Capítulo 14 - Liberdade

Heitor já trabalhava na fazenda há quase um ano, e se sentia realizado e feliz.

Conseguiu com a sua irmã uma "bolsa de estudo" para Roani, ele estava estudando Administração a distância e quem custeava era a empresa deles. Quando Roani lhe contou que haviam ligado para ele oferecendo uma bolsa de estudo em uma faculdade a distância, Heitor deu o maior incentivo, pois já sabia do que se tratava.

Roani ficou muito empolgado e comentou precisar de um computador para os estudos e Heitor também conseguiu resolveu esse problema dele, ele deu o seu laptop para Roani, alegando que comprou outro mais moderno, não era mentira, que comprara outro, mas não havia necessidade de trocar o seu que era novo, o fez para ajudar Roani.

No aniversário de Tuane, Jaciara fez um bolo para a filha e o convidou, Jaciara estava cuidando da limpeza da casa dele, recebendo um bom salário para isso, ela até ficou surpresa com a oferta e por vezes fazia algumas guloseimas para ele, menos a janta que ele pediu que não se preocupasse.

No aniversário de Tuane, além dele, estavam presentes Dante, Fabrício, algumas jovens da vila e Alice. Heitor a presenteou com uma corrente de ouro com um pingente de uma borboleta, ele notou que ela tinha várias blusas de estampas de borboletas e isso era sinal que gostava. Ela agradeceu, mas não demonstrou nenhum entusiasmo, mas ele sabia que ela tinha gostado, caso contrário ela conseguiria demonstrar o seu desagrado.

— Isso é ouro? — Roani pergunta.

— Sim, acredito que a sua irmã mereça. — Respondeu com naturalidade, mas Geraldo estranhou ele dá um presente caro a filha sem nem serem amigos.

Fabrício deu um conjunto de colar e brinco, mas Heitor achou exagerado, a joia não combinava com Tuane.

— Gostou do presente Tuane — Pergunta ansioso depois dela abrir a caixa de veludo azul.

— Posso saber onde vou usar isso? — Pergunta com a caixa aberta mostrando para ele.

— Quando sairmos juntos...

— Então acredite, nunca será usado. — Responde fechando a caixa e deixando de lado, sem se importar com o valor da joia.

— Tuane, essa joia deve ter sido muito cara...

— Então pode usar quando for consertar as cercas. — Tuane responde ao irmão sem muita paciência

— Tuane, pare de fazer desfeita do presente.

— Ah! papai, tenha dó.

— Fabrício, meu filho, me desculpe por Tuane, mas ela realmente não vai usar, leve e guarde com você, parece ser uma joia muito cara. — Jaciara pega a caixa e devolve para Fabrício, que se nega a aceitar de volta. — Sabemos que foi de coração, mas com certeza ela não usará. — Jaciara insiste.

As jovens que estavam presentes ficam enciumada, menos Alice, que estava feliz pela amiga ter ganho duas joias, mesmo ela tendo aceitado só uma, a do veterinário. Na hora de cortar o bolo, Heitor percebe que ela estava usando o cordão que ele deu, e não apenas ele, todos perceberam.

Depois do aniversário dela a amizade deles melhorou um pouco, isso até o dia que Heitor foi a cidade com Dante e duas amigas que Dante convidou.

Era um dia de sábado e já tinha dado o horário Tuane sair do trabalho, mas ela estava conversando com Alice quando vê Heitor e Dante entrarem, mas o que a faz olhar para Heitor com raiva são as duas mulheres com eles. Heitor estava vestido com uma calça preta, botas e vestia uma camisa de linho azul escura, com as mangas dobradas. Dante vestia jeans e camisa mangas comprimidas, amarela. Nos pés, Dante usava botas. 'Para aonde vão tão arrumados?' Tuane pensa os vendo entrar. Ela jamais iria embora agora, ela pensa, pegando novamente o seu bloquinho e caneta.

