Capítulo 20

—Interrompi algo? — perguntou Keyla, e Jasper se levantou.

—Não, eu já falei com a Srta. Nichole e ela me contou o que aconteceu. Vamos adiar a sessão para amanhã, mas primeiro vamos encontrar a culpada e expulsá-la daqui. Ela terá que pagar o valor total, e sem reclamações.

—Mas é impossível que alguém delas possa pagar essa quantia. A maioria ainda estuda ou algumas estão desempregadas.

—Não me importa, veremos como a culpada vai se virar. Isso não deve ser problema nosso.

—Mas foi a sua assistente que quebrou, ela também não vai se responsabilizar pelo que fez? A câmera se quebrou nas mãos dela.

—Eu farei isso — eu disse.

—Ela não pagará nada. Eu vou cuidar de comprar a câmera e o equipamento, porque alguém precisa substituí-la agora, mas depois a culpada terá que reembolsar a agência pelo valor do mesmo. Já viu o preço?

—Sim, senhor.

—Encarregue-se de fazer o pedido e comprá-la, eu cuidarei das meninas.

Jasper caminhou, e eu o segui. Keyla parecia bastante furiosa. Sei que também tenho culpa por não ter prestado atenção por onde eu andava. Não me sentirei bem até pagar; mesmo que isso signifique procurar um segundo trabalho.

—Todas em fila! — ordenou ele, com autoridade —. Acho que já deixei bem claro para vocês que não gosto desse tipo de comportamento. O que está acontecendo com vocês? Estão cientes da importância desta sessão para as suas carreiras? Estou profundamente decepcionado com cada uma de vocês. Estão agindo como cadelas vira-latas, e eu contratei mulheres decentes, honradas, batalhadoras e inteligentes, não isso que tenho à frente. Cansei desta situação. Se as culpadas não confessarem, todas pagarão juntas pelo pecado. Deixei claro? Não terei compaixão de nenhuma de vocês e vou eliminá-las do evento. Vocês têm cinco malditos segundos para confessar, se não o fizerem, assumirão as consequências — todas se olharam, e Jasper começou a contar em voz alta.

—Foi a Glory! — revelou outra das modelos —. Eu a vi quando ela tropeçou a Srta. Nichole.

—Onde está a Glory?

—Não sabemos, Sr. Jasper. Estava aqui há alguns minutos, mas ao ver que o senhor chegou, se foi.

—De manhã ela estava falando com a Sra. Keyla — acrescentou outra delas.

—É verdade, todas nós vimos.

—E sobre o que elas estavam falando? — perguntou Jasper.

—Não sabemos, mas estavam conversando algo distantes.

Glory não era a mesma garota com quem eu troquei palavras na manhã. Nem sei quem é Glory. Vejo que nenhuma gosta de mim, mas não é como se eu me importasse em fazer isso.

—Está bem. Por esta vez vou deixar passar, porque claramente cooperaram conosco. Espero que não haja mais nenhum problema desse tipo. Continuem com o que estavam fazendo.

—Sim, senhor.

Jasper ficou pensativo e olhou ao redor. Supus que estava procurando Keyla. Ele tirou seu telefone e ligou para ela, mas rapidamente desligou e caminhou. Não tive outra opção a não ser segui-lo. Esse homem anda muito rápido, ou sou eu que sou lenta.

Voltamos para o ônibus, e Jasper subiu. Keyla estava sentada lá e ele me pediu para ficar fora do ônibus. Espero que isso possa ser esclarecido. Estar no meio desta situação, é desconfortável.

Jasper

—Que bom que te encontrei. Te liguei, mas vejo que está ocupada. Onde está a Glory?

—Glory?

—Sim, sua cúmplice.

—Cúmplice? Do que você está falando, Sr. Jasper?

—Um passarinho me contou que as viu conversando sozinhas, e por coincidência, me dizem que ela foi a culpada pelo que aconteceu com minha assistente. Você tem algo a ver com isso?

—Não sei do que o senhor está falando, Sr. Jasper.

—Ah, não sabe? Que idiota sou eu — eu ri —. Esqueci que você é uma tola para entender as coisas que não te convêm. Primeiro você insiste em acusar minha assistente para que ela se responsabilize por pagar a câmera, em segundo lugar, você tem demonstrado uma atitude muito hostil em relação a ela, e em terceiro lugar, você tem motivos para guardar rancor. Você mais do que ninguém sabe como odeio mentiras, mas também sabe que quando algo não me convence, eu busco uma maneira de descobrir. Já que você não vai contar a verdade das coisas, suponho que terei que descobrir por conta própria; e fazer-me perder tempo precioso tem um preço. Você vai me fazer trabalhar, ou vai confessar?

Ela ficou em silêncio e olhou para o seu telefone.

—Se foi eu, mas tenho meus motivos.

—Muito bem. Agora será mais fácil. Converse com Glory e ela te ajudará a pagar. Um fardo dividido por dois é mais leve. Agora ambas darão sua parte para pagar pela câmera e pelo equipamento.

—Está bem.

Eu caminhei até a porta e me virei.

—Ah, diga à Glory que ela está eliminada do evento — olhei para ela, e sorri —, e você, está demitida. Recolha suas coisas e vá embora — saí da van.

—Espere, Jasper.

Nichole

—Já está tudo resolvido — disse Jasper, antes de continuar caminhando.

Eu estava prestes a segui-lo, quando ouvi Keyla me chamar:

—Você está feliz?

—Por que deveria estar, Sra. Keyla?

—Essa sua atuação de garota boa e decente não combina com você. Que baixo você caiu, garota. Você conseguiu seduzir o cara influente, está satisfeita?

—Não sei do que você está falando.

—Que gostos tão patéticos os do Jasper. Ele se deixa enganar por uma aproveitadora como você. Você tem o hábito de se envolver com todos os chefes com quem trabalha?

—Se você está tão magoada porque Jasper fez justiça e você caiu feito uma tola por jogar sujo, esse é o seu problema; não precisa descontar em mim. Devia ter pensado antes de fazer essa palhaçada. Se tinha tantos problemas comigo, devia ter me enfrentado cara a cara, mas o que esperar de uma covarde como você? Tenha uma boa viagem de volta. Com licença — deixei-a sozinha, e com a palavra na boca.

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