—Desculpe por ter subido, mas não sabia seu número e queria te avisar sobre o horário, já que você demorou muito e eu não queria que você chegasse tarde novamente por minha culpa.
—Não se preocupe, eu já estava descendo. Vamos embora — ele fechou a porta na cara da garota e continuou caminhando como se nada tivesse acontecido.
Como era de se esperar de alguém como ele. Se fossem comigo assim, acho que teria vergonha o suficiente para mudar de país e trocar de nome. Até senti pena da pobre mulher.
Eu o segui e ele quis dirigir. Ele ficou em silêncio enquanto dirigíamos e eu não ousava nem respirar. Estava como um balão cheio de hélio, totalmente inflada. Ele parou em um restaurante antes de irmos para a reunião e não tínhamos muito tempo. Não quis questionar nada, apenas entrei com ele. Nos sentamos na mesa e ele me olhou. Me sentia como um cachorrinho sendo repreendido, e isso que ele nem abriu a boca.
Ele tirou um cartão da carteira e me deu.
—Esse é o meu número, você pode me ligar quando quiser.
—Obrigada, vou anotar no meu telefone — peguei o meu telefone e ao ligar a tela, Jasper riu —. Tem algo errado?
—Você tem gostos bem peculiares, Srta. Nichole.
Ao olhar a tela, percebi que ainda tinha a foto de dois garotos se beijando. Tinha esquecido de remover. Senti tanta vergonha que desliguei a tela do telefone.
—Me engole terra e me cospe em Marte — murmurei e Jasper riu —. Melhor guardar o seu número em outro momento.
—Não precisa se envergonhar, eu também tenho esse tipo de imagem, mas não exatamente de homens. Posso te mostrar? — ele sorriu e me senti ainda mais desconfortável.
Falar sobre esse assunto com um chefe não é apropriado. Tudo tem que acontecer na frente dele.
—Não, não se preocupe.
—É para que fiquemos quites e você não se sinta envergonhada por algo tão simples.
—Não, não se preocupe. Já passou.
Depois de fazer o pedido, ele voltou a me olhar.
—Quero me desculpar e explicar o que você presenciou na agência.
—Não, não precisa fazer nada disso.
—Eu quero. Aquela mulher que você viu é a Karina. Acho que já ouviu falar dela várias vezes. Ela era minha assistente anterior. Tivemos um problema há alguns meses, quando fui drogado, e pela atitude dela, achei que talvez ela tivesse sido a responsável. Naquele dia teve uma festa e ela me ofereceu uma bebida, e depois disso comecei a me sentir mal. Ela foi quem me encontrou sob o efeito da droga, e supostamente queria ajudar, mas para mim tudo era muito suspeito. Nada aconteceu naquela noite, pois consegui sair de lá a tempo. Não me matei investigando, apenas a demiti. Ela nunca admitiu e até hoje nega, mas para mim estava muito claro. Pelos anos que ela trabalhou para mim, preferi apenas demiti-la para que ela refletisse sobre o erro.
—Entendi.
—Espero que depois disso ela não volte a aparecer na agência, e se o fizer, você tem autorização para mandá-la embora. Ela e minha mãe têm ficado muito próximas ultimamente e não quero que isso cause problemas desnecessários. Também queria mencionar que se alguém menosprezar ou te fazer sentir mal, não importa quem seja, você tem o direito de responder. Menciono isso porque minha mãe tem tentado me convencer a colocar a Karina como minha assistente e está procurando uma forma de te fazer renunciar, mas você está proibida de fazer isso. É bom termos confiança um no outro para podermos falar sobre as coisas, para que nosso relacionamento de chefe e assistente seja duradouro e confortável para ambos. Está de acordo com isso?
—Sim, Sr. Jasper.
—Fico muito feliz. Coma e certifique-se de se encher como disse outro dia — ele sorriu.
Cindy
—Nada saiu como eu queria. Seu filho me tratou mal. Não acredito que isso vá funcionar, senhora. Eu realmente não fiz nada de errado com ele. Naquele dia em que entrei para buscá-lo e o vi suando, com a respiração ofegante, tudo o que eu queria era ajudá-lo e ele interpretou tudo errado. Ele continua me culpando por isso. Ele nunca vai me perdoar.
—Se acalme, querida. Eu vou pensar em outra forma, agora vamos esperar um pouco.
Nichole
Depois de terminar de almoçar, fomos para a reunião. Ficamos ocupados por várias horas. Nos deram umas fotos tiradas das modelos, e tínhamos que escolher as melhores. Jasper estava muito concentrado e meus olhos se desviavam para ele. De alguma forma, desse ângulo não parecia ruim. Sua expressão tranquila enquanto fazia o trabalho era de certa forma relaxante. Enquanto ele estiver quietinho assim e não mostrar os dentes, ele é bem atraente. Seus traços são muito finos e eu me lembro que sua pele é macia.
- Quer tirar uma foto minha? - perguntou repentinamente\, o que me fez virar o pescoço como um ganso para o lado contrário.
- Está falando comigo\, Sr. Jasper? - finjo não tê-lo estado observando.
- Não precisa fingir\, é muito ruim nisso. Suas pernas estão tremendo\, e sem perceber\, suas orelhas a entregam. Me pergunto o que você esteve pensando sobre mim que te deixou tão nervosa?
- Não estava olhando para você.
- E quando eu disse que você estava me olhando?
Estou me entregando como uma idiota.
- Eu não disse isso - murmuro em um tom tão baixo que provavelmente ele não me ouviu.
Sinto quando ele gira minha cadeira, me fazendo encará-lo.
- Pelo menos me olhe se for dizer algo. É falta de educação me dar as costas.
Ter ele tão perto me deixa nervosa. Ele tem cílios bem longos. Não é a primeira vez que um homem se aproxima de mim, mas algo nele me deixa muito nervosa. Meu coração está quase saindo pela boca e eu não encontro o que dizer.
- Você gosta de pão? - os nervos me fazem perguntar algo extremamente ridículo e desnecessário.
Jasper ri.
- É uma pergunta incomum\, mas sim\, gosto de pão e também das garotas que ficam nervosas quando estão na minha frente - ele cobre a boca e finge estar surpreso. - Oh\, acho que acabei de deixar escapar um pensamento em voz alta. Que descuido o meu - ele sorri e mais uma vez me deixa sem palavras.
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Atualizado até capítulo 20
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