Cobras soltas por aí

Em casa, Laila chega e vai direto para o quarto de Rebeca...

— Bom dia, buchudinha!

— Bom dia, Lala!

— Como vocês estão?

— Nós estamos bem e você?

— Eu estou bem. Vejo que está alimentando o poderoso chefinho ou chefinha. Muito bem!

— É! — Ela ri. — O lado bom é que ele(a) aceita tudo o que eu como.

— Isso é bom! Eu tenho uma conhecida, que precisou ir pro hospital tomar soro, porque o neném não aceitava nada.

— Nossa! De fato, fui muito abençoada.

— Foi sim, amiga. E muito! Mas, me conta... já pensa em comprar algo para o bebê?

— Eu estava pensando em ir comprando o básico, em algumas cores neutras.

— Olha, eu gostei bastante da sugestão. Um conselho também, é vocês irem já fazendo um estoque de fraldas, porque o preço só tá que aumenta. Mesmo que façam chá de fralda, é sempre bom ter um estoque já feito.

— Isso mesmo que eu estava pensando em fazer. Eu não vou usar lenço umedecido. Ouvi uma pediatra uma vez falando que é bom usar sempre um algodão molhado.

— Sim, verdade. Olha, eu sigo uma lojinha m no insta, que tem umas roupinhas lindas! Tem umas peças em cores neutras que são uma fofura!

Laiza começa a mostrar as peças para Rebeca, até que elas ouvem a campainha tocando.

— Eu vou abrir. Já volto...

Enquanto Rebeca continua vendo as fotos, Laiza desce e abre a porta, dando de cara com um vapor com um pacote em mãos.

— Patroa, esse embrulho chegou para a primeira dama. Foi um moto boy que deixou na entrada do morro, e disse que era para a mulher do dono do Chapadão. Eu estava aqui na contenção, quando me chamaram e entregaram.

— Certo, Kuririn. Você analisou o que é?

— Sim, patroa. Parece ser uma caixa, com algumas fotos, papéis dentro, e o dá pra sentir o cheiro de perfume. — Ele ergue a caixa até o nariz de Laiza.

— Isso é estranho demais, Kuririn...

— Sim, patroa. Eu vim bater aqui, porque eu sei que a senhora entrou aqui na casa, e viria abrir a porta, porque a primeira dama está de repouso. A senhora quer que eu o embrulho para ver o que é? Sei que não é educado fazer essas parada, mas pelo o que aconteceu com a primeira dama, acho que é melhor...

— Vamos abrir, Kuririn. É melhor vermos o que é, porque eu não confio nada nas cobras que ainda temos soltas por aí.

Kuririn abre o embrulho, e retira com cuidado a caixa de dentro. Eles abrem cuidadosamente a caixa, e ao analisarem todo o conteúdo, Laiza arregala os olhos.

— Meu Deus! Se o Baruc vê uma coisa dessas, ele come o coração de quem mandou... leva essa caixa para a boca, Kuririn. Leva para a boca, porque a Rebeca não pode nem sonhar com isso.

Kuririn acena em afirmação, e pega a caixa, levando para a boca. Assim que ele entra correndo, Baruc olha para ele.

— O que foi, Kuririn?

— A primeira dama...

— O que aconteceu com a minha mulher? —Baruc se levanta rapidamente.

— Deixaram um embrulho lá na entrada para a primeira dama com os meninos que estão na contenção, e eles mandaram me chamar e me entregaram. Eu passei antes lá na casa, porque fui eu que abri a porta pra patroa, e sei que a primeira dama está de repouso. Abrimos o pacote, porque como aconteceu aquelas paradas lá com ela, achávamos que poderia ser mais uma tramóia e estávamos certos...

Kuririn entrega a caixa para Baruc, que começa a analisar todo o conteúdo da caixa, junto com Ragnar e Caco, que leem as cartas também. Baruc muda rapidamente o semblante, e amassa as cartas, arremessando a cadeira dele na parede, e em seguida, passa a mão no rosto.

— Vão lá na favela do Az e me tragam as desgraçada da Barbara, passem na casa da Estênia e me tragam ela, nem que seja arrastada pelos cabelos. Procurem aquelas desgraçadas até no inferno, porque eu vou beber o sangue delas!

Baruc sai apressadamente da boca, e vai para casa.

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