O Descontrole e a negligência

***Alerta de gatilho: Se você possui sensibilidade a descrições de violência e assédio, pule esse capítulo***

Olívia: Que está acontecendo aqui? Najla? Que houve com você?

Najla: Foi o Samir doutora ele me bateu, porque descobriu que vim aqui falar com a senhora.

Ao escutar aquilo Olívia leva Najla para sua sala onde poderia coletar seu depoimento, mas ao saber que teria que denúncia o marido formalmente ela fica com medo.

Najla: Mas ele vai saber que o denunciei?

Olívia: Vai sim, porque será intimado a vir até a delegacia, mas posso conseguir uma medida protetiva para você, assim não poderá se aproxima e te fazer mal.

Najla: E como vou sobreviver? Eu não trabalho, apenas preciso que a senhora me ajude, diga a ele que não vim aqui, que foi minha mãe por favor.

Olívia: Tem certeza que quer voltar para uma casa onde seu marido te bate e te maltrata?

Najla: Ele só ficou nervoso só isso, mas Samir é um homem bom, me dá comida, um lugar para morar, não posso reclamar.

Olívia: Está bem, Najla pegue esse dinheiro vá até o hospital para ver esse machucado, vou pedir que um policial te leve fale com eu marido está bem assim?

Najla: Não quero hospitais, só quero poder voltar para casa só isso, a senhora precisa consertar isso.

No mesmo instante, Benjamim chega após uma ronda e a pedido de Olívia leva Najla em casa, precisava conversar com o marido enfurecido da moça e explicar que ela não foi a delegacia.

A pobre mulher entra no carro e durante o trajeto, nervosa apenas olhava para o lado de fora, Benjamim não se atreveu a fazer nenhum comentário, apenas a observava e quando o carro parou na porta da casa Samir sai irritado, achando que eles teriam ido para prendê-lo.

Com uma arma em punho ele ameaça a polícia, Najla tenta acalmá-lo, mas ele parecia não querer escutar e começa com as ofensas.

Samir: Allaenat, kunt 'aelam 'anah kan ealaya qatlak ya najla'u. 'Ant thueban, waznuk eadim alfayidati. (Desgraçada, sabia que deveria ter te matado, Najla. Você é uma cobra, um peso que não serve para nada)

Najla: Ahdayiy, falzawj lays min hadha alqabil, laqad jawuu liukhbiruk 'anani lam 'adhhab 'iilaa hunaka. Min fadlik astamie 'iilayhim, la tafeal hadha.(Calma, marido não é nada disso, eles vieram para te contar que eu não fui lá. Por favor escuta eles, não faça isso)

Benjamim: Senhor, viemos em paz tenha calma por favor. Abaixa sua arma e vamos conversar.

Samir: Eu não vou ser preso, vocês terão que me matar para isso ouviram? Essa mulher me traiu, denunciar o próprio marido, você é uma vergonha para sua família.

Benjamim levanta as mãos mostrando para Samir que estava desarmado, com passos lentos ele caminha até o homem, Samir estava irritado determinado a ir até o fim, quando percebe a aproximação de Benjamim, ele começa a se alterar ainda mais.

Najla começa a gritar e Samir aponta sua arma em direção ao policial que se aproxima, o novo parceiro de Benjamim se apavora sacando sua pistola e atira, acertando o homem que cai, Najla corre em direção ao marido, desesperada se abaixa e percebe que o mesmo estava morto, agarrada a ele começa a gritar

Benjamim: Mais que merda Oliver, por que não esperou?

Oliver: Esperar o quê? Ele te matar é isso?

Em pouco tempo a rua estava cheia de pessoas curiosas, Benjamim liga para Olívia para contar o que havia acontecido e ela se irrita, no mesmo instante aciona o reforço para ir ao local, sabia que a promotoria iria lhe cobrar pelo erro e isso seria um problema para os casos que ela estava investigando ainda mais estando recente naquele departamento.

Najla: Ya samir hal taerif madha faealwa? Laqad faqadt kula ma eindi min dhahabi, 'ana amra'at mahkum ealayha bialfashal alan. (Meu Samir, sabe o que fizeram? Eu perdi todo meu ouro, sou uma mulher condenada agora)

Oliver: O que ela está falando?

Benjamim: Como vou saber? Vamos pedir a Olívia que chame a mãe dela, quem sabe conseguimos entender.

Najla estava em choque e por esse motivo apenas falava em seu idioma, para entender seus lamentos foi preciso chamar sua mãe Raja, que chega pouco tempo depois, mas por julgar a mãe culpada Najla se recusa a falar com ela.

Benjamim: A senhora pode nos explicar o que está acontecendo?

Raja: Acontece que em nossa religião um mulher viúva precisa ficar isolada, entregar todas suas joias e vestir branco, minha filha ainda é jovem, sendo triste ter que viver dessa forma.

Benjamim: Cadê a outra esposa? Não eram duas?

Raja: Deve ter fugido, não sei onde ela está.

Enquanto isso após um dia nas ruas coletando material reciclável para conseguir algum dinheiro e sustentar Jhon retorna para o local onde morava e Susy angustiada o esperava.

Susy: Jhon, aquela moça, Maryam voltou não está muito bem, ela pediu que a gente a leve até a delegacia.

Jhon: Está louca mulher eu não vou à delegacia não.

Susy: A gente deixa ela lá e viemos embora.

Então Jhon convencido pela mulher avisa a Maryam (Samira) que a levaria, ela com dificuldade e ajuda do casal se levanta, eles precisavam caminhar muito por isso ele usa o seu carrinho a colocando nele e os dois caminham por horas até a delegacia.

Do outro lado da rua eles ficam observando o melhor momento para se aproximar e deixar Maryam (Samira), a movimentação de viaturas era grande, Jhon então resolve dar a volta no quarteirão onde fica a lixeira do departamento, com a ajuda de Susy ajudam Samira a sair e a deixam ali sentada no escuro e sozinha.

Jhon: Desculpa, moça mas aqui é até aonde podemos ir.

Susy: Te desejo sorte.

Samira: Obrigada!

Após horas na ocorrência da casa de Najla, Benjamim retorna para a delegacia, como todos os dias ele vai até o vestiário para retirar seu uniforme, mas antes faz uma última verificação no local, quando escuta nos fundos um barulho.

***Narrado por Benjamim***

Como todos os dias, antes de terminar meu turno preciso preencher os relatórios, naquela noite demorei mais que o normal devido ao ocorrido com o marido de Najla. Olívia claro deu aquele sermão em mim e Oliver meu parceiro, ele irritado foi embora com o uniforme, mas eu ainda precisava fazer minha ronda no departamento, quando cheguei nos fundos escutei um barulho.

Peguei minha lanterna e minha arma, caminhei em direção à lixeira sem saber o que encontraria, novamente um barulho e um gemido, chamei mas ninguém respondeu, dei mais alguns passos e logo vi ali no chão uma moça, muito machucada.

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