JESSIE
Tive que mudar meu cadastro na universidade, coloquei que era uma alfa e havia me enganado. Fiquei esperando meio incerta se isso ia funcionar ou não, por isso que três dias depois quando recebi a notícia de que poderia fazer Direito para ser delegada, gritei de felicidade.
Pelo menos meus pais não estavam em casa ou eu teria que dar boas explicações. Eu não falaria nada para ninguém, até porque Alex acharia uma péssima ideia já que eu vou dividir o quarto com um alfa... Isso ainda me amedrontava por causa dos cios e por eu ser o pior tipo de ômega: o lúpus.
Respirei fundo e sorri. Eu só deveria me preocupar com isso daqui dois meses, meu foco agora era entrar na universidade. Felizmente todos os documentos já haviam sido mandados, o único problema era o fato de eu ser ômega, então a universidade pediu desculpas pelo ocorrido e disse que eu poderia começar amanhã mesmo.
Claro que eu contei para os meus pais e pedi para eles não dizerem nada ao Alex, falei que queria fazer uma "surpresa" seria uma surpresa e tanto...
Tive que roubar várias roupas do meu irmão que felizmente sempre deixava alguns moletons e casacos em casa então servia para mim direitinho, peguei alguns perfumes que ele deixou para trás, esperava que fosse suficiente... Mas também não era como se eu fosse ficar com um alfa no meu pescoço o tempo todo. E os ômegas, se eu fizesse algum amigo, entenderiam.
Pensar em alfas me lembrava do tal Dante sei lá o que, esperava que fosse apenas uma brincadeira sobre me procurar pelo campus, eu sentia que não conseguiria escapar daquele cara. Não era nem pelo jeito dele, era algo inquietante dentro do meu peito... Eu sabia que era minha loba, mas ainda era perturbador pensar nisso.
Eu estava sendo paranóica como sempre, até porque Dante era o primeiro alfa que me tratou como um igual, era como se fosse um amigo falando com um amigo, e não igual aqueles alfas do colégio que tentavam ser gentis para conseguir algo, ou pior, procuravam briga por eu não ser a ômega padrão.
Depois de arrumar minhas coisas fiquei esperando meus pais chegarem, queria me despedir deles e também eu precisava de uma carona da minha mãe. Tínhamos três carros, um era do Alex, um da minha mãe e outro do meu pai.
O motivo para eu não ter um carro era muito simples. Eu não saía nunca, nunca mesmo, todas as vezes que fui praticamente obrigada a ir numa festa, Jake me deu carona ou Alex me arrastou em seu carro. Então eu sou muito feliz com a minha bicicleta, às vezes eu gostava de pedalar por aí... Eu não sou tão antisocial assim... Acho.
Mas agora eu provavelmente precisaria de um carro, pois além de residir na universidade, poderia acontecer uma emergência como o meu cio ou minha barriga. Às vezes eu sentia uma fome absurda e tenho certeza que o restaurante da universidade não poderia saciar isso, os relatos do Alex sobre a comida duvidosa foram bem claros.
Mas por enquanto, eu enrolaria até conseguir um, poderia pedir para os meus pais em breve quando chegasse meu aniversário que não estava longe.
— Jessie, chegamos — Escutei minha mãe gritar da sala. — Você ainda está em casa, querida?
— Estou! — Saí do meu quarto com as minhas malas.
— Alex esteve aqui? — Meu pai perguntou provavelmente sentindo o cheiro do próprio filho. Sorri internamente. — Ah é você, Jessie.
— Eu decidi vestir um moletom dele para causar uma boa impressão.
— Que impressão? Você é ômega — Minha mãe me olhou confusa.
— Exatamente, mas é bom que saibam que tem alguém cuidando de mim — Menti. Meu estômago revirava só de dizer essas palavras. — A universidade é difícil.
— Nós entendemos — Meu pai assentiu. — Mas você tem certeza que não quer que o Alex a leve?
— Não, ele acha que eu não vou hoje, vai ser engraçado assustar ele e o Jake.
— Bom, então vamos, você não deve chegar tão tarde no campus — Meu pai disse pegando minhas malas.
Fomos para o carro e a viagem foi curta, ou talvez eu que estivesse tão ansiosa que não via o tempo passar. Assim que cheguei, desci do carro com meus pais que me ajudaram a tirar as malas do carro.
— Obrigado mãe, pai — Eu os abracei apertado. — Vou sentir falta de vocês.
— A gente também, futura delegada — Minha mãe sorriu.
E só com essa frase, eu senti vontade de chorar. Eu sentia tanta falta do meu pai biológico, mesmo que minhas lembranças com ele fossem poucas, os vídeos e fotos que ele tinha feito comigo mostravam todo o amor que sentia por mim. Mas ao mesmo tempo meu padrasto era um homem muito bom. Apesar do meu sonho ter a ver com meu pai, meu padrasto não deixava de ser uma inspiração para mim, assim como a minha mãe.
— Vou indo antes que escureça — Falei com a garganta apertada.
Abracei eles mais uma vez e peguei minhas coisas.
— Venha nos ver, não suma como o seu irmão — Minha mãe brincou. Seus olhos brilhavam graças as lágrimas que ela segurava. — A casa sempre estará aberta para você.
— Obrigada, mãe — Sorri.
Fui lentamente entrando no campus e respirei fundo ao escutar o carro dar partida atrás de mim. Mas, apesar da minha vida estar prestes a mudar, eu estava feliz e sentia que meu sonho estava apenas começando.
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Atualizado até capítulo 106
Comments
Maria Izabel
do imaginando quando todos descobrir que não e alpha o que vão dizer
2024-02-27
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