Capítulo 15

Não é justo que apenas ele possa me incomodar e eu não possa fazer nada, porque sou sua funcionária.

—Você não está com frio? — ele me perguntou do nada.

O que estou é ardendo de raiva.

—Não, estou muito bem.

—Ainda está chateada?

—Não, não estou.

—Vai envelhecer rapidamente se franzir a testa desse jeito.

—Olha quem fala. Eu te derrubaria com um cotovelo — falei entre dentes, e ele riu.

—Diga mais alto, acho que não ouvi direito.

—Ou está fingindo ser surdo?

—Gosto da sua personalidade. É divertido te ver irritada, me faz querer te irritar mais.

—É um atrevido.

—E você uma rabugenta. É só comigo essa atitude, não é? Deve ser porque me vê diferente dos outros. Isso me faz sentir especial, sabia? — seu sarcasmo foi bastante perceptível e rangei os dentes.

—Porque você é meu chefe e eu devo respeito a você.

—Quem faltou primeiro foi você, e não estou falando só de hoje. No primeiro dia de trabalho soltou muitos pensamentos em voz alta. Acha que outro chefe poderia passar por cima disso? Gosto de como você é. De alguma forma, me sinto confortável e posso ser eu mesmo.

—Você não é aquela pessoa séria e mal-humorada de quem sempre falam?

—O que você conheceu é o meu verdadeiro eu. A faceta que mostro às pessoas de fora e na minha área de trabalho, não é a mesma de agora, não se confunda.

—E por que mostra isso para mim? Nem me conhece.

—Já disse, porque gosto da sua personalidade. Me sinto tão confortável que não tenho vontade de fingir ser essa outra pessoa. Nem tudo pode ser seriedade, Srta. Nichole.

—Aplique isso, acho que você precisa se esforçar mais.

—Se prefere que eu mostre a mesma atitude que com os outros, me diga, assim quando chegarmos, te dou o castigo que daria às outras pessoas.

—Você me cai muito bem. É o melhor chefe que já tive, não tenho nenhuma reclamação.

—Imaginava isso — ele me olhou de soslaio e sorriu.

—Por falar nisso, quando vamos alcançar o ônibus?

—Não sei. Acho que não faremos isso agora. Te incomoda ficar sozinha comigo?

—Não, contanto que mantenha essa velocidade.

—Por que tem tanto medo?

—Já vi muitos vídeos de acidentes e peguei pânico.

—Não é tão grave. Vou fazer com que ele perca o medo.

—Não ouse.

—Não disse que faria isso agora. É divertido, e mais, se precisar de um descanso. Para mim, é uma terapia. Sempre que estou prestes a perder o controle de mim mesmo, posso me recuperar se fizer isso.

Ele parecia pensativo e eu quis mudar de assunto.

—Há quanto tempo você dirige a agência?

—10 anos.

—Quantos anos você tem?

Jasper sorriu.

—31.

Caramba, não parece ter essa idade. Parece muito jovem para ser verdade.

—Desde os 21 anos está na agência? Era muito jovem quando começou.

—Sempre foi meu sonho desde muito pequeno, e quando se tem um sonho, mais as ferramentas nas suas mãos, você pode alcançar o que quiser. Foram muitos sacrifícios, mas no final consegui.

—Sua agência é uma das mais conhecidas.

—Sim, fez muita diferença deixar tudo para trás.

—O que quer dizer com isso?

—Está com fome? — ele perguntou, claramente mudando de assunto.

—Estou bem, obrigada.

Depois dessa conversa, ficamos em silêncio e ele ainda parecia pensativo. Não quis comentar mais nada pelo caminho. Não sei o que foi que fez ele agir dessa forma, então é melhor eu ficar quieta. O tempo parecia eterno e eu estava louca para chegar.

Quando chegamos, ele parou em frente a um hotel e se virou para mim.

—Aqui é onde vocês vão ficar, cada uma terá um quarto, e não se preocupe, todas as despesas são pagas pela agência. Amanhã de manhã será a sessão de fotos, então precisa descansar bem esta noite. Será um dia bastante cansativo.

—Sr. Jasper, eu disse algo que o incomodou ou o deixou desconfortável?

—Não, de jeito nenhum. Não fique se preocupando com isso. Se algo do tipo acontecer algum dia, eu te direi. Vou te levar para o seu quarto — ele saiu do carro e entregou a chave ao manobrista.

Um funcionário veio pegar as malas e as levou conosco.

Ao entrar no hotel, as modelos estavam reunidas junto com Keyla.

—Como estão todas? — perguntou Jasper.

—Bem, Sr. Jasper.

—Como todos sabem, amanhã será a sessão de fotos, então preciso que descansem bem. Nada de ficar conversando até tarde com seus namorados, nem ficar nas redes sociais. Não se esqueçam da máscara antes de dormir.

—Sim, senhor.

—À noite, reservei o bufê para todas, então às 7 nos encontraremos lá, entendeu?

Todas concordaram.

—Mexam-se, cada uma para o seu quarto. Keyla vai passar meu número de quarto, caso precisem de algo. Podem ir.

Todas saíram com Keyla e fiquei com Jasper.

—Vamos.

Ele caminhou e fui atrás dele, e o funcionário veio conosco. Fomos até o elevador e subimos para o andar dos nossos quartos. Ele parou em frente ao meu quarto tão de repente que quase me derrubei junto com ele.

—Pelo menos avise quando for parar.

—Está nervosa? — ele se virou e me olhou.

—Um pouco. É a primeira vez que fico em um hotel.

—Se quiser, pode ir para o meu quarto.

—O que está tentando dizer? — gaguejei.

—Que se não conseguir dormir por causa dos seus nervos ou se estiver entediada e quiser conversar com alguém, meu quarto é ao lado — ele sorriu.

—Sim, eu acredito tanto nisso que foi isso mesmo que você quis dizer.

—Queria que lhe oferecesse algo mais? — ele me olhou intensamente, esperando minha resposta.

—É sobre isso que me refiro quando digo que suas insinuações me incomodam — eu disse, e ele se aproximou subitamente do meu ouvido.

—O que quero dizer é que, se quiser passar a noite comigo, estarei à sua disposição no quarto ao lado. Era isso que queria ouvir, Srta. Nichole? — soltou uma risadinha travessa.

O funcionário tossiu e desviou o olhar desconfortável, enquanto eu não sabia onde enfiar meu rosto. Mesmo ele falando no meu ouvido, ele deveria ter ouvido isso.

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