Capítulo 18

Quando chego em casa é como se a realidade me desse um tapa na cara, eu tenho marcas de chupões por todo o corpo e uma dor nas costas insuportável, para provar que o dia que passamos juntos foi real, eu fico me lembrando de cada momento que passamos, eu queria que pudéssemos viver assim para sempre, é uma pena que ele não quer a nossa ajuda. Um sorrisinho bobo aparece no meu rosto, eu queria que uma resposta mágica aparecesse e acabasse com o controle que o irmão dele tem sobre ele agora, mas isso parece tão impossível.

Vou direto para o meu quarto, tomo um bom banho e coloco uma roupa leve para dormir, a Cami remarcou todo a minha agenda, mas hoje preciso falar com o meu pai e meu irmão sobre o que vamos fazer com a tríade, eu tenho um plano ainda que possa ser ruim, eu quero agir assim, e vou ter que convencê-los a aceitar.

Deito-me e fico recordando cada momento que tive com o Harry. Foi maravilhoso e perfeito. Ficará na minha memória para sempre. Nunca esquecerei a nossa primeira vez juntos.

Acordo com a Cami me chamando, já são duas da tarde do dia seguinte, ela me avisa que meu pai e meu irmão estão nos aguardando no escritório, eu sei que ela veio acordar porque está curiosa e quer saber tudo o que aconteceu em Londres, seu sorriso ansioso entrega suas intenções, se ela quer ser advogada ela precisa mudar suas expressões, seu rosto ilumina suas curiosidades, ela é quase um livro aberto, pelo menos para mim.

— Prometo te contar tudo mais tarde. — Falo e ela me olha com aqueles olhinhos de cachorrinho pidão. — Aconteceu muita coisa para eu tentar resumir agora, eu prefiro te contar tudo com detalhes mais tarde, ok!

— Quero saber todos, mas todos os detalhes. — Ela fecha a porta e eu me levanto para me arrumar.

Meia hora mais tarde, eu entro no meu escritório, eu coloquei uma roupa mais coberta eu não quero que meu pai ou meu irmão veja as marcas no meu corpo, por mais que eu não deva satisfação a ninguém, mas ainda assim não quero deixar explícito, a pureza apesar de não ser mais obrigatória, ainda é algo importante como tenho certeza que eles sabem que fui até a casa do Harry, não quero questionamento e nem expectativas prévias sendo criadas, apesar de mafioso, meu pai desde que se casou com a minha mãe ele se tornou um romântico sem causa, fora que eles vão me encher o saco se desconfiarem e vão começar a forçar o Harry a me assumir, como se isso fosse a coisa mais importante que temos que pensar no momento.

— Boa tarde, família. — falo e vou até a mesinha do bar pegar uma dose de uísque, já que eles estão servidos. 

— Oi, filha. — Meu pai fala e eu vou até ele, que beija a minha bochecha.

Meu irmão não demonstra qualquer tipo de opinião, apenas me observa atentamente a cada ação que realizo. Quando Dimitri e Ian chegam, mal tenho tempo de encher o copo e meu pai toma a iniciativa da conversa.

— Então, você encontrou os cadernos no México. O que planeja fazer agora? — Ele questiona. — Se você nos chamou aqui, imagino que tenha um plano em mente.

— Primeiro acho que seria bom dar um fim nesse caderno que tem coisas sobre as nossas famílias… — Começo a falar sobre a minha intenção, mas meu pai me interrompe.

— Você tem essa opção, mas não sei se vai ser algo possível, esse caderno pode até ter alguma coisa da nossa família, explicando o motivo deles terem certeza sobre o Zac, não ser meu filho de sangue, mas também possui vantagens sobre muitas outras famílias. — Meu pai pondera sobre a minha decisão e o meu irmão se pronuncia.

— O que o papai quer deixar claro, é o poder dessas informações sobre as pessoas das outras máfias.

— Quando você tem tantas “informações” sobre outras máfias, se desfazer disso devido às nossas é burrice, resumindo. — O Dimi fala.

— Papai, manter esse caderno é como manter os documentos do Zac, as pessoas vão sempre vir atrás de nós procurando por esse caderno. — Eu falo, eu quero que meu pai entenda que ter esse caderno é como ter uma fraqueza exposta, mas entendo a importância das informações das outras famílias.

— Filha no nosso mundo informação é poder. — Meu pai suspira. 

— Vocês acham que eu estaria propondo uma opção sem pensar nos prós e nos contras? 

— Não filha, eu tenho certeza que você pensou bastante antes, mas… — Meu pai e meu irmão se entreolham e isso tira a minha paciência, eu assumi esse cargo, sabendo de todas as merdas que viriam com ele, mas sempre parece que estão me escondendo algo.

— Na minha posição, ter que aceitar vocês me escondendo as coisas me deixa bastante irritada. 

— Não estamos escondendo nada, só não seria uma boa opção. — Meu pai fala antes que eu diga mais alguma coisa. — Se você encontrou esse caderno no México, eu acredito que ele não seja mais a única cópia.