Assim que eles entram no restaurante Heitor vê Tuane o fuzilar com os olhos, ele prefere fingir não ver, mas assim que eles se sentam Tuane se aproxima para atende-los, as vezes ele achava até engraçado as caras que ela fazia quando o via conversando com alguém do sexo feminino.

— O que vão querer? — Pergunta sem fazer questão de ser simpática.

— O que vão querer meninas? — Dante pergunta.

— Eu quero, isso aqui. — A mulher que estava ao lado de Heitor aponta para o que estava escrito nas descrições das bebidas.

—Isso aqui o quê? — Tuane pergunta sem olhar para a mulher.

— Deixa eu vê para você...

— Esse é o meu trabalho — Ela impede Heitor de olhar para onde a mulher apontava, e o olha com raiva — O seu trabalho é cuidar dos animais, mas vejo que a sua preferência é pelas vacas. — Heitor não consegue ficar sério, pois ele sabia as quais "vacas" ela se referia.

— Sim, eu cuido de todos os animais, e adoro cuidar de pitbull — Ele a provoca.

— Babaca — Ele sabia que ouviria uma resposta, mas não conseguiu se conter.

— Queria saber porquê ela só vive de mau humor. — Dante comenta

— Quem é ela? — Uma das mulheres pergunta curiosa.

— Ninguém importante — Resposta errada, na hora errada, Dante pensa ao ver alguém se aproximar por trás de Heitor.

— É mesmo? Não sou importante para você seu imbecil...

— Calma Tuane — Dante tenta intervir.

— Garota grossa, sabia que podemos reclamar com o seu gerente?

— É mesmo? E quem é você? Com certeza veio beber as custas dos dois, suas interesseiras...

— Tuane... — Alice se aproxima ao ver ela quase perder a linha, e se isso acontecesse ela perderia a linha e o emprego com toda a certeza, bastava o gerente ver aquela cena para isso acontecer — Deixa que eu acabo de atender essa mesa, o chefe disse para você ir.

Heitor prefere permanecer calado. Ele não demora para ver ela saindo pela porta do bar, espumando de raiva.

— Só um momento, eu já volto. — Heitor não sabe por quê, mas não queria que ela fosse embora acreditando no que ouviu dele. — Tuane!

Ela estava abrindo o cadeado de sua bicicleta, quando o ouviu chamar, mas fingiu não ouvir. Ela monta na bicicleta, mas antes que consiga sair do lugar Heitor, a impede.

— Eu não quis dizer aquilo.

— Sobre o pitbull ou sobre a sem importância.

— Sobre você ser sem importância. — Eles ficam se olhando, ela queria dá uma resposta, mas não sabia o que dizer com ele sozinho a sua frente — Você é importante por isso queria te conhecer melhor.

— Esquece, já me conhece o suficiente. Pode sair da minha frente?

— Você fica ainda mais bonita zangada. — Heitor ri ao ver ela revirar os olhos.

— Poderia me dar licença, vá cuidar daquelas vacas leiteiras, com os peitos de fora. — Heitor continua rindo.

— Está tarde para você ir de bicicleta, deixa eu te levar para casa.

— Não precisa, estou acostumada.

— Deixa eu te levar, eu só preciso avisar a Dante...

— Não se preocupe, eu realmente estou acostumada a andar de bicicleta. — Eles ficam se olhando, mas sem se falar — Poderia me dá licença. — Heitor resolve deixa-la ir, ela era muito difícil, ele pensa a vendo sair pedalando.

Depois desse dia Tuane preferiu se afastar de Heitor, ela era nova e não prentendia se envolver com ninguém, gostava da sua liberdade, e não seria como as jovens dali, que se casavam cedo e se tornavam donas de casa ainda jovens. Precisava tirar Heitor dos seus pensamentos, talvez fosse passageiro o que estava sentindo por ele, ela só precisava deixar de se importar com ele, principalmente quando ele estava com alguma mulher por perto. Não queria e não iria se envolver com ninguém, principalmente alguém que a fazia mergulhar em um mundo desconhecido de sentimentos.

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