Cap 19 - Revelado

A notícia era triste, e causou uma dor imensa em Daniel, o pai do bebê.

Helena percebe o silêncio do marido na realização do exame, e sua expressão de preocupação.

— Fala homem! O que foi que você está vendo?  Está  me deixando preocupada! Fale por favor... Pede Helena já preocupada vendo a expressão no rosto do marido.

Daniel fica sem saber o que dizer para sua esposa, afinal, pelas imagens que ele estava vendo, era possível detectar que o bebê  tinha  problemas de formação, que indicavam microcefalia.

— Por favor Daniel! Fala logo! Esta sua enrolação está me angustiando! Pelo amor de Deus! Diz Helena.

Daniel então resolve falar tudo para sua esposa, acreditando que o melhor seja abrir o jogo.

— Helena, você sabe que um ultrassom 3D  é possível ter acesso a imagem e precisão do feto, bem,  você como enfermeira, irá saber interpretar as imagens que vou lhe mostrar. Diz  Daniel, mostrando as imagens para Helena.

Ao se deparar com  as imagens, Helena não consegue conter as lágrimas em seu rosto.

— Não... Não pode ser verdade...  Meu filho... Tem microcefalia... Diz Helena emocionada, triste,  já vislumbrando os desafios que vem pela frente.

Naquele momento de tristeza, uma força parecia brotar do interior de Helena,  mas naquele momento, parece que todos os problemas pessoais  decorrentes da traição de Daniel havia sumido, e ele abraça sua esposa, que encontra conforto nos braços do marido.

— Meu amor, quero que saiba, que estou ao seu lado,  mesmo que ainda você não tenha me perdoado, mas você não está sozinha... Diz Daniel.

Helena chora nos braços de seu marido, havia toda uma expectativa, quando se é mãe, quando se é pai, ninguém nunca imagina que seu filho nasça com uma condição especial, com um problema de saúde, sempre se idealiza que seu filho ou filha nasça uma criança forte, saudável... Correndo, brincando com outras crianças.

— Meu amor, acho que o momento é de esquecermos tudo que houve, sei que não há como eu apagar os meus erros, e eu entendo a gravidade do que eu fiz, mas me deixe voltar pra casa, me deixe estar ao seu lado, me dê uma segunda chance, é o momento de estarmos unidos, eu sei que você está magoada comigo ainda, mas peço uma chance, a última chance...

Diante do silêncio de Helena, Daniel resolve não insistir, respeitando também o momento que causava dor para ela, e também para ele como pai, quando Helena segura suas duas mãos...

— Daniel... Por favor... Volte pra casa... Não estou dizendo para você que lhe perdoei, que esqueci de tudo, mas quero você ao meu lado, e veremos o que o tempo tem reservado para nós. Diz Helena.

Daniel sente-se bem mais aliviado, e respeitando as palavras e o sentimento de sua esposa, ele volta para casa.

Nestes meses que haviam passado, algumas coisas haviam ocorrido, e uma delas, era que Janete não trabalhava mais no hospital de Daniel, ele havia conseguido para ela uma oportunidade em uma clínica de um amigo conhecido , e fazia algum tempo que nem mesmo havia visto ela mais, e quanto a sua  mãe, eles haviam se aproximado cada vez mais nos últimos meses.

Era noite, quando  Daniel chega  em casa com suas bagagens, feliz por estar retornando para sua casa, para perto de sua esposa.

— Helena,  obrigado por me aceitar de volta aqui em nossa casa. Diz Daniel.

— Bom, você vai ficar no quarto de hóspedes,  já pedi para a moça preparar e arrumar tudo para você ficar lá,  quero deixar claro que estou aceitando você aqui em casa, mas ainda não esqueci o que você fez, ainda me dói muito lembrar aquela  sua traição, se estou lhe aceitando aqui em casa é apenas por causa do bebê. Explica Helena

— Tudo bem, seja como você quiser,  estou aqui para aproveitar a chance que você está me dando, e não vou lhe decepcionar, quero que veja que me tornei um novo homem, e também por amor ao nosso filho... Diz Daniel.

— Até porque já não aguentava mais, o Júlio ficar no trabalho choramingando por você o tempo todo, dizendo  que eu deveria lhe perdoar, que você estava sofrendo demais... Revela Helena, deixando Daniel sem graça.

Ele sobe para o quarto de Hóspedes e arruma suas coisas,  quando a jovem que Helena havia contratado para lhe ajudar nas tarefas de casa chega na porta do quarto e chama por Daniel.

— Senhor, dona Helena está chamando o senhor para se juntar à mesa, o jantar já está servido...

— Sim obrigado, já estou indo.

Daniel se senta à mesa, e Helena apresenta  a moça para o marido.

— Daniel, esta é Lúcia, a moça que contratei  para me ajudar nos afazeres, ela vai ficar trabalhando aqui em casa,  já que não tô muito bem para fazer as coisas de casa. explica Helena.

Daniel cumprimenta a empregada,  Helena pergunta o que houve com Janete, e Daniel explica que ela conseguiu trabalho em um outro lugar,  e que ele demitiu ela e os dois não se vêem há meses.

- Vou fingir que acredito, mas e sua mãe? ainda está em Teresina?  acho que ela deve ter ficado contente com nossa separação não?  pergunta Helena.

- Não Helena,  minha mãe deu conselhos para que eu pudesse me aproximar de você,  ela mudou, mudou muito, você precisa ver! mas afinal, não entendo como está tão calma, mesmo depois do exame...

- Por que para mim, apesar de estar sim triste ,  afinal ninguém espera engravidar e descobrir que seu filho tem microcefalia, mas  sei que nada é por acaso, que tudo tem um propósito. diz Helena.

Daniel fica pensativo, ele lembra que  Helena tinha o hábito de ler livros espíritas,  e que certamente aquele pensamento decorria das ideias absorvidas por aquelas leituras.

— Você ainda lê aqueles livros espíritas?  pergunta Daniel.

— Não só leio, mas também tenho frequentado um centro espírita,  e tenho começado a enxergar a vida com outros olhos Daniel, você acha que estou tranqüila? de certa forma,  eu já sabia de tudo, já tinha recebido sinais do que poderia vir a ocorrer. diz Helena.

— Respeito Helena sua fé, eu já não acredito muito nisso tudo como você sabe, mas fico feliz que esteja fazendo bem a você.

E assim, mais meses se passaram,  e chega o dia do nascimento do bebê.

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