Pontos de vistas - Capitulo 3

Nunca tinha visto um fantasma do passado, mas olhar para esse homem na minha frente que por coincidência era médico e uma coincidência maior ainda, era que ele estava tratando seus filhos sem ele saber. O encarava nada sutilmente, só conseguir desligar de seus lindos olhos com o Atlas me chamando. Desde que eu descobri que estava grávida sempre fazia vídeos do crescimento das crianças no caso do "e se".

— John, poderia levar o Atlas por um segundo? — Meu irmão provavelmente se perguntava o que estava acontecendo — Por favor...

Meu irmão pegou o Atlas junto a Hestia para longe dali, a cada segundo lembrava de seus lábios tocando minha pele, cada suspiro naquele quarto, cada suor que se transformou em um só, o momento mágico onde o motivo da minha felicidade foram formadas. Ele não estava confuso em me ver, estava mais confuso pelas crianças.

— Teria um tempo para conversar?

— Vamos até minha sala — Talvez ele tenha percebido, talvez queria esclarecer algo sobre a condição do meu filho, não sei.

Caminhamos até uma sala pequena, William Dowson, chefe do departamento de emergência. Sentei na cadeira e ele fez o mesmo, ambos se encaravam. Tenho medo do que pode surgir.

— Você mudou bastante nesses cinco anos, teve até dois filhos, uma pena que tive que ir para Alemanha — Não consegui dizer nada — Eu ainda não sei seu nome senhorita Elizabeth.

— Hailey.. — Sussurro o assustando — Meu nome é Hailey Jones, Elizabeth é só nome do meio.

— Atlas Taylor Jones e Hestia Taylor Jones — Ele apenas cita seus nomes na esperança que eu confirme suas suspeitas.

— Sim, eles são seus filhos... — Uma lágrima cai — Nem eu acreditei nisso, que eu há cinco anos atrás engravidei de um desconhecido que eu nem sabia o nome...

Aquele silêncio era quase obrigatório, encontrei aquele que eu sempre quis achar e ver aqueles lindos olhos de mel chorando, dois pedaços dele estava aqui em Londres e ele só soube agora.

— Eu sei que é ocupado assim como eu — Pego meu cartão comercial — Me ligue quando sua cabeça estiver no lugar, gostaria de formular algo pelas crianças, mas se quiser negar a paternidade, irei entender. Quando quiser conhecer eles, me ligue e levarei tudo sobre suas infâncias e a partir daí iremos ver como será.

Levantei e sai segurando as lágrimas na esperança de não ouvir nada daquele homem.

Eu me deparei com o cenário onde encontraria com o pai dos meus filhos milhares de vezes, imaginei como contaria, qual seria sua reação e como os gêmeos reagiriam a um total estranho dizendo que era o pai deles, então a Hestia iria retrucar que a vida real não é uma cena famosa de Star wars mesmo nunca tendo assistido a franquia e o Atlas se esconderia atrás da irmã esperando a permissão para se aproximar.

Mas aqui estou eu com meu filho Atlas com o braço engessado e Hestia com sono me esperando, enquanto eu fugia do pai deles por simplesmente nenhum motivo, o que eu tenho na cabeça?

Pego o Atlas do colo do meu irmão e não digo uma palavra, ele pega Hestia e então vamos para casa, passando em no McDonald's para comprar uma casquinha de sorvete para eles. Após chegarmos em casa, dou um banho na Hestia, enquanto meu irmão dava no Atlas. Minha filha sabia que eu não estava bem e deixei ela pensando que era por causa do irmão. Preparei panquecas para eles e então após assistirem TV por 30 minutos, caíram no sono e colocamos eles na cama para finalmente meu irmão perguntar.

— Vai me contar o que você falou com o médico para deixar tão deprimida?

— Ele é o pai — Praticamente sussurro.

— Não entendi...

— Ele é o pai da Hestia e Atlas... — Falo mais alto e ele fica boquiaberto — Contei para ele, entreguei meu cartão e sai correndo antes de dar oportunidade para ele raciocinar que por quatro anos ele tinha dois filhos em um lugar de Londres.

— O que fará agora?

— Agora eu tenho que finalizar o que eu atrasei para amanhã ter uma inauguração inesquecível, e então quando ele me ligar iremos marcar uma reunião caso ele queira ser o pai deles, mas se não quiser tudo bem, sempre fomos nós quatro contra o mundo, ele escolhendo não ser parte disso, não irá mudar em nada, não precisamos de dinheiro e eles estão saudáveis, não tem nada que eu queira mais do que ver o sorriso daqueles dois.

Começo a organizar algumas coisas pelo notebook, tudo tem que está perfeito, é um tema arriscado e qualquer falha pode gerar um processo bem caro no meu bolso. Aproveito e vejo os relatórios dos outros restaurantes e organizo um tempo na minha agenda para dar uma vistoria. Ao desligar o notebook vejo que quase é meia-noite quando recebo uma ligação de um desconhecido

— Quem será esse horário — atendo a ligação — Olá?

— Oi... — Ouço um surro do outro lado e percebo quem é — Sou eu o Doutor William...

— Eu sei...

Uns longos 15 segundos de silêncio se instaura na ligação, até ele quebrar.

— Desculpa ligar tão tarde, estava dormindo?

— Não... Tem uma resposta?

— Eu gostaria de me encontrar com você para resolvermos sobre o Atlas e a Hestia — Sua voz estava suave, mas hesitante.

— Pode ser amanhã de manhã? Pela tarde estarei super ocupada — Mais silêncio na linha — Desculpa por ter pego você assim de surpresa, eu te procurei por tanto tempo...

— Te vejo amanhã...

Então desligou

...****************...

...William...

...18:30...

