JESSIE
Dante sorriu largamente e eu desviei o olhar. Ele era atraente, na verdade o primeiro alfa que eu realmente achei bonito. Todos davam em cima de mim quase que me obrigando a falar com eles.
Mas Dante estava ali me tratando como seu igual e me dando um sorriso simpático... E bonito. Ele era diferente.
— Você é tímida, não é? — Sua voz profunda me fez sair dos meus pensamentos.
— Um pouco.
— Posso te ajudar com isso, não se preocupe.
— Não é necessário, eu não vim fazer amizades —. Percebi o meu erro assim que terminei de falar e me apressei em corrigir. — Não quis dizer você, eu gostei de você, quis dizer sobre estudar e a universidade é para isso não é? Mas não significa que...
— Está tudo bem — Ele riu. — Eu entendi e também se quiser me enforcar daqui uns dias, eu vou compreender, sou um pouco insuportável.
— Vamos tentar não chegar a isso.
Ele riu mais ainda. Acabei sorrindo, a alegria do Dante era contagiante... Talvez nos déssemos bem afinal.
— Bom, como pode ver essa é a sala, mais para frente temos o corredor da morte...
— Por que corredor da morte?
Dante continuou andando e só me respondeu quando chegamos nas três portas do fim do corredor. Ele abriu uma e entrou. Era um quarto, o meu, imaginei.
— A luz queimou e é assustador, eu sempre esqueço de trocar.
— Tem medo de escuro? — Tentei não rir.
— Você não? — Ele me olhou curioso. Neguei com a cabeça. — Ótimo, você apaga a luz da sala na hora de dormir então.
— Certo — Não aguentei e dei risada.
— Poucos minutos e já está zombando de mim? — Ele balançou a cabeça e sorriu. — Então, esse é o seu quarto, como pode ver só tem a cama e o roupeiro, eletrodomésticos é por sua conta, mas você pode jogar no meu quarto se quiser, não me incomodo.
Eu jamais entraria no quarto dele se possível, por ser uma ômega lúpus era extremamente arriscado ficar tão perto assim de um alfa. Provavelmente após as aulas, eu me trancaria no meu quarto e não sairia até de manhã.
— Obrigada.
— De nada, o banheiro é compartilhado... É essa porta do meio aqui e a porta em frente ao seu quarto é o meu quarto.
— Tem horários para o banheiro? Você toma banho em um horário específico?
Eu podia jurar que os olhos do Dante brilharam, mas foi tão rápido que talvez tenha sido minha imaginação. Não gostei muito disso, quer dizer, por toda essa questão de ômega e alfa era inevitável controlar o nosso "eu" interior às vezes.
Talvez eu enganasse Dante facilmente, mas não sabia se minha ômega poderia enganar o alfa dele.
— Você... Tem manias? — Ele perguntou cauteloso.
— Algumas — Menti.
Na verdade eu tinha várias, uma delas era tomar meu banho no maior silêncio e privacidade possível.
— Bom... Eu não tenho muitas, quase nenhuma, não tenho horários de banho, mas caso nosso horário coincida algum dia, você pode ir primeiro.
— Obrigada.
— De nada e eu que agradeço também — Ele riu. — Me salvou de dividir o dormitório com um cara maluco.
Dessa vez eu ri junto com ele. Pelo menos nisso éramos parecidos, apesar do Dante parecer meio caótico.
— Aqui tem lavanderia?
— É conjunta do prédio, na entrada tem a lavanderia acho que você não viu pois hoje ninguém marcou de lavar roupa, Matt não precisou abri-la.
Sexta a noite era o dia perfeito para lavar a roupa da semana, essas pessoas tinham problema? O que poderia ser mais importante que lavar suas roupas?
— Entendi.
— Quanto a alimentação, temos o refeitório que é como um grande restaurante, porém tem um microondas na sala que ajuda bastante nos dias frios que eu não estou afim de sair — Dante explicou. — A sala é meio sala-cozinha na verdade, a única diferença é que só tem freezer e não tem um fogão, mas eu tenho armários de estocar comida.
Isso era bom, eu não precisaria sair durante a noite. Não que eu tivesse medo, até porque não tinha medo de muita coisa, mas eu não gostava de sair.
— Posso guardar comida lá?
— Claro, a casa é sua — Ele socou meu ombro.
— Obrigada — Sorri apesar do soco ter doído.
— Acho que já te informei bem, tem alguma pergunta?
— Nenhuma, obrigada.
— Certo... Quer jogar alguma coisa? Você gosta de jogar?
Adorava, muito mesmo, mas recusei com um aceno de cabeça. Não podia correr o risco de ficar mais tempo com Dante, o perfume do Alex já estava ficando mais fraco. Eu queria resolver isso logo, relações sociais faziam parte da universidade e eu não poderia fugir disso por muito tempo.
— Estou cansada quem sabe outro dia — Tipo nunca.
— Claro, descanse e boa noite, Jessica, estou feliz em ter você como colega de quarto.
— Boa noite, obrigada — Sorri.
Dante sorriu e foi embora fazendo o favor de fechar a porta. Finalmente pude suspirar relaxada, tudo tinha dado certo.
Tirei meus tênis e deitei na cama, estava tão cansada da minha breve atuação. Eu precisava relaxar mais se não quisesse que ninguém descobrisse.
A porta do meu quarto foi aberta repentinamente, sentei na cama e encarei Dante que estava com as minhas malas.
— Você deixou na sala — Ele disse simples.
— Ah sim, obrigada.
— Nada.
Dante saiu de novo e dessa vez eu levantei e chaveei a porta. Meu Deus, e se eu já estivesse despida para dormir? Meu cheiro certamente seria notável... Além do constrangimento principal. Eu precisava de cuidado dobrado, Dante me tratava como uma velha amiga e isso era arriscado demais.
Por mais que ele parecesse ser um cara legal, não podia confiar, mal o conhecia. Além disso, Alex não podia saber da minha existência na faculdade ou poderia me mandar para casa já que eu estava dividindo dormitório com um alfa.
Respirei fundo e comecei a me preparar para dormir, o dia tinha sido cheio e eu estava exausta. Mas mesmo assim adormeci feliz, pois as coisas podiam estar complicadas, mas pelo menos eu estava realizando o meu sonho e ninguém ia mudar isso.
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Atualizado até capítulo 106
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