Capítulo 5

Sem acreditar, e com os olhos marejados, Alícia olhou para o rosto frio de Richy.

Ele nem sequer se deu ao trabalho de ouvir o lado dela da história.

A garganta de Richy se mexia levemente enquanto ele reiterava:

— Peça desculpas. Não vou repetir.

O sorriso satisfeito de Rubi foi sua resposta.

— Aceito. Não deixe que isso aconteça novamente. - Ela parecia vitoriosa.

— Mas você poderia esclarecer por que trocou a nossa embaixadora?

Alícia perguntou com um tom gélido. Rubi olhou para Richy enquanto respondia, sorrindo:

— Foi o senhor Lehmann quem solicitou a troca.

Alícia olhou confusa para Richy.

Ao invés de responder, ele virou-se subitamente e se dirigiu ao escritório do CEO.

— Alícia, venha comigo para o meu escritório.

Ela suspirou fundo, olhou de forma fria para Rubi, deu meia volta e voltou para seu escritório, deixando todos chocados com a sua atitude. Ela não seguiu Richy.

Quando ele percebeu que ela não o seguiu, ele ficou furioso e disse friamente e alto suficiente para que ela e os outros funcionários ouvissem:

— Se você não vier até a minha sala, você vai responder por isso.

Mas em nenhum momento, ela recuou. Alícia estava cansada de toda essa situação. Ela desapareceu da vista de todos e Richy furioso foi atrás dela.

Alícia arrumou as suas coisas, jogou o seu crachá na mesa e quando estava prestes a sair, esbarrou num peito duro.

— O que pensa que está fazendo me envergonhando na frente dos meus funcionários? - Ele disse furioso a segurando pelo braço.

Silêncio. Ela não respondeu e tentou soltar o seu aperto.

— Alícia? Eu não vou repetir novamente.

— O que você quer? Você pelo menos tentou ouvir o meu lado? Eu sou sua esposa seu idiota! Mereço pelo menos o seu respeito. Eu estou cansada disso! Estou cansada de você e dessa maldita empresa!

Richy olhou friamente para ela e disse:

— Vai viver como? Não seja infantil! Você é o que é hoje por que eu te ergui na empresa. Então para com esse show infantil e volta para seu trabalho ou simplesmente, fuja. Visto que, você sempre foi incapaz de enfrentar seus problemas.

Ela ficou em silêncio. Alícia não quis revidar. Ele percebeu que o silêncio dela significava que ela agora estava calma. Retirando as coisas dela das mãos dela, ele arrumou a sua mesa novamente enquanto ela ficou decepcionada por ele nunca perceber que ela cresceu na empresa por mérito dela e não por ele. Sentou no sofá, engoliu o seu orgulho.Pois, ela precisava do dinheiro dela, quando esse casamento chegasse ao fim.

— O que o levou a substituir Sharleny? - Ela questionou.

Richy acomodou-se na cadeira e lançou um olhar indiferente para Alícia, mas não respondeu, optando por mudar de conversa:

— Você já analisou os documentos do divórcio?

Alícia ficou surpresa. Ela se recompôs e disse:

— Tenho estado ocupada ultimamente e não encontrei tempo para analisá-lo. Mas como é urgente para você, analisarei hoje à noite.

Após uma breve pausa, Richy respondeu em voz baixa:

— Certo. Encontre um tempo para analisá-lo.

A sua resposta firme a deixou ainda mais amargurada.

Talvez se ele soubesse da criança, ele ficaria com ela, não é?

— Se... quero dizer, se... se tivéssemos um filho agora, você ainda insistiria no divórcio?

Ele respondeu com a voz fria:

— Não existe o 'se'. Mesmo que você esteja grávida, não permitirei que a criança venha a este mundo. Apenas uma mulher é digna de carregar um filho meu. E não é você!

— Certo... Entendi. - Alícia assentiu, respirando fundo. Ela queria resolver o assunto o mais rápido possível. — Senhor Lehmann, você não havia aprovado o plano? O que motivou a substituição de Sharleny?

Não era comum o CEO do Grupo Lehmann intervir em assuntos tão banais.

—Tive os meus motivos.

— Eu tenho supervisionado as operações da Roupas HK desde sua criação e o senhor nunca interferiu antes. O senhor deveria ter conversado sobre a substituição da Darlene comigo. -

Alícia afirmou, sem se abalar.

Se ele queria uma nova embaixadora, tudo que ele precisava fazer era dizer. Mas satisfazer Sharleny e a sua agente, revisar o plano e criar estratégias para novos anúncios era uma responsabilidade dela e da sua equipe. A direção da marca e o plano promocional precisariam ser ajustados também.

Richy se recostou na sua cadeira e cruzou as pernas e disse:

— Graziela será nossa embaixadora.

A sua mente zumbiu e todos os seus pensamentos desapareceram. Depois do que pareceu uma eternidade, ela ergeu sua cabeça e olhou para ele encontrando a sua voz para perguntar:

— Graziela Slang?

— Sim. Graziela está lançando sua carreira no país. Esta é uma oportunidade de ouro para ela. - Richy assentiu, batendo confiantemente na mesa com um dedo.

Alícia inspirou profundamente, sentindo o ar cortar os seus pulmões como uma lâmina afiada.

Alícia segurou-se com a onda de decepção que invadiu o seu peito.

— A imagem de Graziela simplesmente não combina com a visão do produto.

A fama de Graziela no exterior era sempre reconhecida como uma mulher elegante e sofisticada.

— Esse problema é seu, não o meu. Acredito que você encontrará uma solução. Esse apoio significa muito para Graziela. Você precisa supervisionar do início ao fim.

Alícia sentiu como se tivesse sido atingida por um raio, incapaz de compreender suas próprias emoções.

Richy conhecia as suas habilidades, mas, ao mesmo tempo, atribuiu-lhe a tarefa brutal de promover a carreira do seu primeiro amor.

Ele via-a como uma máquina, desprovida de sentimentos?

— Tudo bem. Vou dar o meu melhor. Pode sair agora! - Ela respondeu. Cada palavra raspou na sua garganta dolorida à medida que ela as dizia.

Richy levantou e abriu a porta dizendo antes de sair:

— Não vire as costas para mim novamente. Não haverá uma segunda vez.

Ele saiu da sala dela sem olhar para trás.

Alícia correu para o banheiro e, por mais que quisesse vomitar, não conseguia.

Ela acariciou a sua barriga, sussurrando palavras de conforto para a criança que crescia dentro dela. Ao jogar água fria no seu rosto repetidas vezes, o seu rosto pálido e olhos ligeiramente avermelhados se refletiam no espelho que ocupava toda a parede. Ela disse para si mesma tentando se consolar:

— Está tudo bem, Alícia!

Era apenas sobre ajudar Graziela a se tornar embaixadora da marca, não era?

Alícia só precisava gerenciar produção do comercial e o seu lançamento.

Ela era boa nisso. Não havia problema algum.

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