Capítulo Três

JESSIE

Alguns dias se passaram e eu aguardei ansiosamente por uma mensagem do meu irmão, ele tinha voltado para a universidade no dia seguinte após nossa visita.

Enquanto isso, eu tentava achar se mais alguém tinha tido o mesmo problema que eu e os resultados da minha busca não foram muito animadores.

— Jessie? — Minha mãe acariciou minha mão. Eu a encarei. — Não vai comer?

— Estou sem fome.

— Está ansiosa por causa da faculdade? — Meu pai me olhou preocupado.

Apesar de ser meu padrasto, ele tinha me criado desde muito cedo e me ensinado muitas coisas. Inconscientemente acabei o chamando de pai e ele não pareceu se incomodar, a mesma coisa tinha acontecido entre minha mãe e Alex.

Mesmo sendo meus pais e super compreensivos, eu não tinha contado que não fui aceita, era certo que eu seria... Estava envergonhada, ainda mais pelo motivo. Também tinha esperanças de que meu irmão resolveria tudo.

— Um pouco, mas vai passar logo — Dei meu melhor sorriso. Eles acreditaram em minhas palavras e sorriram aliviados. Meu celular começou a tocar e eu levantei em um pulo. — Deve ser o Alex!

Saí correndo para o meu quarto e peguei o celular. Minhas mãos tremiam ao atender. Respirei fundo algumas vezes, eu precisava ser menos ansiosa.

— Jessie? — Meu irmão chamou. — Está me ouvindo?

— Sim, agora estou.

— Eu tenho boas e más notícias.

— As boas primeiro, por favor.

— Você foi a candidata que teve as maiores notas de todo campus e pode escolher qualquer curso que desejar.

— Sério!? Alex, eu posso...

— Espere, tem as más... Você não pode cursar Direito, Jessie, bom... Até poderia, mas jamais vão te aceitar como delegada — Alex falou em um tom revoltado e cansado. — Procurei uma delegacia, até mesmo juízes, eles disseram que a probabilidade de te aceitarem é uma em um bilhão.

— Mas eu posso cursar Direito — Falei esperançosa.

— Tem mais uma má notícia... Não há vagas, você sabe que os dormitórios são separados entre alfas, ômegas e betas, não é? — Ele explicou. — Enfim, os dormitórios dos betas estão todos cheios. E você obviamente não pode dividir quarto com alfas.

— Então... Eu não posso entrar? Não tem nenhum quarto para ômegas?

— Tem, mas não tem vazio, como você se inscreveu em um curso "para alfas" não imaginaram que você seria ômega...

— Então estou fora.

— Não, Jessie, a gente pode tentar em outra universidade e...

— Eu queria essa, Alex, eu sei que é idiota e infantil, mas era o que eu queria — Lágrimas inundaram meus olhos e eu respirei fundo, irritada. — Era o meu sonho, mas tudo bem, obrigada por tentar por mim.

— Jessica, nós podemos ver outra coisa parecida, você pode fazer dança, você sempre amou isso.

— Não, obrigada... A mãe chamou, eu tenho que desligar.

— Tudo bem, fica bem, Jessie.

— Você também.

Desliguei e deitei na minha cama. Odiava chorar, mas deixei as lágrimas rolarem para variar. Não sabia mais o que eu ia fazer, tinha planejado todo o meu futuro e agora eu estava frustrada pois não estava saindo como planejei.

— Filha? Está tudo bem? — Meu pai veio atrás de mim.

— Está sim — Respondi.

— Alex disse algo sobre a faculdade? Você está chorando? — Ele entrou no meu quarto, me viu deitada e sentou próximo a mim. — Jessica, o que aconteceu?

— Nada, eu vou resolver, o Alex está bem se está se perguntando isso... E sim tem a ver com a faculdade — Respirei fundo. — Por favor, não fale para a mãe que me viu chorando.

— Não vou, vou dizer que você está com dor de cabeça, mas já se medicou... Não leve tudo tão a sério, menina — Ele deu um apertou de leve meu ombro. — Vai dar tudo certo.

Se fosse qualquer outra coisa, com certeza meu pai teria me animado. Apesar de não termos um laço sanguíneo, ele sempre desejou ter uma filha e quando conheceu minha mãe, nossa ligação instantânea.

— Obrigada, pai.

— De nada — Ele sorriu e levantou saindo do meu quarto.

Ele não sabia que era impossível não levar a sério e nem que meu futuro estava completamente arruinado. Pelo menos pude chorar sem ser incomodada por algum tempo... Que não durou muito já que um plano engenhoso surgiu na minha mente. Talvez... Talvez ainda houvesse esperanças.

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