Capítulo 17 - Problema resolvido

Tuane sente uma imensa tristeza com as palavras do irmão, e sai correndo de casa.

— Isso mesmo, corre para a casa do seu macho — Roani, chega na varanda debochando dela — Mas ele logo vai te chutar quando ver quão insuportável você é?

— Roani, pare com isso. — Dante o repreende — Ela é a sua irmã, não deviam está brigando assim com a mãe de vocês internada.

— Eu já desconfiava desse namoro dos dois e papai também, ela não tira aquele cordão do pescoço e vive agredindo qualquer uma que se aproxime de Heitor.

— Vocês estão vendo coisas...

— Claro, deve ser por isso que ela dormiu com ele.

Heitor tinha ficado mais tempo no haras e quando chegou em casa a confusão já havia acabado. Ele nem imaginava em que estava metido. Estava deitado na rede, depois de um banho e de comer um macarrão que ele mesmo fez.

— Onde está a minha irmã? — Roani chega já com a voz alterada.

— Boa Noite! — Heitor finge não perceber o ar agressivo de Roani — Pensei que ela estivesse em casa.

— Você sabe que ela não está — Roani o encara

— Como eu poderia saber que ela não está em casa? — Heitor usa toda a calma que tem, era difícil alguém o tirar do sério.

— Você realmente não sabe onde está a minha irmã? Ou está acobertando ela.

— Não tenho motivos para isso, se estou dizendo que não sei é porque eu realmente não sei.

— Pensei que ela estivesse aqui com você.

— Pensou errado, ela não está aqui. — Roani, não diz mais nada, ele sai e passa as mãos nos cabelos, como se estivesse preocupado.

Quando Roani entra em casa, Heitor vai até a casa de Dante e descobre que Tuane discutiu com o irmão e o motivo da discussão, Heitor fica preocupado com o que ouviu de Dante, não imaginou que teria tanta repercussão a noite de Tuane em sua casa. Dante conta que Tuane saiu correndo, mas pensou que ela já estivesse em casa.

Heitor volta para casa e vê Roani saindo com a caminhonete do pai, provavelmente para procurar a irmã. Heitor não a conhecia o suficiente para saber onde ela iria se estivesse aborrecida, ou triste. Ele decide permanecer na varanda, queria saber quando ela voltaria.

Heitor estava de pé olhando para o nada, pensando onde Tuane poderia estar quando o seu telefone toca.

— Alô — Ele atende sem saber quem o ligava, pois desconhecia o número.

— Eu posso dormir na sua casa? Não quero ficar em casa com o meu irmão.

— Tuane, onde você está? — Heitor reconhece a voz — Seu irmão está preocupado, e está te procurando.

— Heitor, o que será de mim se eu perder a minha mãe? — Pela voz rouca era nítido que ela chorava — Só a minha mãe me entende.

— Tuane, volte para casa...

— Eu posso dormir aí? — Heitor suspira, não acha uma boa ideia depois do que soube.

— Onde você está?

— Se disser que não posso, tudo bem.— Tuane suspira desanimada — Mas eu não vou voltar para casa.

— Seu irmão não vai gostar de você ficar aqui comigo, muito menos o seu pai.

— Mas você sabe que é apenas dormir...

— Mas eles, pelo jeito, não acreditam nisso, afinal é um homem e uma mulher dormindo sozinhos na mesma casa. — Ele suspira

— Me desculpe, não vou te incomodar mais. — Antes que Heitor responda, Tuane encerra a ligação.

— Tuane? Tuane? — Heitor passa as mãos nos cabelos — Merda Tuane, o que você quer de mim?

Ele tenta retornar a ligação, mas ela não atende, ele ainda insiste, mas com medo dela desligar o telefone, decide mandar uma mensagem. "A porta estará aberta".

Ele entra e em pouco tempo Tuane entra em sua casa. Ela estava por perto, mas onde? Se pergunta.

— Como você está? — Ele pergunta vendo os olhos dela inchados e vermelhos.

— Com medo — Ela ri triste — Medo da minha mãe demorar a voltar para casa.

— Isso porque você dormiu aqui, e pelo confusão que criou? — Ela confirma com a cabeça — E mesmo assim, você ainda quer dormir aqui hoje de novo? — Ela o olha envergonhada

— Me desculpe te por nessa confusão.

— Tuane, eu acho melhor você dormir na sua casa. Não me leve a mal, mas não quero que pensem que eu e você — Ele suspira — Você sabe.

— Eu sei, não se preocupe, vou explicar tudo a papai quando ele chegar.

Ela ainda falava quando alguém bate à porta. Heitor já pode imaginar quem seria, afinal eles tinham ouvido o barulho da caminhonete do pai de Tuane, avisando que Roani havia chegado.

— Por favor eu te imploro, não diga a ele que eu estou aqui.

— Me desculpe Tuane, eu não posso fazer isso, eu tenho um emprego e não posso colocar em risco.

— Por favor... — Tuane implora, mas Heitor abre a porta e deixa Roani entrar.

— Você só sabe dar dor de cabeça, papai ficou louco quando eu disse a ele que você fugiu.

— Eu não fugi...

— Você parece uma cadela no cio, atrás de um macho.

— Seu escroto, eu não vou pra casa...

— Ah você vai, nem que seja arrastada, mas você vai. Papai disse para eu te deixar trancada se precisar.

Roani, a segura com força pelo braço e quando ela tenta se desvencilhar ele a arrasta com mais força quase a derrubando. Heitor não queria intervir na briga dos irmãos, mas vê-la sendo machucada na sua frente não lhe permite ficar calado.

— Largue ela Roani, você está a machucando.

— Vamos Tuane! — Roani grita com a irmã, a soltando com raiva.

— Eu não vou com você, eu não estou fazendo nada, eu só não quero ir pra casa, mamãe não está lá — Tuane chora, fazendo Heitor vê o lado frágil dela — E você só sabe brigar comigo.

— Porquê será? — Roani olha para Heitor, que voltou a ficar em silêncio, depois que Roani solta o braço de Tuane.

— Você quer dormir com ele, é isso? — Ela apenas confirma com a cabeça — Quando papai chegar vocês resolvem essa questão — Antes de sair, Roani olha para Heitor que permanece calado observando.

Já era quase meia noite e Heitor fica olhando para Tuane no meio de sua sala, quando Roani vai embora. Sua vontade era mandá-la embora também pois, sabe que essa história não irá terminar bem, ele não queria nem pensar quando Geraldo chegasse e tivesse que se explicar, mesmo não tendo sido ele quem convidou Tuane a dormir na casa dele.

— Eu vou ficar bem — Tuane levanta a cabeça e o olha, a única coisa que consegue dizer é isso, ela sabe que se for para casa será capaz de cair no tapa com o irmão, e com certeza ela perderia, por ele ser muito mais forte que ela.

— Você sabe onde fica o quarto — Heitor decide deixar como está, mas seria a última noite que ela dormiria ali. Ele segue para o seu quarto e fecha a porta, nunca imaginou que estaria naquela situação.

Tuane quase não dormiu aquela noite, se sente um pouco culpada por envolver Heitor naquela confusão, mas ela estava se sentindo perdida sem a mãe para dizer o que fazer e não tinha na vila uma casa onde pudesse bater na porta, já que não era de muitas amizades. Alice morava longe, não tinha como ela ir para casa dela aquela hora da noite.

A melhor opção era pedir a Alice para ficar na casa dela, enquanto a mãe estivesse hospitalizada, só voltaria para casa quando a mãe tivesse alta. Pronto, problema resolvido, ela pensa se sentindo melhor.

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