, chorando falei pra ela que eram inverdades e as consequências podiam ser muito piores pra eles do que pra mim, ela respondeu tomando a Liz dos meus braços

- Você está me ameaçando?

Respondi saindo pra fora do quintal

- Não. Mais aqui se faz aqui se paga, você como mulher e mãe jamais devia estar participando disso Thaís, eu nunca fiz nada que colocasse ela em risco, é a minha filha!

Ela entrou me deixou falando sozinha, fiquei muito triste e extremamente revoltada com um ódio tão grande que se pudesse acabava com a Ariela ali mesmo, passei na minha tia, fiquei transtornada, peguei as minhas coisas o Gael e a Ana, o clima lá estava muito ruim mesmo, me despedi agradeci minha tia, me desculpei por ter colocado ela no meio dos meus problemas, voltei pra minha cidade para encontrar o Valter, no caminho fiquei completamente quieta, quando estava chegando falei para a Ana

- Você tem pra onde ir? Acho que vou resolver sua situação e não posso ficar com você em casa.

Ela respondeu

- Como assim resolver?

Não falei a verdade, só disse que ela ia ficar bem, que ninguém iria atrás dela, ela disse que ia embora pra casa de uma amiga um pouco longe, deixei ela no terminal rodoviário, dei dinheiro, nos despedimos, ela me agradeceu muito e pediu desculpas, disse que eu não merecia tudo o que estava passando, que ela iria se arrepender pra sempre, por tudo...

Fui pra casa e praticamente não estava conversando com o Augusto, as vezes que liguei ele quase não atendeu, até nas mensagens ele não estava demonstrando estar querendo conversar e a gente nem tinha se visto desde tudo, eu estava muito ansiosa pra ver ele pessoalmente, saber como estava se recuperando, ele foi pra casa da Lúcia quando recebeu alta, mais já estava em casa.

Quando cheguei no portão desci para abrir, comecei sentir falta de ar, guardei o carro peguei o Gael e fui entrando, a sala estava um pouco bagunçada, copos pratos, roupas jogadas, ouvi o barulho da televisão no quarto, fui entrando e assim que cheguei na porta vi o Augusto lá deitado, ele falou sério

- Oi e aí como você tá?

Ele estava deitado, eu com o Gael no colo parada em pé e ele nem se mexeu pra falar comigo, tudo bem que estava com o pé engessado e o braço imobilizado, mais eu estava sentindo que tinha algo diferente, respondi sentando na beirada da cama perto dele

- Tô muito triste, consegui ver ela um pouco, mais não consigo aceitar isso, ela é nossa filha Augusto.

Comecei chorar, ele pegou o Gael no colo, se aproximou, ficamos abraçados, ele falou quase chorando

- Vou resolver já te falei, fica calma, como ela tava? Você falou com o Henrique?

Contei o que aconteceu lá na cidade da minha tia e perguntei como ele tinha me achado no sítio, ele respondeu enxugando as lágrimas

- Não vamos ficar relembrando o que aconteceu, não quero falar disso.

Respondi brav.a chate.a.d.a

- Não quer falar? Augusto a gente não se viu desde tudo, tô tentando falar com você a dias e você vem me evitando, o que tá acontecendo?

Ele respondeu super grosso

- Você sempre quer tudo do seu jeito né Angélica, olha pra mim eu também passei por tudo aquilo, você não estava sozinha esqueceu, você acha que eu não sofro pela Liz também? Ela é tão minha quanto sua e a culpa é minha!

Interrompi e falei ja começando uma discussão

- Não fala assim comigo, boa parte da culpa foi sua mesmo! A minha madrasta acha que eu mandei você matar meu pai, ela acha ou melhor sabe, que você é bandido!

- Eu tô sozinha a semanas mesmo, você tá diferente comigo e eu precisando de você, do seu apoio, meu leite secou, eu não consigo dormir, o Gael não fica meia hora sem chorar muito, isso tudo dói demais, o Gael só chora a dias e eu não consigo ser a mãe que ele precisa, eu não como, não durmo mais.

Enquanto eu falava ele foi levantando, pegou a muleta e foi indo pra fora do quarto me ignorando completamente, o Gael começou chorar por causa da nossa agitação, ele não estava se adaptando a fórmula, estava ressecado com cólicas e muito estressado, bati a porta do quarto fiquei quase uma hora lá fechada, o Gael precisava tomar banho e mamar, sai do quarto com ele no colo, fui na cozinha comecei preparar a mamadeira, passei pela sala vi que o Augusto estava lá deitado, chorei muito, dei banho no Gael, fui até a sala e falei

- Você pode ficar com ele pra eu tomar banho?

Ele respondeu com indiferença

- Põe aí no carrinho .

Eu respirei fundo pedi calma pra Deus, dei as costas, fui peguei o carrinho deixei na porta do banheiro, quando sai do banho ele estava no mesmo lugar, comecei me arrumar pra sair, coloquei uma calça jeans, tênis e uma camiseta básica preta, como lavei o cabelo, fui escovar só pra não pegar friagem mesmo, arrumei o Gael também, eu ia encontrar o Valter, quando eu estava pegando a bolsa as chaves na cozinha, o Augusto levantou se aproximou e falou sem jeito me encarando

- Vai sair?

Balancei a cabeça que sim e continuei com o que estava fazendo, ele perguntou a onde eu ia, falei que precisava ficar sozinha pensar na vida e já fui saindo, ele nem falou nada.

Fui até a casa do Valter que nem era na minha cidade, ele já estava me esperando, quando entrei ele e a Aline foram me receber, sentamos na sala, ele logo disse

- Então você vai aceitar a minha proposta?

Respondi engolindo o choro

- Preciso de ajuda e suponho que você não vá me ajudar sem querer algo em troca, não é?

Ele disse que estava pensando no Augusto, no que era melhor pra ele, que seguir o legado da família era o melhor para o bem maior de todos, não tive paciência pra ficar ouvindo, interrompi e falei

- Então como vai ser? Quero a minha filha. Você sabe que não posso simplesmente deixar ele do nada, temos uma vida juntos, filhos uma família, ele não vai aceitar a separação assim do nada.

Ele respondeu como se eu estivesse sendo exagerada

- Mas a pressa é toda sua, se você não conseguir terminar com ele rápido, vou demorar mais tempo pra conseguir recuperar a menina .

Perguntei se ele ia cumprir com o combinado e deixar a Ana livre, ele disse que sim, viva, que ia me dar bastante dinheiro, me deixar bem e recomendou que eu me mudasse pra longe, falei que ia fazer o que ele estava me pedindo, mais que não queria um centavo do dinheiro sujo dele e que independente de me separar, que não ia cortar os laços das crianças com o Augusto nunca, ele disse que podia me dar e tirar a minha filha caso eu não cumprisse com o nosso combinado, foi muito difícil pra eu aceitar isso, tomar essa decisão .

Perguntei se ele tinha proposto algo ao Augusto, ou se ele tinha pedido a ajuda dele, ele disse que não para ambas perguntas, eu não acreditei.

Conversamos pouco, ele disse que ninguém poderia saber de nada e nem eu poderia saber como ele iria conseguir a Liz de volta, para minha segurança mesmo.

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