Não Aprendi A Te Esquecer
Mais um dia de trabalho como qualquer outro, mas a noite de Tuane não havia sido.
Tuane chega ao restaurante, onde trabalha como gerente e chefe de cozinha, no seu horário habitual. Ao entrar encontra Cristiane, que trabalha como recepcionista no restaurante, ela estava arrumando as mesas e Tuane aproveita para perguntar como estava o número de reservas, principalmente para a noite, pois, apesar de a cidade ser pequena, as sextas feiras, geralmente tinha bastante reservas, já que o restaurante era um dos melhores da cidade.
— Na verdade, sobraram poucas mesas vagas para essa a noite — Responde simpática — A noite promete.
— Que bom que temos bastante reservas para hoje, isso é sinônimo de muito trabalho.
— Isso é verdade. Para o almoço também temos algumas — Revela satisfeita.
Tuane vai até o bar e encosta no balcão
— Será que teremos muitos bêbados hoje? — Pergunta rindo — Tem algum lançamento de coquetel? — Pergunta para Vinicius, o barman.
— Claro, mas com certeza eles não irão dispensar a taboa.— Responde descontraído. (Taboa é uma bebida típica da estado do Mato Grosso do Sul.)
— O coquetel que fez para mim na semana passada, acrescentei no cardápio de bebidas, é uma boa opção para quem não consome bebidas alcoólicas.
— Se você gostou, será um sucesso. — Vinicius pisca para ela
— Deixa eu ir à cozinha ver como está o andamento das coisas.
Tuane entra na cozinha e encontra a sua equipe já com a mão na massa. Após cumprimentar a todos pondo o seu avental e a sua touca, se junta a eles nos preparativos. Aos
23 anos, trabalhava como chefe de cozinha e gerente em um restaurante da pequena cidade onde morava no estado de Mato Grosso do Sul. Não havia cursado gastronomia, mas pela sua experiência e talento em fazer pratos variados, dos mais simples aos mais sofisticados, para a região onde estavam situados, conseguiu a vaga após concorrer com outros candidatos da cidade.
Trabalhava desde os seus 18 anos no mesmo restaurante, começou como atendente, passou a ajudante de cozinha, cozinheira e agora era a chefe. Ela é quem planejava os cardápios e criava novas receitas, mas o que ela mais gostava de fazer era decorar os pratos, os achava lindo depois de prontos. Os pratos decorados criou um diferencial no restaurante e isso fez aumentar o número de clientes.
Aprender a decorar pratos foi uma das suas terapias em um período que nada a fazia feliz. A sua experiência na cozinha se deu por sempre ajudar a mãe quando solteira e depois de casada passou a adaptar os pratos para agradar o seu marido que não estava acostumado à culinária pantaneira, pois estava adaptado a culinária carioca, como arroz, feijão, bife e batata frita. As suas adaptações fizeram sucesso é muitas eram servidas no restaurante.
Sempre que preparava esses pratos se lembrava do tempo que passou casada. O seu casamento durou menos de um ano, mas não podia por a culpa no seu marido Heitor, ele foi o que menos teve culpa pelo fim, mesmo tendo sido ele a ir embora.
Quando ele a deixou, e ela se viu sozinha, reconheceu que a maior culpada do fim do relacionamento deles foi ela mesma, com o seu excesso de ciúme e a sua arrogância de gritar a todo o tempo que não o amava.
Quando praticamente foi obrigada a se casar com ele por imposição do seu pai, com os seus 19 anos, culpou Heitor por não ter se negado a fazer o que o pai queria, o acusava de ter forçado o casamento deles, sem se dar conta que a decisão dele foi para protegê-la dos falatórios de uma cidade pequena, além de evitar o casamento dela com alguém que talvez não tivesse a mesma paciência que ele teve.
Depois que o perdeu, conseguiu perceber que ele poderia ter feito a mesma coisa na época que foi coagido a se casar com ela, ter ido embora e a deixando assumir sozinha os seus próprios erros.
