Ao nosso favor - Capítulo 5

Estou a meia hora encarando meio mundo de roupa na minha frente, não dei banho nas crianças e temos que sair na próxima meia hora. Ainda de roupão chamo Atlas pro banho primeiro, ele estava inquieto hoje e não podia julgar, eu mesmo vou me atirar do primeiro andar se não pensar em outra coisa. Coloco um conjunto de moletom preto já que hoje estava um pouco frio e vou pro meu próximo desafio, Hestia.

Assim que começo a tirar a sua roupa para banhar, ela começa a se recusar.

— O que houve meu amor? Temos que sair daqui a pouco  — Pergunto enquanto ainda tento tirar sua roupa.

— E se ele não gostar da gente? — Ela me pergunta escondendo o rosto, então a puxo para um abraço.

— Então lembrarei a vocês que vocês ainda tem a mim e eu nunca irei desistir de vocês, pode ser um pouco chato isso de ser rejeitado pelo pai, mas eu estou aqui, o tio John, a tia Michelle... — Ela finalmente me permite da banho nela.

Bem que podia vir com um manual de como fazer esse tipo de coisa.

Assim que coloco a mesmo conjunto de moletom na Hestia, finalmente vou me arrumar. Apenas faço um coque arrumado e uma leve maquiagem, coloco uma calça skinny escura e uma blusa de manga comprida branca de gola alta, coloco um tênis e então pego um casaco extra e deixo no carro. Assim que coloco as crianças no carro, dou partida e vamos para um restaurante perto do centro.

Ao chegar, fico nervosa e demoro para sair do carro e eu não era a única. Tiro as crianças do carro e levo elas para dentro. De longe já avisto os lindos olhos de mel. Caminhamos até ele e o Atlas como sempre se escondeu atrás da minha perna, o que me surpreendeu foi a Hestia fazer isso devagar.

— Oi William, esse é o Atlas e essa é a Hestia, vamos meus amores, venha conhecer o pai de vocês...

Eu nem percebi que ele estava segurando choro. Ele também estava de calça jeans e uma camisa vermelha, a barba estava mal feita, mas aquilo o deixava mais bonito. Ele se abaixou para ficar no mesmo nível que eles e aos poucos eles foram saindo de trás de mim.

— Oi Atlas, Hestia, muito obrigado por me dar uma chance de ser o pai de vocês — Eles foram em sua direção e ele rapidamente os puxou para um abraço, tomando um cuidado especial com o braço engessado do Atlas — Vocês devem está faminto, que tal irmos fazer o pedido.

Atlas pegou na mão dele e o puxou para a mesa. Não precisei fazer nada, ele puxou a cadeira para as crianças, levantou eles para colocar na cadeira e até puxou a cadeira para mim. Pegamos o cardápio e eu entrego a eles esperando eles decidirem, William olha para mim confuso.

— Você não escolhe o que eles vão comer?

— Desde que eles aprenderam a ler, eu dou autonomia para eles fazerem suas próprias escolhas, se eles precisarem de ajuda, eu ajudo, mas somente se eles pedirem.

— Mãe, quero frango com macarrão — Atlas fala apontando para o prato que ele quer no cardápio.

— Eu também mamãe — Hestia fala devolvendo o cardápio para mim — Com suco de beterraba com maçã — Atlas acena com a cabeça concordando.

— Uau, eu nunca conseguiria fazer meu afilhado comer algo tão saudável assim.

— Eu sou formada em gastronomia, acho que eles puxaram esse bom gosto pra comida de mim — Olho para o cardápio — Acho que vou querer um ravioli com recheio de abóbora e brócolis com os mesmo suco que eles.

Ele faz nossos pedidos e então agora começou aquele silêncio constrangedor.

— Você vai nos abandonar? — Hestia apenas fala direta e curta, me causando um ataque cardíaco.

