Capítulo 11

Alícia inspirou profundamente, sentindo cada respiração a cortar como uma lâmina.

Com o olhar baixo, ela assentiu silenciosamente e sussurrou:

— Quando daremos continuidade ao procedimento?

Verificando a sua agenda no seu celular, Richy disse:

— Estou atolado de trabalho no momento. Que tal fazermos isso na próxima segunda-feira?

— Certo.

Notando a resposta calma de Alícia, Richy pressionou os lábios, a estudando.

Ela era indiscutivelmente atraente. Os seus olhos, às vezes suaves e às vezes penetrantes, tinham um fascínio envolvente que atraía as pessoas. O seu olhar podia intimidar quando estava afiado.

O seu rosto oval com linhas suaves e elegantes eram cativantes. O seu nariz, pequeno e firme, complementava os seus lábios grossos. Quando ela sorria, as suas covinhas apareciam, adicionando um toque de fofura à sua aparência.

Ela mantinha uma forma física estonteante. Era disciplinada e sempre reservava tempo depois do trabalho para sessões de ioga.

Richy sabia disso melhor do que ninguém, afinal, ele desfrutou do sexo com ela pelos últimos três anos. Ele ainda conseguia se lembrar daqueles momentos quando fechava os olhos.

Além da sua beleza externa, a sua ética de trabalho e habilidades também eram impressionantes. Ela havia se destacado na faculdade, conquistando bolsas de estudo nacionais e principais, e até conseguiu uma oportunidade para estudar no exterior. No seu trabalho, ela desempenhou um papel fundamental para ajudar a Roupas HK a prosperar.

Que homem não se deslumbraria com uma mulher dessa?

Com quem ela ficaria após o divórcio?

De repente, Richy se viu perguntando:

— Existe alguém de quem você goste?

O coração de Alícia acelerou. Ela virou-se para ele e admitiu que sim.

Era ele, o homem diante dela, que ela havia amado por uma década. Pouco após perder o seu pai, ela chegou na família Lehmann, tímida e insegura. Relembrando aquela época, Ihe parecia que estivesse vivenciando tudo agora.

Naquele tempo, ela era uma menina com baixa autoestima, facilmente inquieta e tímida.

Morando na casa de terceiros, a sua visão da vida estava extremamente sombria. Mas então, Richy apareceu na sua vida, trazendo luz para sua escuridão. Foi naquele momento que ela se apaixonou por ele.

Ela se esforçava incansavelmente para acompanhar o ritmo dele, esperando se aproximar dele cada vez mais, sonhando que um dia ela conseguiria estar ao seu lado.

Entretanto, o coração dele pertencia à outra pessoa.

Por mais que ele tivesse sido dela uma vez, ela estava fadada a perdê-lo.

Talvez ela estivesse destinada a ficar sozinha.

Richy se sentiu irritado.

Ela estava tão ansiosa pelo divórcio.

Talvez porque quisesse ficar logo com o homem que ama.

— Ele sente o mesmo por você, não sente?

Por alguma razão, ele estava desesperado para ouvir uma confirmação.

Alícia balançou suavemente cabeça.

— Não, ele não sente o mesmo. Há muitos anos que o seu coração é de outra pessoa.

Esta resposta deixou Richy ainda mais inquieto.

— Se ele não te corresponde, por que você insiste?

Alícia sorriu amargamente.

— Nem tudo tem uma explicação.

Richy ficou surpreso e uma sombra de melancolia tomou conta de seus olhos.

No dia seguinte, Alícia chegou cedo ao local onde aconteceria a sessão de fotos e logo designou a sua equipe para preparar o espaço, já que a sessão estava prestes a começar.

Em pouco tempo, a fotógrafa e maquiadora também chegaram. Alícia se relacionava profissionalmente muito bem com ambos, levando apenas algumas trocas de palavras para eles compreenderem a sua visão para as fotos.

O local ficou pronto e Alícia checou o seu relógio. Já eram quase 9h da manhã, o que significava que Graziela e a sua equipe estavam meia hora atrasadas.

A assistente já havia os apressado uma vez.

A fotógrafa, ajustou a câmera na sua mão e suspirou.

— Graziela age como se fosse uma diva.

Brett, a maquiadora, debochou e comentou:

— O que podemos, fazer? Afinal de contas, ela voltou do exterior. Não temos controle sobre ela. Quem somos nós para demiti-la? Nem mesmo Alícia tem esse poder.

