Proposta

Logo amanhece, e Baruc se levanta sem fazer barulho e começa a se arrumar. Quando termina, ele desce para o andar de baixo onde começa a preparar todo o café da manhã. Ao terminar, ele arruma a mesa e recebe uma mensagem de Ragnar, avisando que terão uma reunião na boca com o dono de um morro, que quer fechar uma aliança com eles.

Baruc leva o café da manhã para Rebeca e como ela ainda está dormindo, ele deixa a bandeja em cima da cama, dá um beijo na testa e outro na barriga da moça, coloca o seu fuzil atravessado nas costas, cumprimenta os vapores na contenção e vai para a boca.

Assim que ele chegar, cumprimenta os vapores e entra na salinha, onde logo vê algumas mulheres sentadas, juntamente com dois homens que ele julgar ser o dono e o gerente geral do morro que quer fechar uma aliança com ele, junto com uma moça que está entre eles.

— Salve, Baruc! — O homem mais velho começa.

— Salve! Em que devo a honra da visita no meu morro?!

Baruc se senta na sua cadeira de frente para os três, enquanto Caco e Maadara, que estão ao seu lado, analisam atentamente toda a situação.

— Foi mal aparecer aqui desse jeito no seu morro, mas é que eu assumi o comando recentemente e como você sabe, é necessário se ter ótimos aliados nessa jornada. Eu soube dos seus grandes feitos, e é bem conhecido, além de ser bem respeitado. Vim lhe procurar, porque além de ser um homem de respeito, é também conhecido pela família da minha mulher. O seu pai foi muito amigo do meu sogro.

— Valeu pelas palavras. Podemos ver aí esse acordo e se for bom para ambos os lados, poderemos sim fechar uma aliança. Mas, quem é o seu sogro?

— O meu sogro é o Barriga. Antigo dono do Complexo da Cegonha.

— Grande Barriga... Conheço bem. Bem respeitado, e já fortaleceu grandão o meu coroa. Você é casado com a Alice, não é?

— Sou sim.

— Suspeitei que fosse. Bom, sou todo ouvidos a sua proposta.

— Eu quero lhe propor uma aliança entre os nossos morros a partir de um acordo de sangue.

— Está querendo me propor um casamento?

— Exatamente. Eu quero lhe propor que se case com a Jamila, minha filha. — Ele aponta para a morena. — Se tivermos esse elo, ele será forte e juntos poderemos conquistar muitas coisas.

— Eu dispenso essa oferta sobre um acordo de sangue, porque eu já estou casado.

— Já?! — A morena pergunta.

— Já. Não tenho interesse na sua filha... então,se tiver uma nova proposta, eu posso pensar em aceitar.

— Se casar comigo é uma boa opção. Todos gostariam de ter uma mulher assim como eu, e me ter seria um grande prevílegio. Você não sairia perdendo em nada.

A morena se insunua para Baruc, que nem a olha direito. Baruc olha para os amigos que estão sentados ao seu lado, e pelo olhar, ele entende que eles dizem que eles não lhes passaram confiança.

— Eu recuso a sua proposta. Eu tenho uma mulher em casa, e isso me basta. Já estou muito bem casado e eu não preciso de uma nova esposa. Sou muito feliz com a que eu já tenho, e que por sinal, está esperando um fruto da nossa relação.

— E, qual o lucro que teve nesse casamento? Somente um filho? Por que não larga a sua esposa, e fica comigo? Só tenha contato com ela pela criança.

O pai olha incrédulo para a filha, e em seguida, o seu olhar muda para um olhar de temor ao ver a expressão de Baruc se mudar completamente...

— Se não quer que a sua filha saia de dentro desse morro num saco preto por tamanha afronta, é melhor tirar essa mulherzinha da minha frente AGORA! Caso queiram conversar depois, nós nos falamos. Agora, essa reunião está encerrada. Saiam, antes que eu me esqueça da consideração que o meu coroa tinha pelo seu Barriga.

Os dois homens se levanta, e o mais novo sai puxando a menina pelo braço até o lado de fora.

— Me desculpe, Baruc. A reação da minha filha foi estúpida. Não tivemos a intenção de ofender a primeira dama. Fé aí pra vocês e que o herdeiro venha com muita saúde. Depois eu entro em contato para marcarmos uma nova reunião e conversaremos melhor...

— Fé. — Baruc responde, e acende um baseado.

Do lado de fora...

O rapaz arrasta a irmã pelo morro e o pai deles os seguem. Assim que eles entram no carro, o homem começa a dar socos no volante e olha para a filha, que está no banco de trás.

— Você tinha que abrir essa maldita boca?! Que inferno! Eu deveria cortar essa droga dessa tua língua. — O homem esbreveja.

— E agora, coroa?! O homem ia cair do nosso papo pela influência do vô Barriga, mas agora corre o risco dele não querer nem olhar mais pra nossa cara, porque essa desgraçada com o fogo no rabo quer dar em cima de todo homem que vê na frente.

— O que é?! Vão me culpar agora?! Foi o papai quem propôs um acordo de sangue com ele, e eu só queria ser a primeira dama do Chapadão. O Baruc é um dos traficantes mais cobiçados, porque além dele ser bem conhecido, ele é rico pra caralhø, além de ser um gato, gostoso, o sonho de consumo de qualquer mulher. Por que eu não poderia tentar?!

— Se esqueceu do nosso foco aqui?! O foco aqui, sua idiota, não é você dar pro Baruc! Você deveria ser mais como o seu irmao.

O homem dá uma última olhada mortal para a filha pelo retrovisor, e da partida no carro.

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