Capítulo 04

...CHRISTIAN WALKER...

— Caramba, Christian! - exclama Scott, correndo do meio do campo em direção à torcida.

 Alguns jogadores do time adversário e do meu time seguem na mesma direção. Acertei alguém, e não deve ter sido de leve. Fico parado, sem saber o que fazer. Vejo a equipe médica correndo e sinto um frio na barriga.

 Joseph se aproxima de mim e pergunto com um certo receio:

 — Em quem foi? – Peço aos céus para que a pessoa que acertei não seja uma mulher, porque com a força que joguei, o estrago não seria leve.

— Foi a melhor amiga do Scott - responde ele.

Fecho os olhos e solto um palavrão em minha mente. Vou até lá e vejo alguns paramédicos que já estavam no local, com algumas toalhas de papel ensanguentadas.

Scott olha para mim e balança a cabeça negativamente. Cerro os punhos para controlar minha raiva. Saio do ginásio, mas logo ouço meu treinador me chamar. Conto até dez mentalmente e me viro.

 — Não foi intencional - digo, me virando.

— Eu sei que não foi, Cristian, mas foi você quem quebrou o nariz de alguém. Você estava com raiva.

— Eu posso pagar um médico ou algo assim.

— Vou conversar com a equipe e ver o que eles decidiram sobre você.

Concordo e caminho em direção ao vestiário já vestindo um casaco por conta do frio intenso lá fora. Quando entro, vejo o Kavin, o capitão do outro time, mais dois de seus companheiros.

— Mandou bem, Walker. - ele implica.– você quebrou o nariz da princesinha Becker, cuidado, ela sabe usar uma seringa muito bem.

— E os pais dela bisturis. - completa o outro.

— Vá se foder e sumam daqui.

Minha vontade é voar em cima da cara dele, mas minha ficha já está muito suja nos últimos dias.Vou até meu armário e pego outra roupa, o maldito jogo terminou em empate e já encerraram. Saio do vestiário e Joseph vem até mim.

— Como ela está?

— Com um leve roxo no nariz, mas está bem. Ela está no ambulatório agora.

—Vamos lá, não quero parecer um covarde.

Caminhamos até o ambulatório e ao entrarmos no quarto onde ela estava, vejo Scott e outra menina rindo, mas eles param quando entro. Meus olhos encontram os da garota e sinto minhas pupilas dilatarem.

Me aproximo da cama e observo o rosto dela, que está um pouco rosado com uma mancha roxa perto do olho.

— Acho que você é o culpado por isso. - ela olha na minha direção e fala com sarcasmo.

— Desculpa, não foi intencional. - Digo rapidamente. – Posso pagar um médico e os remédios.

— Não precisa.

— Claro que precisa, eu resolvo isso, é o mínimo.

— Meus pais são médicos, está tudo bem. Afinal, você já se desculpou. Seu pedido de desculpas não vai melhorar nada, mas pelo menos você não foi um covarde.

Lembro de quem ela é filha e percebo que, na verdade, ela não precisa que eu pague por nenhum médico, já que tem um dos melhores neurocirurgiões do país em casa.

— Espero que você fique bem e me desculpe novamente.

Saio da clínica e dirijo ao estacionamento. Antes de entrar no meu carro, o senhor Tompson surge e aguardo por sua resposta.

—Você poderá participar do próximo jogo, pois o que aconteceu foi um acidente. No entanto, há uma condição: você não pode se envolver em qualquer confusão de agora em diante.

Assenti com a cabeça e entrei no veículo, trancando as janelas. Removi a neve do para-brisa e segui para minha casa.

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