Capítulo 3

Ela estava falando quando ele entrou na cozinha, ela ficou quieta no susto e disfarçou, ele pegou a Liz, começou conversar com ela perguntando porque ela estava chorando, foi abrindo o armário pegou o pote de bolachas e eu toda sem jeito pálida feito papel, com medo dele ter ouvido a nossa conversa, minha tia começou lavar louça, falei pra ele

- Agora não é hora de bolacha, ela já comeu um monte de porcarias hoje com as crianças.

Me referi ao meu irmão e minha prima, eram maiores que a Liz e estavam em casa, eles eram terríveis, ela adorava ter crianças pra brincar ficar correndo atrás, ele respondeu sem jeito

- É só uma Angel ...

Olhei séria pra ele já estava i.r.r.i.t.a.d.a mesmo, ele perguntou

- O que eu faço? Posso oferecer lá fora pra eles ou não?

Ele ficou sem jeito comigo também, aquele clima chato, minha tia respondeu

- Claro que pode, leva o pote lá. Vão adorar ! Pode levar .

Ele saiu pra fora, fiquei pensando na r.a.i.v.a que eu estava dele e nas perguntas estranhas da minha tia, ela logo falou

- A gente não devia ter ficado aqui, vocês estão brigados não é?

Falei que não nada a ver, ela respondeu

- Angélica você sabe que eu só quero o seu bem... Mais não tô aguentando, eu preciso te perguntar uma coisa...

Falei pensando lá vem bomba, falei

- Diga !

Ela respondeu

- Tô vendo a Liz com o Augusto e a única coisa que eu consigo pensar é na semelhança dela com o Miguel quando era pequeno e na falta de semelhança dela com o Augusto .

Não consegui disfarçar e fiquei nervosa, respondi descontraindo

- Miguel? O irmão do Henrique? Que isso tia? Tá doida?

Ela respondeu

- É . Eu fiz as contas e tudo bate .

Comecei chorar não sabia o que dizer, ela falou pra eu me acalmar porque meu segredo estava seguro com ela, fomos para o quarto, tranquei a porta, contei tudo a ela da época da separação com o Henrique e como eu soube da gravidez, ela falou que não queria me julgar e jamais iria falar pra alguém, mais que era direito do Henrique saber a verdade, que se eu deixasse a mentira ir longe demais, eu podia perder a confiança da Liz no futuro, que ela podia se revoltar contra mim um dia.

Fiz ela prometer que não falaria nada sobre o assunto a ninguém, quando saímos do quarto eu estava com uma cara péssima, olhos vermelhos inchados, lavei o rosto, mais não estava dando pra disfarçar, fomos para o quintal, o Augusto estava lá conversando com eles pra me agradar com certeza, ele me olhou já percebeu que tinha algo acontecendo, na primeira oportunidade se aproximou e me falou baixinho

- Tá tudo bem Angel? Você ta brava comigo ainda?

Respondi

- Tudo sim. Não, tô de boa, se você quiser ir dormir na sua mãe, pode ir . Sem problemas!

Ele me abraçou e disse carinhoso

- Porque você estava chorando? É culpa minha né, me desculpa, vou ficar aqui beleza, não vou dormir na minha mãe.

Tentei disfarçar, beijei ele e desconversei, eu ainda estava pensando se ele tinha ouvido a nossa conversa na cozinha, fiquei super tensa também meio triste, ele tentou se enturmar, ficou dando atenção pra todos, na hora que fomos dormir, ele perguntou se eu estava animada com o chá, se eu estava gostando das visitas, que podíamos receber eles mais vezes, ele estava querendo me agradar porque viu que eu não estava bem e estava se sentindo culpado, mais a culpa não era dele, não toda pelo menos. Guardei tudo pra mim, não falei nada pra ele sobre minha tia saber da paternidade da Liz .

O chá foi muito legal, fizemos bingo, brincadeiras, ganhei muitas coisas, bastante fraldas, sabonetes, lencinhos, a minha família exagerada como sempre deram roupinhas coisas mais caras, a dona Lúcia deu a saída da maternidade junto com a Nina, a Gabriela deu um cobertor e um travesseiro com uma oração, todo mundo se divertiu bastante, eu tentei esquecer o que vinha me preocupando e não falei nada pro Augusto, do que conversei com a minha tia, ele chegou perguntar se estava acontecendo algo, porque eu estava diferente, falei que não, imaginaaaaa, que eu só estava cansada, no domingo foram todos embora, minha tia tentou me tranquilizar, não pudemos conversar muito sozinhas, mais ela falou que eu podia confiar nela e que deveria tomar cuidado, porque assim como ela suspeitou, outras pessoas podiam desconfiar.

