Capítulo Quatro

DANTE

— Não pode se esconder para sempre.

— Quer apostar? — Sorri para Matteo que apenas respirou fundo e fechou a porta.

Eu estava me escondendo da minha prima que queria me esganar por eu não ter comparecido ao milésimo encontro às cegas que minha mãe me arrumou.

Minha mãe simplesmente não aceitava o fato de que eu não casaria com ninguém que não amasse, ela via casamentos como uma negociação, um contrato. Meus pais tiveram sorte em encontrarem o amor em meio a esse comércio de casamentos que minha família cultuava por gerações.

— Matt, abre a porta — Escutei a voz da Char do outro lado.

— Não abre — Sussurrei.

— Matteo Ricci, eu sei que está aí dentro escondendo o Dante.

— Não estou não — Matteo respondeu e eu o olhei irritado. — O que quer que eu diga!?

— Dante — Charlotte disse agora mais doce, mas eu não seria enganado pelo seu tom. — Eu tenho boas notícias da tia para você, não vim brigar.

Me aproximei da porta com cautela. Eu não devia ser medroso assim, mas apesar da Char ser uma ômega, ela sabia exatamente onde me afetar. Eu não podia suportar mais um puxão de orelha.

— Está falando sério? — Perguntei.

— Estou.

— Você confia nela? — Matt sussurrou.

— Eu ouvi isso, Matteo.

Abri a porta revelando uma Charlotte com uma expressão bem irritada. Minha prima entrou no dormitório do Matt sem pedir licença.

— Eu deveria realmente dar uma lição em você — Ela me olhou com raiva. — Sabe como foi desconfortável almoçar com sua suposta noiva sem sua presença?

— Noiva!? Minha mãe enlouqueceu?

— É modo de dizer, mas você sabe, é questão de tempo até que ela chegue a esse ponto.

Eu estava assustado. Eu tinha apenas vinte e um anos, não estava pronto para namorar e muito menos noivar.

Nunca fiz o tipo playboy pegador, apesar dessa ser as primeiras impressões que todos tinham de mim, mas ainda era jovem demais para pensar em construir uma família. Eu queria sair com meus amigos, estudar e curtir a vida antes de me amarrar com alguém para sempre.

— Que droga... Preciso resolver isso antes que fique mais sério — Falei pensativo.

— Você precisa de uma namorada.

Olhei em direção a voz feminina que havia dado a ideia. Sofia estava na porta do dormitório, mas logo entrou e parou na minha frente.

Sorri sem graça, pois tinha voltado para o campus após as férias e esquecido de avisá-la.

— E quem seria a namorada, você? — Matt zombou.

— Não seja ridículo, quem acreditaria nisso — Eu ri. — Eu e a Sofia somos como irmãos, né, Soso?

Ela apenas revirou os olhos para Matt, algo que sempre fazia quando ele a irritava, e então sorriu doce para mim.

— Não precisa ser um namoro verdadeiro e acredito que eu seja uma ótima candidata.

— Só você acredita nisso — Matt resmungou e Char segurou o riso.

— Parem de incomodar a Sofia, ela está tentando me ajudar, diferente de vocês dois — Eu a defendi. — Charlotte, você é minha prima e está contra mim o tempo todo!

— Antes você do que eu — Ela deu de ombros.

— Se eu casar, você é a próxima... E aí adeus sua chance com o...

Charlotte pulou em cima de mim impedindo que eu terminasse de falar. Matteo observava a cena com interesse já que era o único idiota que não sabia de quem a Char gostava.

— Quem conquistou a Char?

— Não interessa — Ela respondeu grossa e se afastou de mim. — Eu vou falar para a tia que você quer tentar com a garota de ontem se falar mais uma piadinha, Dante.

— Tanto faz tudo isso — Sofia se meteu. — Dan, você precisa de ajuda e estou disposta a te ajudar, o que acha?

A Sofia tinha razão, eu precisava resolver esse problema logo. Eu estava enrolando a minha mãe há quase um ano, desde que completei vinte e um e atingi a idade "certa" para iniciar os preparativos de casamento.

Mas não podia envolver uma das minhas melhores amigas nisso, quando eu precisasse contar a verdade não queria que meus pais odiassem a Sofia por fingir comigo.

— Vou pensar em algo, não se preocupe, Soso — Eu a confortei. — Não precisa se sacrificar por mim.

— Mas...

— Ele não pode fazer isso com a irmãzinha dele, Sofia — Matt me ajudou e eu assenti.

Sofia suspirou parecendo frustrada. Ela realmente não gostava muito do Matteo, o que não fazia sentido já que eles também se conheciam desde sempre.

— Se mudar de ideia sabe onde me procurar — Sofia sorriu. — Aliás, Dan, você esqueceu de me dizer que voltou para o campus.

— Estive ocupado.

— Sem problemas! Bom, vou indo... Vejo você mais tarde?

Assenti. Sofia se aproximou e beijou meu rosto rapidamente antes de sair pela porta.

— E então percebeu alguma coisa estranha? — Char perguntou assim que Sofia saiu.

— Estranha? Não? — Respondi confuso.

— Não adianta, Char, esse daí nasceu com o raciocínio defeituoso — Matt brincou.

Só então percebi que novamente eles estavam pensando absurdos da Sofia só porque ela era carinhosa, mas isso era da natureza de ômega dela, porém minha prima não estava acostumada já que ela mesma não era uma ômega tão afetuosa.

— Vou para o meu dormitório, não falem mal da Sofia, sério — Eu os repreendi.

— Você deveria mesmo namorar ela.

Mostrei o dedo do meio para Matteo e fui para o meu dormitório. Tinha um problema para resolver.

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