...****************...

Eu tenho filhos?

Aquela noite foi inesquecível, ainda lembro de cada detalhe, se eu soubesse que aquilo resultou em duas crianças, eu nunca teria partido para a Alemanha, minha mãe vai me matar quando descobrir. Olho para o cartão de visita dela, Hailey Elizabeth Jones... To a uns 10 minutos esperando o traste do Dave enquanto não consigo reagir a isso.

— Por que me chamou —  Dave entra irritado, provavelmente por que não parei de chamar ele —  Tu ta bem cara?

Como conto para o meu melhor amigo que é cirurgião plástico, que é tio agora? Nem eu sei como reagir.

—  Eu sou pai —  Sussurro quase inaudível.

—  É o que? Fala alto —  Ele se aproxima após fechar a porta.

—  Eu sou pai —  Ele para ao ouvir as palavras.

—  Pai? Quem tu engravidou?

—  Sabe aquela mulher que eu não parei de falar por um mês seguido antes de ir para a Alemanha? —  Ele senta ao meu lado incrédulo —  São um casal de gêmeos... Atlas e Hestia... O menino quebrou o braço enquanto brincava com o tio e eu atendi o menino, ele é idêntico a mim...

—  Gêmeos?

—  O nome dela é Hailey... Me chamou para conversar, me contou a maior notícia da minha via, deixou um cartão e saiu... —  Fico sentado em posição fetal —  Tenho dois filhos e só descobri agora....

—  Hey! Não é culpa sua... Agora que você sabe, deveria aproveitar que as crianças ainda tem pouca idade e conquistar eles —  Ele recebe uma mensagem —  Estou sendo chamado no centro cirúrgico... Liga para ela...

Então ele saiu... Demorei para criar coragem, me concentrei no meu trabalho na emergência e procurava fazer coisa que até interno fazia, apenas para ficar longe do meu celular, mas então eu penso naquelas crianças que eu conheci, como a menina segurava o choro e não queria ficar longe do irmão. Como o menino chamava pela mãe e o tio, provavelmente o irmão da Hailey, tentava segurar a Hestia e acalmar ela enquanto Hailey não chegava. Então entrei em uma sala vazia e liguei... Aquela ligação foi aterrorizante... A cada palavra que eu ou ela dizia queria desligar, mas não podia.

Assim que terminei, fui trocar a roupa e ir par casa... Quero eles na minha vida e agora terei que fazer ajustes na minha casa, vai demorar para a mãe deles confiar eles para dormir aqui, mas com o tempo vou conseguir conquistar a confiança. Me jogo na cama e durmo.

No outro dia, sou acordado pelo som do liquidificador. Levanto da minha cama e vejo minha irmã Charlotte fazendo uma vitamina...

—  Lottie? O que faz aqui?

—  Bom dia também meu irmão querido... Como foi o trabalho ontem?

—  Complicado...

—  Por que? Algum paciente difícil?

—  Não, só descobri que sou pai de gêmeos... —  Ela para e me olhar surpresa —  Não conta para o papai e a mamãe...

—  Me explica isso direito...

Eu conto tudo a ela, sobre a noite há 5 anos atrás, tirando a parte explícita, conto sobre as crianças, sobre a conversa com ela e com o Dave...

—  E tu fez o teste de paternidade?

—  Mesmo o menino sendo idêntico a mim, eu peguei amostra tirada pela enfermeira antes e quando eu estava saindo do hospital descobri que eu realmente sou o pai, agora eu vou me encontrar com a Hailey sobre as crianças.

— Quando acabar passa lá no colégio, vamos almoçar e então ver como seguir —  Ela me abraça —  Você será um ótimo pai...

Ela se afasta e sai do meu apartamento, tomo um banho e coloco uma calça jeans escura e uma camisa branca, preciso está apresentável. Ao chegar no local, Hailey já estava sentada, estava impecável. Tinha um macacão verde escuro com alguns detalhes, seu cabelo estava perfeito e tinha maquiagem em seu rosto, estava muito arrumada. Assim que me aproximo, ela se levanta e aperta minha mão, não estava com as crianças, o que era bom...

—  Obrigado por me dar uma oportunidade de ser pai deles...

—  Eu ainda não contei sobre você, depois do hospital, eu não queria trazer á tona esse assunto sem saber se você queria ter a responsabilidade e eu vou inaugurar uma lanchonete hoje, estou muito ocupada.

—  Eu entendo sobre está ocupado... Como faremos isso?

—  Hoje eu irei conversar com eles... Irei contar os fatos e marcarei um encontro com nós quatro, não irei forçar eles a nada e não irei impedir. Antes de eles ficarem sozinhos com você. vou querer ver sua casa, assim como vou convidar você para minha, vou querer seu contato, e contato de emergências, e se estiver em algum relacionamento devo pedir para não deixar perto, a não ser que seja sua esposa.

— Não estou em relacionamentos... Você está bem?

—  Como assim?

—  Bom, você foi mãe solteira por anos, não sei como deve ter sido difícil...

—  Fui mãe solteira, mas por sorte eu tinha meu irmão e meu pai ao meu lado, nunca tivemos necessidades e agradeço a Deus por isso —  Ela pega uma sacola que estava no chão e coloca na mesa com um pen-drive —  Aqui tem as cópias de álbuns de foto e vídeos deles crescendo... Eu tinha esperança que um dia iria te encontrar e não queria que não perdesse nada, ai tem vídeos fazendo ultrassom, o parto, primeiras palavras, primeiros passos, a introdução alimentar, eventos e aniversários...

—  Obrigado —  Uma lágrima cai —  Obrigado...

—  Apenas não me decepcione... E nem a eles.

Tenho minha segunda chance, não irei perder.

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