Capítulo Onze

JESSIE

Eu estava pensativa no meu quarto, na verdade esperando, ansiando, a hora do jantar. Não sabia o que estava havendo comigo, mas saber que eu era atraente para o Dante me deixava... Feliz.

Bom, não era eu na verdade e sim o "meu ômega" mas por mim tudo bem, era melhor que ele pensasse assim. O estranho era que eu não conseguia me controlar muito bem perto dele.

Era como se não fosse eu e sim meu "eu" interior, minha "loba" como minha professora de biologia costumava explicar nas aulas. Cada pessoa tem um lobo, seja alfa, beta ou ômega. A minha era ômega e parecia extremamente interessada no Dante.

De manhã eu não entendi toda essa vontade inquietante de ficar perto, mas após descobrir que ele era um lúpus tudo ficou mais claro. Eu corria um grande perigo de ser descoberta e ainda estava surpresa por Dante não ter notado que eu era ômega. Talvez meu porte físico e meu jeito mais "independente" ajudasse.

Eu estava gostando dessa experiência, ver um alfa completamente relaxado e despreocupado era raro, a não ser que fosse da mesma família, mas nesse caso eu não prestaria atenção. Eu sabia que alfas agiam diferente na presença de ômegas, era instinto deles tentar tomar o controle da situação. Então era incrível poder ver Dante sem toda a sua aura de alfa, que eu sabia que ele tinha, ainda mais sendo um lúpus.

Não podia negar que ele era atraente para mim, começando pelo seu cheiro que estava por toda casa, infelizmente não estava pelo meu quarto.

Ao respirar fundo como uma idiota apaixonada, eu percebi que precisava me controlar. Dante era o primeiro alfa lúpus que eu conhecia e o primeiro a ficar tão próximo, meus parentes não contavam e os idiotas do colégio tudo o que eu sentia era nojo.

Só que não podia me apaixonar pelo Dante, minha loba até poderia criar ilusões de que íamos ficar juntos, mas isso não ia acontecer, até porque eu estava na faculdade para me formar e realizar meu sonho, não me envolver com o primeiro alfa gentil que eu encontro.

— Jessica? — Escutei sua voz do outro lado da porta.

Como não gostar do Dante? Em poucas horas de convivência ele já tinha notado meu jeito reservado, na verdade parecia que nós dois nos conhecíamos há muito tempo.

— Pode entrar — Falei e me ajeitei na cama.

Dante abriu a porta, mas não entrou, ele fechou os olhos e respirou profundamente.

— Ela estava aqui? — Ele perguntou me olhando com as íris vermelhas.

E agora eu sabia que não era paranóia minha, seus olhos realmente mudavam de cor. Eu me perguntava se ele tinha controle disso, provavelmente não.

— Ah... Sim — Menti e fiquei triste por isso, Dante era meu amigo. — Mas já se foi.

— Desculpe por perguntar isso — Ele sorriu agora com as íris castanhas novamente. — É realmente irresistível, com todo respeito, mas você tem muita sorte.

— Obrigada — Sorri contente. Ele me deu um dos seus olhares estranhos. Eu ainda não entendia isso. — Nós já vamos jantar?

— Sim, chamei alguns amigos, tudo bem? —. Tentei disfarçar a decepção no meu rosto, mas acho que não obtive sucesso já que ele se aproximou da minha cama e me olhou curioso. — Você tem problemas para se relacionar, mas não se preocupe, eu vou ficar ao seu lado.

Mais uma vez seus olhos brilharam imperceptívelmente, não era vermelho, era um castanho mais claro, quase um dourado. Nesse momento eu percebi que Dante não sabia que eu era ômega, mas o lobo dele sim.

— Obrigada, é que eu sou meio introvertida.

— Comigo você não é — Ele brincou sorrindo.

— É... Com você não — Repeti achando estranho.

— Você vai tomar um banho antes ou vamos logo?

— Vou tomar um banho rápido.

Era melhor eu reforçar o cheiro de alfa, Dante tinha sentido meu cheiro provavelmente antes mesmo de entrar.

Ele assentiu e foi para a sala. Fui tomar meu banho completamente perdida em pensamentos, por que eu não era tímida com o Dante? E por que ele era tão atraente? Nunca me senti assim em toda a minha vida.

Lembrei de quando tive meu primeiro cio, passei sozinha obviamente e após os três dias ele cessou. Pesquisei sobre como aliviar os efeitos do cio sem remédio ou alfa, e acabei encontrando um site sobre alma gêmea.

O site dizia que ômegas e alfas lúpus possuíam almas gêmeas e por isso seus cios são tão intensos, pois somente uma pessoa no mundo pode saciá-los, ao contrário dos comuns que só passam a sentir isso após a marca. Fiquei dias pensando se eu tinha uma alma gêmea, até desistir dessa ideia idiota, alma gêmea não existia, se existisse então como eu vivi todos esses anos longe dela?

Fechei os olhos e desliguei o chuveiro. Eu não acreditava nessa história, mas o meu subconsciente sim, na verdade era mais profundo que isso. "Comigo você não é" a voz do Dante ecoou pela minha cabeça.

Assim como a sua voz, as besteiras daquele site invadiram meus pensamentos. "O primeiro fator de que encontrou sua alma gêmea é a intimidade, não importa se o conheceu a poucas horas, em algum momento você vai se sentir atraído como se estivesse perdidamente apaixonado. E está, o seu lobo está".

Respirei fundo e ignorei todos esses pensamentos perturbadores. Meu Deus, era apenas um alfa, durante a semana com certeza eu iria conhecer outros tão legais quando ele.

Saí do banheiro já vestida e dei de cara com Dante. Automaticamente dei um passo para trás.

— O que você está fazendo? — Perguntei surpresa.

— Nada, eu... Eu só estava esperando — Ele parecia confuso quase como se não soubesse o motivo de estar ali. — Pensei que tivesse me chamado.

— Não, eu não chamei.

Como assim o chamado? Eu apenas estava pensando nele. Dante parecia tão confuso quanto eu.

— Acho que estou ouvindo coisas — Ele riu sem graça. — Foi mau pelo susto, já está pronta?

— Sim — Falei.

— Legal, então vamos.

Ele saiu andando apressado e essa foi a primeira vez que eu vi um alfa com vergonha.

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