Capítulo 11 - Assuntos do Coração

Bella estava almoçando quando o seu telefone toca "Arthur"

— Oi, meu amor — Ela atende sem muita disposição, mas querendo ouvir o que ele diria quando soubesse que ela não o citou na reunião.

— Oi meu amor, como foi a reunião? Conseguiu falar sobre a nossa empresa?

— Ah, meu amor. Infelizmente eu não consegui, pois precisei usar o tempo que eu tinha para falar da minha empresa.

— Mas Bella, você disse que ia falar com eles.

— Lamento, mas não foi possível, mas sei que é competente e conseguirá apresentar o seu projeto para eles sem a minha ajuda. Eu confio em você — Bella é capaz de ouvir Arthur soltando o ar — Preciso desligar, estou no almoço e tenho muito trabalho hoje.

— Vamos jantar juntos hoje, tenho uma viagem daqui a dois dias.

— Hoje eu não posso...

Bella se despede de Arthur inventando uma desculpa para não jantar com ele, precisava ter certeza do caráter dele, não queria achismo, queria certezas.

Bella quando chega em casa encontra os pais na sala, e fica com eles conversando até a hora de ir dormir. Quando ela vai para o seu quarto, Jully já havia ido para o dela, e Bella decide passar no quarto da irmã, ainda não sabia quem era Arthur de verdade, mas algo dentro dela dizia ter sido injusta com Jully, por isso se sentia na obrigação de ajudar a irmã, só não sabia como.

Bella entra no quarto da irmã e se aproxima da cama. Jully parecia estar dormindo e Bella sorri para ela e lhe faz um carinho, depois de lhe dar um beijo no rosto, sai do quarto fechando a porta com cuidado para não acordá-la.

Ao fechar a porta pensa em como elas eram unidas quando mais jovens, naquela época Jully demonstrava ser feliz, e sorria bem mais, agora era raridade a ver sorrindo, parecia que ela estava escondida em uma concha. Pensou em quantas vezes Jully acusou Arthur de ser falso, de estar com ela só por interesse, mas Bella sempre pensou ser por ciúmes.

Quando Bella fecha a porta, Jully abre os olhos e sorri. Aquela noite ela dorme feliz, ela sentia saudade da irmã, mesmo morando na mesma casa elas estavam distantes e ela sentia saudade da amizade que elas tinham antes, sentia saudade até de quando dormiam juntas, ela sabia que não eram mais crianças, mas ela sentia muito a falta de Bella, era como se lhe faltasse um pedaço se manter longe de sua irmã.

Ela acorda cedo e feliz, até tomou café da manhã com os pais e as gêmeas, fazendo Manuela ficar feliz por ver a irmã sorrindo.

— Bom Dia Jully! Estou feliz por você ter acordado feliz e estar tomando o café da manhã com a gente — Manuela sorri para a irmã.

— E você Gabi, está feliz também? — Jully pergunta para Gabriela, mas não obtém resposta, apenas um dar de ombros, mas isso a faz rir.

— Ela também está, mas é muito criança para saber se expressar — Manuela responde pela irmã, fazendo Jully e os pais rirem.

— Eu posso saber qual é a sua idade? — Aaron pergunta, lembrando o assunto que Marina abordou com ele, mas Manuela apenas ri, como toda criança, por saber o motivo da pergunta que o pai lhe fez.

Depois do café da manhã, Aaron deixa as gêmeas na escola antes de ir para a empresa.

— Tchau papai — As gêmeas se despedem do pai e entram na escola felizes de mãos dadas.

— Everton, enquanto estávamos viajando quem vinha buscar as menininhas? — Everton era motorista e segurança de Aaron.

— Sempre era Natan.

— Bella e Jully não vieram?

— Bella geralmente trazia, mas Jully, se não estou enganado, veio buscá-las umas duas vezes apenas.

— Preciso realmente encontrar algo para Jully fazer, ela está muito ociosa, só quer diversão.

— Geralmente Marlon me mandava fazer a segurança dela quando ela saia com os amigos.

