Capítulo 20

O seu vínculo emocional com ele, cultivado ao longo de uma década, não poderia ter se dissipado de forma tão abrupta.

A separação iminente gerou o distanciamento entre eles.

Ela não demonstrou disposição para deixar para trás qualquer vestígio de ressentimento e reclamações.

Durante aquela noite, Alícia foi incapaz de conciliar o sono. Inquietada no seu leito, ela se encontrava imersa em recordações da jornada compartilhada ao longo dos últimos três anos, tudo relacionado com Richy, que poderia exibir solicitude, afetuosidade, discernimento, romantismo, paixão, intensidade e, em alguns momentos, um certo distanciamento.

Ela ainda podia se recordar com nitidez daquele aniversário do grupo Lehmann.

Na ocasião, após consumir apenas uma pequena quantidade de vinho de uma taça, ela experimentou uma súbita sensação de desequilíbrio, o que a levou a procurar abrigo num quarto de hotel localizado no piso superior.

Na sua condição nebulosa, ela se lembrava vagamente de uma figura imponente.

Durante aquela noite, apenas alguns fragmentos de memória, subsistiam na sua mente. O seu avô desvendou o segredo deles e os confrontou separadamente, finalmente pressionando-os para se casarem.

Ela contraiu matrimônio com Richy.

Recordar a sua alegria naquela época era algo de fácil assimilação, às vezes que ele saia no dia do aniversário de casamento deles em viagens, ao trazer o seu bolo preferido. Ela amava esse homem profundamente porque havia se casado com o homem que correspondia às suas expectativas idealizadas.

Após se casarem, Richy regularmente comprava preservativos.

Um ano após o casamento, Alícia constatou que o seu relacionamento havia alcançado um estágio de estabilidade. Em uma ocasião, após estabelecerem uma conexão íntima, ela aconchegou-se nos braços dele e expressou:

— Richy, desejo que possamos conceber um filho seu juntos.

— Ainda não chegou o momento adequado. - O seu comportamento assumiu uma atitude fria e distante.

— Qual seria o momento apropriado? - Com incerteza, ela indagou.

— Teremos oportunidade de abordar este assunto posteriormente, querida. Filhos não são uma benção. É uma forma que a mulher encontra para prender o marido. - Ele gentilmente Ihe deu um leve afago na cabeça antes de se retirar para o banho.

Olhando para trás, ela chegou à conclusão de que possivelmente ele jamais teve a intenção de conceber um filho com ela.

Parecia que apenas Graziela ostentava o privilégio de conceber o seu filho.

Caso Alícia tivesse direcionado o seu olhar para os olhos dele naquele momento, seria possível que ela tivesse discernido a ausência de afeto e a carência de sentimentos amorosos.

O passado se encontrava registrado de forma imutável, tornando-se imodificável.

— Richy espero sinceramente que, após a finalização do nosso divórcio, você encontre a genuína felicidade ao se unir à mulher que realmente toque o seu coração e possa desfrutar de preciosos momentos compartilhados ao lado dela. Os meus melhores votos te acompanharão mesmo quando seguirmos caminhos separados, A memória da nossa trajetória de três anos jamais se dissolverá.

Repentinamente, o seu celular interrompeu seu fluxo de pensamentos.

Ao recobrar a consciência do seu devaneio, Alícia constatou que havia adormecido acordada brevemente. A luminosidade emanada pelo visor do seu celular capturou a sua atenção.

Eram três horas da manhã.

Ao pressionar botão para atender a ligação, ela pronunciou:

— Alô, Spencer?

— Sim, sou eu. Você precisa vir buscar Richy.

— Richy? Ele não está em casa? O que aconteceu?

Spencer expressou a sua frustração ao relatar:

— Eu recebi uma ligação dele para uma bebida à uma da manhã. Não sei o que está acontecendo com ele.

— Você não pode trazê-lo? - Alícia estava indecisa.

— Ele está manifestando relutância em se retirar. Não obstante, meus esforços, ocorre uma firme determinação em permanecer por parte dele.

Os sentimentos de tristeza eram amplificados pela escuridão que pairava além das janelas.

Que incômodo!

Por que ele optou por consumir bebidas em um horário tão atípico? Seria possível que ele tivesse optado por beber em casa, ao invés disso?

Sem outra alternativa, Alícia trocou de roupa e foi para o local que Spencer tinha enviado a localização. Assim que chegou, ela entrou no prédio e empurrou a porta.

Lá dentro, viu que haviam dois homens esparramados em um sofá, um era Spencer e outro Richy.

Spencer, recostado de maneira confort ável, acendeu um cigarro.

Richy estava praticamente na mesma posição, mas mantinha os seus olhos fechados e segurava uma taça de vinho.

— Richy? - Chamou Alícia, caminhando até ele para pegar a taça de vinho que segurava.

Ao ouvir a voz dela, Richy abriu os olhos e os fixou nela.

