Capítulo 7 - Aaron e Marina

A pergunta que Bella gostaria de fazer não sai dos seus lábios. O melhor era esquecer o assunto.

— Não é nada, na verdade, esqueci o que ia falar.

— Eu te amo meu amor — Ele a beija — Acho melhor namorarmos um pouquinho, eu estou morrendo de saudade de ter você comigo.

Bella apenas sorri com os lábios, mesmo sem dar a ele a oportunidade de responder o seu questionamento, tem a certeza de que ele nunca a olharia se ela fosse como a mãe dela, quando conheceu o seu pai, uma diarista.

Será que Jully estava certa ao acusá-lo de ser fingido e interesseiro, Bella pensa. Ela nunca duvidou do caráter do namorado, por ele já ser rico, mas não tanto quanto ela.

Quando Arthur vai embora Bella passa no quarto das gêmeas e as encontra brincando. Já era tarde, mas elas estavam tão felizes fazendo artes com a caneta nova que Bella se junta a elas, era melhor do que ficar pensando em coisas que não queria pensar.

Na manhã seguinte, Bella estava arrumando o seu quarto quando escuta carros chegando, era um sábado mas, eles não estavam esperando visitas. Ao olhar pela janela deixou tudo de lado para receber quem estava chegando.

Aaron e Marina entram em casa acompanhados por seguranças que carregavam as bagagens.

— Papai!!!

— Mamãe!!!!

As gêmeas correm para serem abraçadas pelos pais e como não podia faltar, um colo é indispensável para elas, que os enche de beijos. Gabriela abraça a mãe chorando de soluçar.

— A mamãe chegou meu amor, não precisa mais chorar.

— Mamãe por favor, não me deixe mais sozinha — Gabriela súplica chorando e Manuela começa a rir da irmã, abraçada ao pai que estava com ela no colo.

— Onde estão os seus irmãos?

— Eu fui pegar os brinquedos das minhas irmãs preferidas. — Natan chega na sala indo abraçar os pais que ainda estavam com as gêmeas no colo.

— Papai, mamãe — Bella desce as escadas correndo para recepcionar os pais, ela os abraça cheia de saudades.

— Falta uma — Aaron fala depois de falar com os filhos maiores.

— Ela está dormindo, ontem ela saiu de novo — Manuela como gosta de fazer, deixa o pai a par do que está acontecendo com a irmã — Natan também saiu ontem, Bella e Arthur ficaram com a gente.

— Ele dormiu aqui, Bella?

— Não papai — Manuela é quem responde, sem se preocupar de ser chamada de fofoqueira — ele foi embora depois de pedir pra gente ir para o quarto, mas ele queria mesmo era beijar a minha irmã, nós ficamos vendo escondidas na escada — Natan não aguenta e soltou uma gargalhada com a irmã linguaruda que ele tem, ela não esquecia de nenhum detalhe, era incrível.

—Manu, você está ficando muito fofoqueira... — Bella tenta recriminar a irmã mais nova, ela nasceu oito minutos depois de Gabriela por isso era a caçulinha.

— Papai disse que queria saber de tudo, e eu sou uma filha obediente, não é papai?

— Sim filha, você é muito obediente.

— Mamãe, trouxe presente? — Gabriela pergunta, ainda agarrada ao pescoço da mãe.

— Vários, vamos para o quarto de vocês para poderem ver.

Já era quase a hora do almoço quando Marina entra no quarto de Jully que ainda dormia. Ela olha a filha que dormia ainda maquiada, mesmo que a maquiagem estivesse toda borrada. Ela senta ao lado de Jully e faz um carinho, queria saber o que se passava na cabeça dela, queria entender o motivo que a fez se tornar uma pessoa revoltada.

— Mamãe — Jully abre os olhos ao sentir um carinho, e saberia, mesmo de olhos fechados, ser da sua mãe — Que saudade mamãe.

— Oi meu bebê, como você está? Eu também estava com muita saudade — Marina faz um carinho na filha que a abraça como se não quisesse mais soltar.