— Vou falar com Marlon para deixar só você fazer a segurança dela, já que eu mesmo quase não saio a noite. Sou capaz de abrir mão de você para que esteja perto de Jully.

Aaron ficou preocupado com a filha depois de Marina conversar com ele, pois, o que Marina sempre conseguiu ser, foi perceptiva, ela geralmente acertava nas suas suspeitas, principalmente relacionada aos filhos. Ele estava disposto a pensar em um meio de ajudar Jully, pois ela sempre foi a mais manhosa, mas ela nunca tinha dado trabalho, e ele pretendia que continuasse assim.

Bella não pode ver Jully sorrindo logo de manhã, pois, tinha sido a primeira a sair de casa para o trabalho. Estava assinando alguns documentos quando Sara lhe transfere uma ligação.

— Bom Dia!

— Bom Dia, Bella. Posso te chamar assim?

— Claro.

— Como eu falei com você no dia da reunião, estou pensando em deixar alguém me representando, mas por eu conhecer bem a pessoa que irá me representar, queria te pedir que qualquer desconforto que ele possa causar a você, que me avise.

— Não se preocupe, eu sei me cuidar.

— Não é isso, mas é que ele é... como eu posso dizer... ele é um pouco difícil. Mas eu já conversei com ele, e espero que não cause nenhum problema, ele deve se apresentar a você essa semana, ainda preciso acertar os detalhes com o Dr. Júlio.

— Tudo bem, obrigada por ter me avisado. Mas como o dono que é das ações, tem a liberdade de vir a empresa sempre que quiser.

— Eu agradeço, um dia podemos almoçar juntos, talvez.

— É claro, podemos sem dúvidas.

— Obrigado por me dar atenção.

— É o meu dever.

Bella encerra a ligação triste por ele ter desistido das ações, mesmo que continuasse sendo o dono delas. Bella suspira desanimada, pensou que ele aceitaria a sua ajuda para aprender um pouco do mundo dela, mas ele realmente parecia não estar interessado.

Naquela noite Marina vai até o quarto de Bella, ela queria conversar com a filha sobre Jully, ela como mãe estava muito preocupada com as duas, mesmo sabendo que Bella era capaz de resolver os próprios problemas.

— Oi mamãe. — Bella aproveita a presença da mãe em seu quarto para receber um carinho extra.

— Oi filha como você está?

Marina faz um carinho nos cabelos da filha ao se sentar na cama e tê-la com a cabeça em seu colo, como todos faziam quando tinham essa oportunidade.

— Trabalhando muito, mas estou bem.

— Bella, porquê você se afastou tanto da sua irmã?

— Mãe, eu não me afastei, mas é porque atualmente eu não tenho mais o mesmo tempo de quando éramos mais novas, Jully não faz nada, e não se interessa em buscar algo para fazer, mas eu sou responsável por uma empresa, não que eu esteja reclamando, gosto do meu trabalho, mas é algo que me ocupa muito tempo. Além disso tem Arthur, a quem preciso dá atenção. — Bella não queria que a mãe soubesse que ela estava em crise com Arthur.

— Você sabe o quanto ela sempre foi apegada a você, e atualmente vocês nunca saem juntas, ela sente falta.

— Eu sei mamãe, mas a senhora entende que é complicado — Bella sabe que a mãe está preocupada — Mas o que está acontecendo? — Pergunta sentando-se na cama.

— Sei que você hoje não é mais a menininha do seu pai, que corria por essa casa brincando com os seus irmãos, mas Jully está triste, por sentir falta da irmã que sempre lhe dava atenção, até Manuela percebeu o quanto ela está triste.

— Eu vou ver o que eu posso fazer, eu prometo que vou pensar um jeito de ajudar Jully.

Bella fica se sentindo culpada pela tristeza da irmã, se sentiria ainda pior se descobrisse que Jully não mentia sobre Arthur. O que será que ela deixou passar sem perceber? Se pergunta.

Se sentia tão inteligente, mas será que estava se deixando enganar pelos assuntos do coração? Será que ela estava tão centrada no trabalho que não conseguiu perceber que não havia sentimentos entre ela e Arthur? Apenas negócios.

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