Alícia sentiu o seu coração disparar ao encontrar aquele olhar, que a fez duvidar se ele realmente estava bêbado.

— Já está muito tarde, vamos para casa. Você precisa descansar.

Richy ergueu a mão e massageou o ponto entre as sobrancelhas, em seguida, precisou se esforçar para levantar cambaleando perigosamente.

Sem hesitar, Alícia rapidamente o segurou.

— Você consegue andar sozinho?

— Sim, eu consigo. - Ele respondeu, a sua voz soando rouca.

Ele soltou-se do seu aperto e cambaleou para frente.

Enquanto o seguia, Alícia agradeceu Spencer

— Tchau, Spencer. Muito obrigada por sua ajuda.

Caminhando ao lado de Richy, Alícia se mantinha em alerta, pronta para ampará-lo caso ele tropeçasse. Ao ficar perto dele, ela sentiu o forte cheiro de álcool que exalava e, com isso, não pôde deixar de se perguntar o quanto ele tinha bebido.

Embora estivesse embriagado, Richy conseguiu

entrar no elevador e apertar o botão que os levaria até o subsolo.

Quando chegaram ao estacionamento, Alícia tomou a dianteira:

— O carro está aqui.

A olhando intensamente, Richy a seguiu.

Se acomodando no banco do motorista, Alícia prendeu o cinto e sugeriu:

— Você pode cochilar, se quiser.

— Tudo bem. — Assentiu Richy enquanto se recostava no assento e fechava os olhos.

Assim que Richy se acomodou, Alícia deu partida no motor e avançou na direção da vila.

Quando estacionou o carro, ela olhou para Richy e percebeu que ainda estava dormindo. Richy estava confortavelmente acomodado, seus olhos continuavam fechados e a sua respiração tranquila, um indicativo que ele havia pegado no sono.

Iluminado pela luz suave, seu rosto parecia esculpido. Seus cílios longos pareciam lançar uma ligeira sombra lindamente sob seus olhos.

Ainda dormindo, a sua testa franziu-se levemente.

Resignada, Alícia estava ciente que não conseguiria tirá-lo dali sozinha. Ela teria que acordar Richy.

Desafivelando o cinto de segurança, Alícia saiu do carro e abriu a porta traseira. Se inclinando, ela cutucou-o suavemente:

— Richy, acorde, já chegamos.

Ele abriu os olhos lentamente antes de ela continuar:

— Estamos em casa. Venha, você precisa ir para a cama.

Assentindo com a cabeça, Richy esfregou os olhos.

Em seguida, os dois subiram as escadas.

Quando notou que ele parecia mais sóbrio, Alícia achou melhor deixá-lo quieto, então caminhou para o seu quarto. Porém, quando estava prestes a fechar a porta, percebeu que Richy a seguia.

Passando direto por ela, Richy se deixou cair na cama, fechou os olhos e voltou a dormir.

Incrédula, Alícia balançou a cabeça.

Depois de tirar os sapatos e as meias dele, ela o cobriu com uma manta.

Quando se aproximou, o cheiro forte do álcool a atingiu, fazendo com que recuasse alguns passos.

Com a intenção de se refugiar noutro quarto de hóspedes, ela endireitou-se, mas Richy a segurou pelo pulso. Com os olhos ainda fechados, ele parecia murmurar alguma coisa.

Alícia tentou se soltar do seu aperto, mas não teve sucesso.

Chegando mais perto, ela tentou escutar os seus murmúrios.

— Meu amor...

Alícia ficou pálida ao ouvir esse termo carinhoso.

Ela e Richy foram casados por três anos, mas ele nunca usou esse apelido amoroso para se dirigir a ela, sempre a chamando de Alícia.

Ela não era a esposa que ele queria, Graziela sim.

Alícia sentiu-se uma verdadeira idiota, saindo da sua cama no meio da noite para ir buscar um Richy bêbado, apenas para ele a confundir com Graziela enquanto dormia.

Ela não deveria ter se preocupado com ele, ao invés disso, deveria tê-lo deixado dormindo ao relento.

Se soltando do aperto, Alícia pegou outra coberta e dirigiu-se para outro quarto de hóspedes.

Depois que ela saiu, Richy continuou murmurando:

— Alícia... meu amor... eu....te amo.

No meio da noite, duas hashtags ganharam força na internet, deixando as pessoas boquiabertas.

Mais populares

Comments

Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca

Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca

Essa idiota vai acabar perdendo o bebê

2024-11-29

0

Sol Sousa

Sol Sousa

Oh mulher burra

2025-01-10

0

Erika Aparecida

Erika Aparecida

como ela pode ser tão egoísta, uma mulher com gravidez de risco sair de madrugada pra ir atrás de macho escroto,sendo que ela podia muito bem mandar ele ligar pra Graziela. essa mulher é o lixo dos ratos de esgoto

2024-08-12

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!