— Não minta mamãe, eu sei que não sentiu saudade de mim, sei que eu não faço falta para ninguém.

— Como pode falar uma coisa dessas, filha. Eu te amo bebê, e sinto a falta de todos vocês quando estou longe.

— Mamãe... — Jully começa a chorar — Me desculpe por ser essa decepção.

— Filha, você não é uma decepção para ninguém...

— Eu sei que eu sou, Bella se tornou a presidente da empresa do vovô Fernando, Natan assumiu o lugar do papai no mundo da moda, mesmo sendo mais novo do que eu — Jully olha desanimada para a mãe — E eu mamãe? Estudei moda para quê? Sou um fracasso ambulante.

— Não diga uma coisa dessa, eu não gosto quando fala essas coisas, você é a nossa bebê, a menininha 2 do seu pai.

— Queria muito que tivessem orgulho de mim...

— O que aconteceu enquanto estávamos fora.

— Nada mamãe, nada acontece de diferente na minha vida. Natan organizou uma sessão de fotos, Bella enfrentou o novo sócio da empresa. Enquanto eu... — Jully tenta enxugar as lágrimas com a manga da blusa que estava vestida — ... sai e bebi com os amigos, é o que me resta.

— Podia ter ficado com as gêmeas...

— Está vendo, até a senhora se decepciona comigo.

Jully sempre foi muito ligada a família, até os 18 anos ela era a sombra de Bella, não fazia nada sem a irmã, quando a irmã teve o primeiro relacionamento, Jully colocou tanto defeito no namorado da irmã que o namoro não durou muito tempo. Um ano depois, Bella conheceu Arthur e as coisas mudaram drasticamente entre elas, pois Bella não aceitava o que Jully dizia sobre o namorado, principalmente por ele sempre conseguir provar que Jully mentia sobre ele, com o intuito deles romperem o relacionamento. Eles já estavam juntos há mais de dois anos, e Jully ainda não aceitava o relacionamento da irmã, ela dizia ser Arthur o culpado delas se afastarem.

O distanciamento de Bella a fez ter outras amizades, com estilos de vida diferente da deles. Antes elas saiam, mas nunca chegavam a ficar bêbadas, agora Jully vivia passando dos limites na bebida.

Quando Jully desce com a mãe para almoçarem, ela já estava de banho tomado e de cara limpa. Aaron abraça a filha, mas não deixa de lhe chamar atenção pelas noitadas e por não ter ajudado os irmãos como prometeu com as gêmeas.

— Eu só espero que não esteja usando drogas, pois acredite, eu te interno.

— Ainda não experimentei, mas quem sabe... — Jully fala rindo.

— Não quero que a minha irmã fique em um hospital — Manuela fala naturalmente prestando atenção na conversa dos adultos — Ela não usa drogas, papai. Eu ouvi ela falando com Guilherme.

— Você está escutando atrás da porta Manuela? — Jully fulmina a irmã com os olhos.

— Eu queria saber o que você fazia com ele no seu quarto...

— Você levou Guilherme para o seu quarto Jully? — Aaron pergunta já pensando que a filha estava tendo relações dentro de casa, com as irmãs menores por perto. Porquê ele foi ter tantas menininhas? Se pergunta, pois Jully lhe dava muita dor de cabeça e o seu medo era as gêmeas serem iguais a ela.

— Cala essa boca fofoqueira, eu fui ao quarto mostrar algo para ele e nem me demorei.

— Isso é verdade, eles ficaram falando de uma pessoa que eu esqueci o nome agora... — Manuela fala colocando o dedo indicador na boca como se estivesse pensando.

— Mãe, eu vou bater nessa garota. — Jully se levanta e Manuela começa a rir, deixando a irmã com mais raiva ainda.

— Você não vai bater em ninguém. Sente-se! Vamos almoçar em paz. Manula, você sabe que é errado falar de boca cheia, por isso, apenas coma.

— Tá bom mamãe — Manuela volta a dar atenção ao seu prato sem se importar com os olhos de Jully sobre ela.

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