CAPÍTULO 16

Então você não volta mais para a França?

- Claro que volto, estou aqui de passagem, quando as coisas melhorarem com minha mãe pretendo voltar pra lá com ela, acho que não pertenço mais a esse lugar. Lá além do meu trabalho sou sócio de uma empresa de cosméticos, então querendo ou não sempre preciso estar indo lá ver como os negócios estão andando.

Então sua volta não é por muito tempo, ele vai voltar para França e tudo voltará a ser como antes. Não sei se isso é bom ou ruim.

- Nossa que interessante, você mudou muito Kyle, está um homem super responsável, espero que todos seus projetos se realizem e você tenha muito sucesso financeiramente falando!

Minha mãe serve suco em seu copo e no meu.

- Na verdade dona Maria, tenho uma boa quantia investida em várias ações, nos meus primeiros anos lá guardei todo dinheiro que ganhei e depois de formado como sargento tive uma renda extra e por isso abri essa empresa com meu amigo, que também vem crescendo em uma velocidade absurda. Então acho que agora não estou atrás de mais retorno financeiro, acho que preciso mesmo me encontrar.

- Como assim?

Pergunto confusa, minha mãe sorri ao perceber que finalmente entrei na conversa.

- Não acho que o mundo se resume á Boston Anny, tenho o mundo todo para tentar me achar, tenho inúmeras ideias que eu gostaria de tentar, ainda não me sinto completo.

- Nossa que profundo!

Minha mãe fala lhe servindo mais uma fatia de rocambole e Kyle não nega, parece com saudade mesmo desse prato.

- E você não pensa em casar? Ter filhos?

Minha mãe pergunta e eu a olho boquiaberta, não acredito que ela está sendo tão indiscreta.

- Sim, quero sim. Mas enquanto não acho a pessoa certa prefiro focar em outras áreas da minha vida, tenho andado um pouco ocupado também, semana que vem mesmo terei uma missão.

- Missão? Para onde?

Pergunto me metendo mais uma vez.

- Não posso falar, é sigiloso. Mas, se tudo der certo volto em uma semana. Minha tia vai vir ficar com minha mãe, então acho que você nem vai precisar ir todo dia.

- Então vai com Deus meu filho, que Ele lhe proteja de todo mal.

Kyle sorri para minha mãe com um olhar agradecido.

...

- Boa noite Dona Maria, muito obrigado estava uma delícia!

- Por nada meu filho, volte sempre que quiser.

Os dois se abraçam.

- Vou terminar de arrumar a cozinha, Anny vai te acompanhar até a porta!

Olho de cara feia para minha mãe, mas faço que ela manda. Vou para fora de casa e quando ele sai fecha a porta atrás dele, estamos nos dois na minha varanda.

- Qual é seu problema Kyle?

Ele me olha levantando os ombros como se não estivesse me entendendo.

- Acabamos de conversar sobre manter certos limites, porque veio jantar aqui?

Ele ergue a sombrancelha esquerda, merda, como fica lindo.

- Sua mãe me convidou, não teve nada a ver com o que aconteceu mais cedo...

- Mas deveria ao menos ter negado!

Ele sorri e se aproxima.

- Mas foi você que disse que não passou de puro tesão, não entendi o motivo da minha presença te incomodar.

Sua voz sai mais rouca do que eu imaginava, sua íris escurece e eu tento chegar mais para trás e minhas costas batem na parede de casa.

- N-não me incomodou, só não gostei.

Sussurro gaguejando um pouco, ele para seu corpo bem perto do meu.

- Sabe o que eu acho Anny? Eu acho que você sente mais do que diz, acho que minha presença te afeta...

Ele roça o nariz na minha bochecha e desce até o pescoço deixando um selinho lá, meu corpo arrepia e fechos meus olhos.

- Você e seu super ego...

Sinto seu sorriso em meu pescoço, ele sobe a boca lentamente, morde e puxa de leve o lóbulo da minha orelha. Eu solto um gemido baixo e na mesma hora ele ergue o quadril pressionando sua ereção acima da minha barriga.

- Parece que também tenho algum efeito em você.

Ele me ignora e continua revezando os beijos indo do meu pescoço até minha orelha, sua mão passeia na lateral do meu corpo com uma pegada forte. Vou descendo minha mão até o volume entre suas pernas e aperto por cima da bermuda, ele geme e coloca sua boca na minha, me beijando ferozmente, tomando tudo o que tenho a oferecer e eu retribuo, me afogando em meu desejo, ansiando por ele.

Quando ele se afasta, ambos estamos recuperando o fôlego, seus olhos fascinados fixos em mim.

- Uau. Isso foi...

Ele fala me olhando como se eu fosse um enigma, eu também me sinto assim, essa força magnética que temos quando estamos juntos é uma coisa que jamais senti na minha vida e agora sei que ele sente também.

- Você está me magoando Kyle... Se isso é algum tipo de vingança ou algo do tipo, por favor, só para.

Respiro fundo no final da frase, chega de joguinhos estou esgotada psicologicamente, não quero terminar outra vez como estava a cinco anos atrás, perdida, fazendo terapia e sem comer. Ele encara o chão.

- Eu nunca quis isso.

Sinto sinceridade nele.

- Então para, por favor, se você não está pronto para me perdoar tudo bem, eu entendo. Mas para de me beijar assim, para de me fazer... Enfim, só preciso que pare.

Ele confirma com a cabeça e me olha nos olhos.

- Amanhã eu tenho um encontro.

Minha frase sai rápida, não sei para que toquei no assunto, mas sinto que de alguma forma estaria fazendo algo errado em não contar. sua expressão é vazia, não me entrega nada, ele fica em silêncio uns segundos, se vira descendo os três degraus da varanda e anda rápido em direção ao seu carro sem olhar para trás.

- Tudo bem filha?

Minha mãe pergunta saindo de casa, nem se quer ouvi a porta abrindo, nego com a cabeça olhando o carro dele ir embora às pressas, minha mãe se aproxima e me aperta em seus braços. Mas uma vez a dor que virou minha amiga frequente me arrebata me levando as lágrimas.

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