Capítulo 16: Delagacia

Ele só pode estar de brincadeira, esse tempo todo sem dar uma notícia nem ao menos uma ligação; sem contar a parte de que ele tem uma namorada e ele simplesmente aparece agora e diz que voltou?

_ Vai se ferrar!_ Falo com toda raiva que acumulei durante esse tempo.

_ Sei que devo explicações, mas se você parar e me escutar por alguns minutos, entenderá._ Ele fala como se fosse super normal.

_ Entendo que você está de luto pelo seu pai e os meus sentimentos por isso, mas o resto quero que vá à merda!

_ Por favor, me escute?

_ E antes que eu me esqueça, toma aqui o seu presente!_ Falo tirando a pulseira do meu braço e devolvendo-lhe o empurro e saio o mais depressa.

_ Não sairei daqui até você aceitar conversar comigo!_ Ele grita.

Entro no meu apartamento, vou direto para o banho, não paro de pensar nele e de como o meu coração é um vacilão, como se atreve acelerar assim só por vê-lo? Já esqueceu que ele enganou a gente? Que, para ele, sou apenas uma diversão que ele encontrou aqui em Nova York? Ali no chuveiro, desabo em lágrimas, bem que devia aceitar conversar com ele e jogar tudo na cara dele de que sei tudo sobre a noiva e que ele é um cafajeste mentiroso!

Após um merecido banho, me sinto melhor e pronta para enfrentar o meu dia, a minha barriga ronca de fome, vou até a geladeira e ela está vazia, vou até à dispensa e está completamente vazia.

_ Que ótimo, logo agora terei que ir ao mercado!

Sem opção me vejo obrigada a ir ao supermercado, pego a minha bolsa e carteira e vou até o supermercado, fico surpresa em ver o Giovanni ali sentado conversando com o porteiro do prédio. Que maluco! Faço sinal para o porteiro não demonstrar a minha presença, mais parece que ele não entendeu nada.

_Senhorita Luana!_ Ele me cumprimenta, merda!

_ Olá, Ezequiel!_ Falo passando direto, fingindo não ver o Giovanni.

_Ezequiel foi um prazer conhecer você._ Falo o Giovanni e vem atrás de mim, decido ignorar a sua presença e sigo o meu caminho até o supermercado como se ele não estivesse ali.

O supermercado fica a uns trezentos metros de distância, ele anda em silêncio por um tempo perto de mim, fica me encarando e confesso que, no fundo, acho até engraçado, mas mantenho a minha cara fechada.

_Eu sentir muito a sua falta._ Ele fala.

Cafajeste como pode mentir assim descaradamente?

_ Sabe que nunca imaginei que fosse amar alguém assim tão rápido.

_ Tá falando de mim ou da sua noiva? _ Pergunto sarcástica.

_ Minha noiva?

_ Como você sabe da Catarina?

_ Então você é mais cafajeste do que eu pensava? Com quantas mulheres você namora?

_ Eu não estou entendendo o que você quer dizer.

_ Não se faça de bobo! Sabe muito bem do que estou falando, seu safado!

_ Eu realmente não sei.

_ Quer saber? Você não me deve satisfação, eu sou apenas uma funcionária da sua empresa, então por favor me deixa em paz!_Falo irritada.

_ Para começar, você não é só uma funcionária, já te disse ser muito mais que isso, a minha história é longa e, se me ouvir, entenderá porque tentei me afastar de você quando, na verdade, queria estar perto o tempo todo.

_Como fala bonito! Acha mesmo que me engana? Essas suas palavras podem enganar a Laura, Catarina, sabe-se lá quantas outras, mas a mim não fazem nenhum efeito._ Fala destruída por dentro porque, no fundo, desejo que fosse verdadeira suas palavras.

_ Da para ser direta comigo? Por que não acredita em mim? O que mudou para estar agindo assim?

_ Quer saber?

_Sim, quero!_ Ele responde.

_O seu irmão me mostrou como você estava todo feliz na Alemanha com sua noiva Laura._ Falo me virando para encará-lo.

_ A Laura não é minha noiva, somos amigos!

_Não foi isso que o Richard me disse!_ Falo entrando no supermercado e ele me segue.

_ Se você parar para me ouvir, entenderá tudo, até mesmo porque o Richard mentiu.

_Não sei se devo confiar em você!_ Falo enquanto pego o carrinho de compras e começo a colocar alguns pacotes de bolachas dentro; ele fica observando eu colocar as coisas no carrinho.

_Seu paladar é bem infantil._ Ele fala olhando para meu carrinho de compras que só tem besteiras.

_ E não é só o meu paladar que é infantil!

_DEIXA-ME EM PAZ!_ Falo enquanto começo a jogar tomates nele.

_Pare com isso!_ Ele fala tentando desviar, o que me deixa bastante enfurecida.

_ Pare, por favor!_ Ele pediu, mas o fato de não acertar ele me deixa cega de raiva e o meu lado vingativo só aumenta.

_ Da para você se controlar? _ Ele fala e jogo um último tomate e ele desvia, observo e o tomate acerta outra pessoa, que para o meu azar é um policial.

_ FERROU! É a única palavra que consigo falar ao ver aquele olhar enfurecido.

_ A senhorita acompanhe-me até a delegacia, por favor!_ Ele fala quando se aproxima.

_Posso explicar a situação, seu policial?_ Pergunto a fazer meu olhar de gato de botas que na maioria das vezes funciona.

_Pode, sim, mas na delegacia!

_Bom dia! Sou Giovanni Trajano, e tudo que aconteceu aqui é minha (culpa) senhor, acho que não a necessidade de levar a moça até a delegacia, pagarei todo o prejuízo._ Ele fala com toda elegância.

_ Com certeza pagará, mas mesmo assim irei conduzi-la para dar depoimento já que foi feita uma ocorrência.

_Preciso que o senhor também venha, já que está envolvido em toda essa confusão._ Ele, mostrando a bagunça que ficou o setor de hortifrúti do mercado, me sinto envergonhada quando percebo que há várias pessoas assistindo ao show de descontrole que dei.

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New York City Police Department-

 84th Precinct:

_Preciso de seus documentos!_ Fala a policial, retiro a minha identidade e entrego, ela começa digitar no computador.

O Giovanni permanece ao meu lado como uma sombra, mas pelo menos agora ele está em silêncio. Mais que bosta de dia, eu só queria estar no meu apartamento saboreando um delicioso café! Consigo enfiar-me em cada confusão, às vezes entendo a preocupação do meu pai por eu vir morar sozinha em Nova York.

_Luana Rodrigues, essa não é sua primeira vez numa delegacia, né? _ Pergunta a policial.

_ Não, senhora._ Falo e Giovanni olha para mim, erguendo uma das suas sobrancelhas, surpreso, bebê? Bem que eu devia inventar uma história terrível, quem sabe assim ele corre de mim.

_ Você já esteve presa? — Ele pergunta curioso. Faço um ar de mistério.

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