— Você acha que a monarquia tem uma cópia ou essas informações armazenadas em algum outro lugar?. — Meu irmão questiona.

— Esse caderno estava nas mãos da monarquia por muitos anos e segundo meu informante, ele continua lá. — Meu pai tira o celular do bolso e mostra uma foto onde o caderno, igual ao que encontrei, está em uma gaveta. 

— Seu contato não pode estar te enganando?

— Filha, ele é o secretário direto do rei. — Meu pai suspira. — Esse caderno possui informações de todas as famílias ligadas a máfias, ele vem sendo preenchido desde do primeiro Capo, até o Giovanni. — Meu pai me encara. — Tínhamos um bom relacionamento com a monarquia, inclusive, algumas mulheres da famíglia se casaram com pessoas da família da monarquia, mas quando a tríade começou a dar problemas, ela colocou a família real em check, acusando eles de estarem se relacionando com a máfia.

— Foi aí que vocês criaram a regra de não se envolver com a monarquia? — Eu questiono.

— Quem criou essa regra foi o Giovanni, quando ele destruiu a tríade pela primeira vez, mesmo ele tendo entregado o caderno para a Rainha, ela ficou em cima do muro. — Ele continua.

— Ela nos traiu e ficou com o caderno. — Eu concluo.

— Não foi bem uma traição, mas foi a primeira vez que a nossa família teve acesso a esse caderno. — Meu pai aponta para o outro caderno.  

— Você ainda nem era nascido. — A voz da vovó nos tira do transe da conversa, ainda com seus setenta e sete anos, seus passos são silenciosos como jovem. Ela vem e se senta na cadeira atrás da mesa onde ela tem uma ampla visão de nós. — Vocês vão me servir uma dose dessa bebida? Tenho algo a contar a vocês. 

Ela veio até aqui, mas ela não está sozinha, o Sekani veio com ela, ainda que ele seja nosso aliado, eu não sei que quero ele tão inteirado no que acontece dentro da nossa família, até porque o nome da família dele também está nesse caderno, onde descobri que ele é um bastardo criado na Inglaterra e só após completar dezoito anos que o pai dele o assumiu como parte da família Kaneirugaba e ele apenas se tornou seu sucessor porque ele é o único filho homem, lá eles são mais rígidos nessa questão, imagino a surpresa que não deve ter sido para o avô dele me aceitar como Capo. 

— Sekani. — Eu o cumprimentei, para que todos percebam sua presença.

— Não tem problema ele estar aqui, pode ficar tranquila. — Minha avó fala, a velha continua afiadíssima, pegando tudo no ar.

— Mamãe, como você sabia que estávamos aqui? — Meu pai perguntou.

— Eu estava falando com o avô do Sekani, que teve um momento lúcido em sua doença e o Sekani me disse estar vindo falar com a Sophia e eu resolvi vir também. — Ela dá um gole em sua bebida e sorri para o Sekani que se senta ao lado do Ian.

— Então vamos direto ao ponto. — Eu me adianto.

— O Gio era muito inteligente, mas também muito ambicioso. E a tríade era a problema por resolver dele, mas ela nunca realmente fizeram algo de ruim para nós, eles faziam os negócios deles e nós o nosso, mas com medo da concorrência o Gio resolveu armar para eles perderem conexão e poder. — Faz sentido ele destruir todas as famílias da tríade apenas por despeito, pelo que ouço falar ele era bastante presunçoso. — Com isso ele colocou a virgindade da nossa irmã em leilão, óbvio ela era linda e quem se casasse com ela ganharia uma alta influência sendo parte da Famiglia.

— A prometida italiana do meu avô? — O Sekani questiona.

— Você achou que fosse eu, por isso você foi me conhecer melhor. — Minha avó fala e o encara com olhos de águia. — Posso ser velha Sekani, mas eu ainda conheço bem as pessoas e te garanto que com o tempo essa habilidade só aumentou.

— Me desculpa! — Ele fala e abaixa a cabeça envergonhado.

— Não são necessárias, mas não tente me enganar novamente, eu fui complacente apenas pelo seu avô. — Ela fala séria e encosta na cadeira que se reclina. — O Atual rei, antes príncipe ficou encantado e ofereceu uma quantidade enorme de dinheiro que obviamente o Gio recusou ele queria mais, os russos ofereceram o caderno da tríade, era bem mais vantajoso para o Gio na época, ele aceitou e deu a nossa irmã para eles.

— O meu avô não conseguiu aceitar… — O Sekani começa a falar, mas a minha avó o interrompe.

— Ele contou o plano do Gio para tríade, armou contra o Bratva para recuperar minha irmã que acabou morta pelos russos, a nossa família estava perdendo a guerra contra a Tríade, ainda que os russos estivessem ao nosso lado. — Ela suspira e fecha os olhos. — Então o Gio entregou o caderno em troca da Rainha ficar do nosso lado, ela aceitou o suborno, mas não cumpriu com a parte dela por motivos óbvios, a tríade estava de olho, foi daí que veio a emboscada, o único jeito de parar a tríade era acabar com os cabeças do grupo, nós tínhamos armas melhores e mais pessoas.

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