Capítulo 4

Conversamos bastante sobre nós porque morando longe estava difícil e o Gael ia logo nascer, ele disse que ia sair dos negócios da família e que estaria fora pra valer, que o pai dele não gostou, mais que compreendia o lado dele, senti que o Augusto não gostou da decisão que tomou, não sei se era medo do pai, ou se ele realmente gostava do que fazia, perguntei se ele estava certo daquilo, ele disse que antes não se importava muito, porque não tinha nada a perder, mais que agora tinha nós e não faria nada que colocasse a gente em risco ou que o colocasse em risco, deixando nós sem ele, que amava a nossa família mais do que tudo, comecei chorar, ele ficou me falando que não tinha porque chorar, porque era oque eu queria, mais falei que era de alívio e alegria, porque íamos viver em paz e que a vida do meu pai foi um exemplo do que eu não queria pra minha.

Ele tambem falou que ia ter que pegar mais trabalhos no Studio até o Gael nascer, pra poder ficar me ajudando depois na dieta, faltava pouco, eu estava com nove meses, os dias foram passando e nada do Gael querer sair do forninho, estava tudo pronto pra chegada dele, a gente não estava se aguentando de ansiedade, as duas últimas semanas foram as mais difíceis e cansativas pra mim, eu tinha que cuidar da Liz, que dava um pouco de trabalho porque não parava quieta, já andando mexendo em tudo.

Eu estava enorme, muito inchada com dores, a médica estava achando que teríamos que fazer uma cesárea, eu não queria, mais não teve jeito, marcamos a cesárea, tudo pelo convênio, fiz todo o pré natal em médico particular, a dona Lúcia ficou com a Liz no grande dia e o Augusto foi comigo, fui mais calma rindo e ele preocupado, ele assistiu ao parto, chorou bastante, me agradeceu por ter dado o Gael a ele, eu também me emocionei muito, tiramos foto na sala de cirurgia mesmo, foi muito emocionante e marcante, pra nós dois, o nascimento do nosso menino foi incrível, o Gael nasceu com 4.165 kg 39 centímetros, ele era enorme loirinho, eu não conseguia parar de admirar, uma boquinha linda igual a do Augusto, era a cara dele. .

A noite a Gabriela minha cunhada e a Laura foram me visitar no hospital, a Lúcia estava com a Liz na casa dela, preferiu esperar a gente ir pra casa pra conhecer o Neto, não tive dificuldade pra amamentar, mais a recuperação os pontos me fizeram sofrer um pouco, era uma dor que não passava, quando recebi alta, a Lúcia já estava em casa, tinha deixado tudo arrumado pra receber a gente, ela ficou muito emocionada ao conhecer o Gael, falou que ele era a cara do Augusto quando bebe, que quando ela carregou ele teve a mesma visão de quando teve o Guto, ela me abraçou e falou que sonhou com aquele neto, desde que soube que eu estava grávida, que ia dormir e acordava pensando nele.

Que Deus tinha me colocado na vida deles com um propósito maior, que tudo o que aconteceu com a nossa família, nada foi por acaso, que foi Deus agindo, ela era muito crente de fé, crente em Deus, agradeci ela por cuidar da Liz e por tratar ela com amor de avó, quando cheguei a Liz correu no colo do Guto falando que queria assistir no celular dele, ela nem deu muita atenção pra mim e para o Gael .

A família toda estava ansiosa pra conhecer o nosso menino, mais a gente só queria ficar sozinho e descansar, como não fazíamos exposição das nossas vidas nas redes sociais, ninguem de parente mais distante ficou indo incomodar querendo visitar, mandei foto para minha madrasta, tia e amigas próximas apenas, minha tia ficou de esperar ele completar um mês pra ir visitar e a minha madrasta foi quando ele estava com onze dias, foi coisa rápida a visita dela, ela avisou cedo, me ligou, chegou era quase hora do almoço, o Augusto estava fazendo comida, ela ficou com a Liz e meu irmão brincando no chão da sala, conversamos um pouco.

Ela estava morando longe em outra cidade com os familiares dela e me parecia ainda muito abatida, ela disse que não conseguia se aproximar de ninguém, que meu pai era único e insubstituível pra ela, chegou chorar falando dele, o amor deles era coisa de l.o.u.c.o, eu também sentia por ter perdido meus pais, mais não tanto com o passar dos meses, o Augusto ficou na cozinha todo o tempo, eu senti que ele não estava muito confortável, depois quando ela foi embora, perguntei se estava tudo bem, ele disse que gostava de me deixar a vontade com a minha família, só isso .

Ele estava me ajudando bastante, bem paizão mesmo, a Liz era toda dele o dia todo praticamente, ele saia com ela pra eu poder dormir e ele também estava cuidando da casa, a nossa felicidade era tanta que não faltava mais nada, eu me sentia completa realizada, tinha um companheiro que me amava e me tratava como rainha, filhos de certa forma fruto do nosso amor, porque a Liz era todinha dele independente de laço sanguíneo, engraçado era ele tratar ela até melhor do que o Gael, se fosse outro homem cabeça dura, ia querer dar preferência ao recém nascido com certeza, mais o Augusto não, a Liz era filha dele e pronto.

Os dias foram passando rapidamente, eu estava me recuperando bem, quando o Gael estava com 26 dias, falei para o Augusto enquanto a gente jantava, só pra preparar o terreno

- Guto acho que na semana que vem meus tios vem pra cá .

Percebi que ele respondeu em tom de desaprovação

- Você não acha que tá muito cedo pra receber visita assim ?

Respondi que não, que a família dele já havia ido toda, ele então largou o prato e falou levantando

- Pelo menos a minha família tá do nosso lado beleza, eu não ia falar nada Angélica, mais ouvi vocês duas conversando aqui da última vez que sua tia veio, tô ligado na dela já .

Falei sem jeito

- O que você ouviu? Minha tia também tá do nosso lado Augusto, não tô entendendo.

Ele respondeu

- Eles não confiam em mim Angélica, não sei o que você falou pra eles pra ficarem assim .

Respondi que não falei nada demais, que era coisa da cabeça dele, ele respondeu irritado c.h.a.t.e.a.d.o que estava cansado de fazer tudo por mim e sempre sair como errado, que a minha família não fazia a menor idéia de tudo o que ele já havia feito por mim, ele estava muito c.h.a.t.e.a.d.o tentei conversar falei que era coisa da cabeça dele, que se ele não quisesse receber eles em casa, que eu ia inventar uma desculpa, ele ficou quieto não disse nem sim, nem não, tomou banho se trocou e disse que precisava sair, foi me evitando, respondi

- Você vai levar a Liz?

Já era umas 20:00 ele respondeu

- Não, preciso ficar sozinho um pouco. Coloca um desenho, sei lá, ela vai ficar quieta, não vou demorar muito, qualquer coisa me liga e eu volto .

Falei que tudo bem, ele passou perfume, pegou o boné, as chaves, a carteira e eu olhando séria com o Gael no colo mamando, ele saiu pelos fundos pra Liz não ver, não me beijou e não falou onde ia, fiquei incomodada, mais pensando que ele devia tá cansado da nossa rotina, assim como eu também estava, ele não falou o que ouviu sobre eu e a minha tia conversando.