Todo o mundo sabia que a embaixadora fora escolhida a dedo por Richy. Como diretora da Roupas HK, Alícia podia substituir qualquer pessoa, menos Graziela .

Eles não tinham outra escolha a não ser aturar a sua arrogância, mesmo que ela se comportasse como uma diva.

Alícia rapidamente desbloqueou o celular e ligou para Julia.

Depois de um toque, houve um bip.

A ligação foi encerrada abruptamente. Brett, chocada e depois irritada, resmungou:

— Elas estão passando dos limites. Sequer te respeitam porque têm o apoio do senhor Lehmann!

Alícia pacientemente esperou por um retorno de ligação ou até mesmo uma mensagem, mas não chegou nada.

Então, ela mais uma vez ligou para Julia.

A chamada mal completou quando foi subitamente cancelada novamente.

Foram feitas várias outras tentativas de contato, mas todas em vão.

Alícia finalmente guardou o seu celular e disse a A fotógrafa e Brett:

— Acredito que elas vão aparecer até o horário do almoço. Podem sair. Eu aviso quando elas chegarem.

Nos seus anos lidando com clientes, ela já vira de tudo, e tinha uma ideia razoável do plano de ação de Julia no dia da colaboração.

— Trabalho na área há dez anos, mas isto é inédito. - Brett debochou. — Dois anos no exterior e ela pensa que é da realeza. Nem sequer ganhou prêmios significativos ou produziu algo notável. Não consigo acreditar que ela está tão cheia de si.

— Não leve para o coração. Nós podemos jantar juntas outro dia, por minha conta. Desculpem-me pelo inconveniente. - Alícia falou.

— Então, vamos voltar.

Com isso, despediram de Alícia e foram embora.

Alícia ficou para trás e pediu à sua assistente que Ihe trouxesse o laptop. Ela decidiu trabalhar um pouco na sala de espera.

De repente, ela ouviu uma comoção do lado de fora. Ao olhar rapidamente para o relógio, ela viu que era meio-dia em ponto.

Ela acertou o horário que elas chegariam.

Nesse momento, a sua assistente bateu na porta.

— A senhorita Slogan e a sua equipe chegaram.

— Estou ciente. - Alícia fechou o seu laptop, se espreguiçou um pouco e colocou o computador de volta na bolsa antes de sair da sala.

Julia aproximou-se dela com um sorriso.

— Me perdoe. Tivemos uma reunião matinal não planejada que acabou se estendendo. O meu assistente estava cuidando do meu celular e não me informou sobre a sua ligação. Vou lidar com ele. Sinto muito, de verdade.

Contudo, a sua expressão não mostrava sinais de remorso.

— Desculpe, Alícia. Foi uma reunião inesperada.- Graziela acrescentou.

Alícia, mantendo seu sorriso, respondeu:

— Sem problemas. Eu estava indo embora.

— Sintam-se à vontade para irem para casa.

A nossa equipe consegue se virar aqui. - Julia continuou a sorrir.

Também mantendo o sorriso, Alícia retrucou:

— Na verdade, não faremos a sessão hoje.

— O que você está querendo dizer? - O sorriso da agente congelou enquanto o seu rosto ficava sério.

— O que você entendeu. - Alícia respondeu seriamente.

— Você está debochando de nós? Você deveria ter nos avisado com antecedência que planejava cancelar a sessão. Então, poderíamos ter evitado de vir.

— Bem, foi uma emergência. A maquiadora e a fotógrafa não estão presentes. Eu tentei te ligar para avisar, contudo você não atendeu nenhuma das minhas ligações. Mas é claro que você jamais me ignoraria. Deve ter sido seu assistente. Ele parece ser bastante irresponsável. Eu imaginei que ele também não te passaria uma mensagem caso eu enviasse, então decidi esperar por vocês aqui.

Julia e Graziela fizeram cara feia.

— Agora vocês estão avisadas. Tenho outros compromissos, então vou embora. Espero que vocês consigam chegar a tempo para a sessão de fotos de amanhã. Isso se o seu assistente lembrar de chegarem no horário. - Alícia afirmou enquanto sorria, e saia com o seu laptop.

Julia e Graziela ficaram imóveis, endurecidas de raiva, ao observarem Alícia partir.

— Ela tem muita audácia! Quem diria que ela poderia ser tão calculista. - Julia disse entredentes.

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