capítulo 15: Estou de volta

Giovanni…

_Eu não acredito em nada do que disse!_ Falo tentando controlar a minha raiva para não matá-lo.

_Acreditar ou não, é uma escolha sua._ Ele fala com sarcasmo.

_Por que está inventando essas coisas, Richard?_ Fala, mamãe.

_ Não estou inventando nada; é a mais pura verdade. Eu também me apaixonei por Catarina, tivemos um caso por um ano.

_Para com essa loucura, Richard, a Catarina não faria algo assim._ A mamãe fala, segurando pelo braço, implorando para ele parar de falar.

_ Não é loucura, é a verdade! Querem provas? Ele pergunta.

_ Então prova!_ Falo, ele tira o celular do bolso e começa mostra fotos da Catarina dormindo semi nua.

_ Como conseguiu essas fotos? _Pergunto sem acreditar no que vejo.

_Tirei essas fotos!_ Ele fala sem nenhum remorso.

_Não ver que esse é meu quarto._ Observo bem a imagem e não tem como negar que realmente é o quarto do Richard, agora parece que o chão abriu-se diante de mim; como pode fazer isso comigo?

_Desgraçados!_ Falo enquanto soco a cara dele mais uma vez.

_ Pelo amor de Deus, parem!

_ Matará o seu irmão batendo nele assim!_ Fala a mamãe enquanto tenta me tirar de cima do Richard.

Depois da briga com Richard me levanto e saio a procura de um lugar onde eu possa desabar.

_Para onde vai?_ Pergunta à mamãe, correndo a passos largos atrás de mim.

 _Para bem longe de tudo isso!

_ Não saia de casa assim, meu filho; está muito nervoso.

_ Preciso sair daqui; por favor, preciso de um tempo sozinho!

Vou para o bar de um velho amigo e lá afogo toda a minha raiva, ódio e decepção em vários copos de uísque.

_Já chega!_ Fala o Loreno, quando mostro o meu copo vazio para ele colocar mais uma dose.

_ Colocaremos mais um pouco!

_ Não, já está na hora de parar. Acha mesmo que aqueles dois merecem que você se acabe assim?

_ Você é um cara incrível, Giovanni, merece ser feliz!  Já bastam os quatro anos que sofreu por ela, agora é hora de você viver, chegou a hora de enterrar a Catarina de vez!

_ Tem razão, irmão, mas para mim, é difícil acreditar que a Catarina, a minha Catarina, foi capaz de enganar-me assim, e com o meu próprio irmão! Como aqueles olhos inocentes que me encantavam; que me deixavam perdido, pode olhar para outro? E justo, meu irmão.

_ E sabe o que é pior? Ela não está aqui para eu gritar e falar o quanto ela foi sem caráter, que todo o meu amor virou desprezo e que agora para mim ela morreu mais uma vez.

_ Vai até ela e fala.

_ Como assim? Bebo e você que fica bêbado?_ Falo tentando entender como vou ir até alguém que já morreu.

_ Vamos ao cemitério!

_Não, tá louco?

_ Vamos, você vai se sentir melhor, falo por experiência própria. Quando descobrir que o meu pai morreu sem eu falar toda a minha decepção e mágoa que sentia por ele, fui até o cemitério e, diante do túmulo dele, gritei o quanto ele foi um desgraçado comigo e com a minha mãe.

_Me convenceu, mais fique sabendo que só farei isso porque estou bêbado._ Falo

Odeio ter que admitir que a loucura do Loreno deu certo, após ter conversado, chorado e passado toda a humilhação que a bebida me fez passar hoje, me sinto melhor.

 Ir até o túmulo da Catarina me fez bem, e agora estou decidido a seguir a minha vida sem olhar para trás.

Depois que voltei para casa, peguei todas as coisas que pertenciam à Catarina, coloquei numa caixa e fiz uma fogueira, queimei tudo.

_ Giovanni, o que está fazendo?

_ Uma fogueira, mamãe!

_ Meu filho, já está tarde, venha, farei um café forte e ficará melhor.

_ Não precisa, mamãe, essa é a última vez que me ver bêbado.

_ Pelo menos uma coisa boa no meio de toda essa loucura, sei que está sofrendo, filho, mas passará.

_ Já passou, mamãe, eu encontrei uma linda mulher que fez com que tudo ficasse para trás.

_ E essa linda mulher, posso saber quem é?

_ Ainda não!

_Tudo bem; só espero que seja alguém do nosso meio social._ Ela fala e eu começo a rir sem parar, acho que a bebida facilitou para as minhas gargalhadas surgirem tão facilmente.

_Creio que a bebida seja o motivo de ver graça numa simples frase._ Ela fala com cara de desaprovação.

_Pode ser efeito colateral da bebida._ Digo.

****************

Nova York…

Estava muito ansioso por esse momento, não houve um dia que eu não me perdia nas lembranças dos poucos momentos que passei com ela. 

Pensar nela me deu forças, esse tempo longe pareceu uma eternidade, agora estou eu aqui feito um adolescente, com frio na barriga, torcendo para ela me escutar e entender o motivo do meu silêncio e ausência. 

No carro, ensaiando várias vezes como começa a contar para ela, respiro fundo e saio do carro. De repente, vejo um carro passar por mim, vejo ela, a minha Luana, do lado do carona, de imediato volto para dentro do carro e fico observando.

_ Por favor, não se despede com um beijo!_ começo num monólogo enquanto observo eles conversarem.

Será que demorei tanto assim e ela já arrumou um namorado? Não pode ser, eu não abdicarei dela assim.

 Ela sai do carro, me sinto aliviado quando vejo que não se despedem carinhosamente, o idiota fica observando ela ir com uma cara de bobão, vontade de rebentar a cara dele; saio do carro e chamo ela antes que entre no prédio.

_Luana!_ Ela vira-se e olha para mim surpresa, depois simplesmente fecha a cara e vira em direção à portaria do prédio.

_ Luana, por favor, espere!_ Falo andando a passos largos para alcançá-la.

Quando vejo que ela dá sinais de que não parará, corro e paro de frente para ela, impedindo que ela dê mais um passo.

_Bom dia!_ Falo, me aproximando mais perto dela e ela dá um passo para trás.

_Bom dia? _ Ela responde em uma pergunta.

_Estou de volta!

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