Reconheceu tarde demais que Heitor decidiu assumir algo que nem havia acontecido entre eles, e o fez por ela. Não conseguia se livrar da culpar por tê-lo deixado ir, passou três anos, curtindo a saudade do marido que foi embora, cansado dos seus escândalos e grosserias.
Tuane estava na cozinha, perdida nas suas lembranças amargas, enquanto trabalhava, ela tinha sonhado com Heitor, e era sempre assim, depois que acordava por mais que tentasse era difícil afastá-lo das suas memórias.
— Oi! Tuane — Tuane volta a realidade ao ouvir a amiga a chamando da porta da cozinha.
— Oi, Alice!
— Passei para te lembrar do meu aniversário no domingo. — Fala da porta, pois Tuane não gostava que pessoas entrassem na sua cozinha com os cabelos descobertos.
— Pode deixar não me esqueci, estarei lá, com certeza. — Responde indo até ela.
— Tuane, você sabe quem foi recontratado na fazenda?
— Recontratado? — Pergunta curiosa.
— Heitor — Tuane sente o coração disparar e a boca ficar seca — Pensei que Roani tivesse te contado, os seus pais também já sabem. — Roani era o irmão de Tuane.
— Eu não sabia — Tuane responde quase para si mesma.
— Eles estão com problemas no haras, e Heitor virá cuidar disso, já que a fazenda está sem um veterinário fixo há algum tempo.
— Com certeza ele irá querer manter distância de mim.
— Você realmente acha isso? — Alice não entendia porque Tuane não o procurou, já que reconheceu ter agido errado com ele muitas vezes.
— Deve pensar que continuo a mesma louca de quando ele foi embora — Ela pensa um pouco — Na verdade, ele nem deve mais pensar em mim, não tem motivos para isso, só se for para sentir raiva. — Tuane dá um sorriso triste.
— Tuane, não se cobre tanto, isso é passado.
— Você está certa, isso é passado. Agora me desculpe, eu preciso trabalhar.
— Tudo bem, só achei que você devia saber sobre a volta dele, afinal vocês ainda são casados.
Alice se despede e não vê os olhos de Tuane inundados de lágrimas, se ela pudesse retroceder, agiria diferente, daria valor aquele que sempre a tratou bem, mesmo ela sendo uma pessoa difícil de lidar. Queria tanto ter sido uma pessoa melhor, talvez se tivesse sido não perdesse o seu marido.
Ela continua o seu trabalho no automático, e quando tudo está sobre controle ela vai até o proprietário e avisa que precisa ir embora, pois estava se sentindo mal, quando Frederico, que era o dono do restaurante estava presente, era ele fechava.
Ela sobe na sua moto e vai para casa, ela morava em um pequeno apartamento no segundo andar de um prédio de dois andares na pequena cidade. Quando entra deixa a sua bolsa no sofá e segue para o quarto e nem acende a luz ao entrar, se joga na cama e pensa em tudo o que viveu com Heitor, ela ainda conseguia lembrar do dia que o conheceu, no mesmo restaurante onde ainda trabalha.
Tuane também lembrava da última briga que tiveram por causa de uma ex namorada dele que veio visitá-lo, talvez ele tenha percebido que ficar com a tal Daniela era muito melhor do que continuar casado com uma louca.
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Curiosidades
🇧🇷 Mato Grosso do Sul
Estado da Região Centro Oeste
Capital — Campo Grande.
Além da Taboa, citada no texto, outra bebida da região muito apreciada é o tereré, bebida feita de água gelada com a infusão da erva mate com outras ervas.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Julia Santos
eita kkkk geralmente são os hms nè
mas aqui a vadia é vc kkkkk
2024-10-24
0
Marta Monteiro
iniciando leitura do 📖, espero me surpreender 😶
2024-08-16
4
Graciete Barbosa Silva
e vamos começar mais uma hoje 08/08/24
2024-08-09
1