— Hestia, Atlas, deve ter sido difícil crescerem e não poderem fazer coisas que crianças fazem sem o pai. Depois que eu conheci a mãe de vocês,  eu acabei viajando para a Alemanha sem saber que ela estava grávida de vocês, se eu soubesse, eu juro que nunca teria entrado no avião.

— A mamãe nos contou — Atlas fala — Ela nos colocou em aulas de alemão para podermos ter uma chance de procurar você se quiséssemos.

— Tenho certeza que sua mãe é uma mulher incrível.

Eu corei, meu coração acelerou, quase desmaiei dura no chão com as palavras desse homem.

— Você tem algum irmão? — Hestia pergunta animada.

— Eu tenho uma irmã mais velha chamada Charlotte, mas eu chamo ela de Lottie, ela é professora do jardim de infância, tenho certeza que vocês vão amar ela — Ele fica pensativo por um segundo e então pergunta — O que vocês normalmente fazem?

— Nós acordamos e vamos para a escola, então nós almoçamos em algum restaurante da mamãe geralmente, nosso tio nos busca de tarde e ficamos brincando com a Jessie, o cachorro do tio, de noite a mamãe nos busca por que o tio tem faculdade de noite.

Ficamos batendo papo por meia hora até o almoço chegar, em nenhum momento eles pararam de falar. Estava realizada pelos meus filhos estarem felizes. Só tinha que me preocupar em fazer eles comer já que eles esqueciam e apenas contavam história da creche. William tinha brilho nos olhos a cada palavra dos pequenos, e por mais besta que a história fosse, ele estava interessado.

No final ele pagou o jantar e estávamos nos despedindo.

— Por que não pode vir conosco? — Hestia pergunta triste e ele olha para mim.

— Vocês querem que o pai de vocês venha conosco? — Eles balançam a cabeça freneticamente — Você se importa? — Pergunto para o William que apenas abre um sorriso e nega com a cabeça — Crianças vamos entrar no carro, segue a gente com o seu.

Os gêmeos não paravam quietos, pareciam que eles tinham tomado dois quilos de açúcar. Após 10 minutos de estrada, finalmente chegamos em minha casa, os gêmeos pegaram a mão do William e apenas entraram em casa me deixando para fora. Ao entrar em casa vejo John almoçando e apenas observando a escada incrédulo.

— Eles nem me deram um oi — Ele fala voltando a comer.

Subo as escadas e vou até o quarto do Atlas que era o primeiro e me deparo com eles super animados.

— Crianças sei que estão animados com a ideia de ter um pai agora, mas vão com calma, William já disse não irá abandonar vocês, e depois de um tempo eu até pense em deixar vocês dormirem na casa dele — Falo carregando Atlas — Por que ignoraram o tio John?

— Ele estava aqui? — Hestia pergunta e antes que eu responda, Atlas me solta outra bomba.

— Por que você e o papai não ficam juntos?

Não se se William ficou sem palavras por ouvir pela primeira vez o Atlas o chamar de papai ou pela pergunta bombástica que saiu dos lábios desse menino. Coloco ele de volta no chão e me agacho na sua frente.

— Por mais incrível que tenha sido a noite que conheci o pai de vocês e que essa noite resultou na minha maior felicidade, eu e o seu pai ainda somos estranho um para o outro, apenas vamos levar as coisas com calma, o tempo está ao nosso favor.

Não vou mentir, a ideia de está com esse homem, me causava arrepios. Mas somos estranhos que possuem uma conexão, aquela noite foi mágica, mas não quero deixar essa situação mais constrangedora do que é. A tarde se passou em um piscar de olhos e sem percebemos foi um dia mágico.

John conheceu o William e foi bom passar um tempo com meus filhos também, não sei quando iremos repetir, mas estava animada. Os meninos se despediram do pai e então John puxou eles para dentro, provocando eles com o fato de terem ignorado ele mais cedo.

— É verdade? O tempo está ao nosso favor — Olho para ele com um sorriso.

— Boa noite William — E volto para casa.

Não é só o tempo que está ao nosso favor pelo visto.

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