Cap 12 - Coincidencias

Daniel sempre foi gentil e atencioso com todo mundo, mas se havia uma coisa que o irritava, era o fato de que sempre que ele para a fazenda, Bárbara sempre dava um jeito de fazer uma consulta, se não era ela, era o filho, e isso incomodava um pouco Daniel, que sempre dizia para Helena, que ia para descansar, para se desligar das preocupações.

— Nossa... Daniel está muito atencioso, se não o conhecesse, até diria que ele aprontou alguma coisa, e está a tentar compensar sendo gentil e cordial. Pensa Helena.

Mais tarde...

— Amor, ainda teve aqueles sonhos, pressentimentos estranhos? Pergunta Daniel,  se referindo aos sonhos que ela havia relatado outro dia , e que ele mesmo havia desacreditado.

— Daniel? Por que seu interesse agora sobre isso? Você zombou quando lhe falei sobre o que havia sonhado, disse que eu estava impressionada, lendo muita coisa sobre espiritismo, e que isso havia me deixado sugestionada... Desabafa Helena.

— Não meu amor, me desculpe, eu me expressei mal naquele dia,  nem havia percebido que você havia ficado tão magoada assim, me desculpe.

Helena estranha demais o comportamento do marido, ele estava agindo muito estranho, não estava normal, certamente havia acontecido alguma coisa.

— Daniel, chega desse mimimi todo, me diz o que você aprontou?  Eu te conheço muito bem, e sei que você fez alguma coisa, e está sendo artificialmente gentil para suavizar sua culpa. Diz Helena, deixando Daniel bastante nervoso, o que apenas lhe dava a certeza de que havia acertado em cheio.

Daniel fica com o coração disparado, afinal, teria Helena notado sua traição? Ou teria ela conversado com Janete e percebido algo?

— Tudo bem meu amor, vejo que não há como enganar você, e também não quero ficar preocupando você enquanto está grávida, acontece que há algo sobre Janete que você não sabe, e do qual me sinto culpado por não falar para você.

— Aquela sua amiga que você contratou? O que tem ela? Por acaso vocês tiveram alguma coisa no passado? S é isso... Está tudo bem, por mim, não há problema, desde que vocês tenham deixado tudo no passado, você nunca me deu motivos para ter ciúmes, eu sei que não fui a única mulher na sua vida, assim como você também não foi o único na minha vida, se for por isso, relaxe, quando eu conversei com Janete, eu tinha desconfiado mesmo de alguma coisa, mas esperei você mesmo me falar ... Revela Helena.

Daniel fica surpreso com a resposta da esposa, e aliviado por ela não ter desconfiado da traição dele, e concorda com todas as palavras da esposa.

— Sim meu amor, era exatamente isso, fique tranquila, eu não sabia como dizer isso para você, estava me sentindo mau, em esconder este fato, mas Janete me procurou lá no Hospital, dizendo que está com problemas financeiros, ela é de uma família muito rica,  mas aconteceu alguma coisa, que ela não me deu maiores explicações, e a família dela perdeu a fortuna, e mesmo formada em medicina, até então ela nunca tinha precisado trabalhar. Explica Daniel.

— Entendo, nossa, mas se ela não trabalha faz algum tempo, você deveria buscar algumas referências dela, avaliar como ela está, não? Seu hospital, ainda está no começo, sujar a imagem dele, com um erro médico, poderia ser muito ruim não acha? Pondera Helena, sobre algo que Daniel ainda não havia pensado.

— Bom você tem razão meu amor, agora eu quero curtir  este finalzinho de tarde com você, descansar um pouco... Esquecer os problemas... Diz Daniel.

— Só uma coisa Daniel... Nunca, em hipótese alguma, pense em me trair, eu sou muito compreensiva, eu confio em você, mas a confiança, uma vez perdida, pra mim, nunca mais ela se recupera.

— Porque está falando isso? Pergunta Daniel.

— Apenas para você se situar, até porque há um fato que sempre me incomodou e você sabe muito bem, que sua mãe dona Cármen, nunca gostou do seu casamento comigo, talvez ela tivesse preferido você com uma doutora de família como a Janete por exemplo.

— Meu amor! O que isso vem ao caso agora? Afinal quem decide a minha vida sou eu,  e estou casado com você não estou?

Carmen a mãe de Daniel, é uma rica viúva que mora em Luiz Correia, no litoral piauiense,  ela nunca foi a favor do casamento de Daniel com Helena, pelo fato do filho ser médico, e de Helena ser uma enfermeira, ele julga que ela seja inferior ao filho, nem mesmo no dia do casamento do filho ela compareceu, praticamente rompendo relações com seu filho Daniel, inclusive, Daniel espera que o fato de Helena estar esperando um filho, seja algo que possa aproximar sua mãe.

— Você já falou com sua mãe? Ela já sabe sobre a gravidez? Pergunta Helena.

Daniel fica calado, e pensativo...

— Pelo seu silêncio, vejo que não, por que você não liga para ela? Quem sabe assim sabendo que o primeiro neto dela está a caminho, ela não amolece o coração? Quebra aquele orgulho... Diz Helena, revelando que gostaria muito de poder se dar bem com a sogra.

— Vamos ver Helena, de repente você tem razão, eu  sinto falta dela, faz dois anos que não nos falamos... Mas não me arrependo, porque apesar de tudo, ela precisa ver que eu devo escolher o meu caminho, fazer minhas escolhas, e não é ela que pode escolher por mim.

— Entendo, e apoio Daniel, afinal, sua escolha fui eu, mas agora, gerando uma vida em minha barriga, começo a ter um vislumbre, do que é ser mãe,  no fundo, sua mãe só estava preocupada com você, só queria o seu bem, de repente, agora ela não mudou o modo de pensar? esteja com saudades de você. Diz Helena.

Daniel fica pensativo, e concorda com Helena, talvez seja a hora de tentar uma reaproximação, talvez seja mesmo o momento de uma reconciliação com Cármen.

Mas a vida é uma enorme caixinha de surpresas, e as coincidências, nada mais são que as tramas do destino, brincando com nossas vidas, eles não sabiam, mas Carmen, estava chegando em Teresina.

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