No último mês da gestação fizemos ensaio fotográfico nós dois e a Liz, a gravidez foi tranquila e fiquei enorme, com uma barriga gigante bem maior que da primeira vez, eu estava chegando na reta final e um dia acordei chorando, eu estava tendo um pesadelo com o Guto e no sonho ele foi preso, nós já estávamos praticamente morando juntos e eu sabia que ele estava mexendo com as coisas lá dele e isso mexia com a minha cabeça, ele super atencioso me acalmou, falou que era bobeira, que estávamos juntos a anos e nunca aconteceu nada a ele, mas ainda fiquei me sentindo m.a.u sentida, triste o dia todo

Ele me perguntou se eu queria conversar sobre " aquilo " porque ele não gostava de falar e eu não gostava de saber, algumas coisas como o Thiago por exemplo, foi um assunto esquecido, ele só falou que haviam se resolvido, eu mudei de cidade, nunca mais vi ele, nem soube nada, a gente só superou aquilo.

Ele foi falando que ia ficar uns dias fora, falei que não queria saber pra não me preocupar, acabamos nos desentendendo, logo falei que dá outra vez, ele me largou sozinha no fim da gravidez e não esteve ao meu lado quando mais precisei, que ele tinha que priorizar a nossa família, eu tinha um ranço enorme do meu sogro e nunca mais fui lá.

Eu estava muito sensível, chorei bastante fiquei nervosa, ele então prometeu que seria a última vez, que quando o Gael nascesse ele ia parar com tudo, que só precisava resolver umas pendências para o Valter, fiquei muito chateada sem falar com ele, ele foi viajar assim mesmo, passou a semana fora, a Liz já entendia as coisas, estava começando falar e sentia muita falta dele, chamava por ele todos os dias, quando o celular tocava ela já falava que era o papai, a gente conversava por ligação, mensagem e chamada de vídeo, teve uma noite que durante a chamada a Liz estava dormindo no meu colo, estávamos no sofá, ela acordou com a voz dele assim que ouviu, ja foi procurando olhando pra porta sonolenta, comecei chorar e falei

- Augusto eu não tô dando conta. Olha pra gente, a nossa filha acorda só de te ouvir, ela quer você, o que você tem de tão importante pra fazer aí que não pode estar com a sua família?

- Precisamos de você aqui. Ela não pode ouvir carro no portão que vai ver se é você, eu tô cansada não consigo dar atenção pra ela direito. Vou desligar !

Ela começou chorar sonolenta com dengo, ele respondeu quase chorando

- Angel calma, você sabe que eu queria mais que tudo estar com vocês, vai ser a última vez, eu prometo beleza? Ooo filha, papai tá aqui, não chora. Liz, eiii, filha.

Nos despedimos, eu estava chorando, falei que se ele não colocasse um fim naquilo, que eu colocaria um fim no nosso relacionamento, porque logo seriam duas crianças chorando sozinhos comigo, eu estava com os hormônios a flor da pele, chateada com ele, juntou tudo ...

Ele pediu pra eu aguentar mais um pouco e me manter calma pelo nosso menino! No dia seguinte ele voltou pra casa, me pegou de surpresa, levou uma bola enorme colorida pra Liz, ele chegou me beijando, pegou ela no colo, perguntou se estava tudo bem, falei que sim, ele foi ficar com ela estavam na sala no tapete brincando e eu parada olhando com cara de b.o.s.t.a encostada na porta, ele me falou incomodado

- Vai ficar me olhando assim até quando Angel? Tô aqui pra vocês. Não tá bom?

Respondi passando a mão nos chutes do Gael, que estavam doendo

- Me deixa quieta Augusto, tô irritada .

Ele sorriu e respondeu debochado

- Você que manda meu amor .

Sai de perto e ouvi ele falando pra Liz

" vamo ver a vovó filha? "

Ela respondeu

" vovó/ vovó papai "

Já gritei da cozinha toda surtada

- Não é pra sair com ela Augusto, ela estava com febre ontem e tá frio.

Ele foi até mim e falou sério

- Não vai começar né Angel? Acabou, agora não vou mais sair de perto de vocês pra nada, tá bom? Não quero brigar, voltei pra curtir vocês.

Perguntei como ele tinha conseguido, ele disse que o pai dele entendeu o lado dele, que não gostou mais que compreendia e que não podia obrigar ele a ficar, mais que não podia ajudar em mais nada se ele saísse, que ele estava renegando a família a dinastia e isso iria dificultar muito o trabalho por lá, que se ele precisasse de qualquer coisa, ele não iria ajudar .

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