Capítulo 16 - Ela mesma

Marina quando recebeu o seu primeiro mês de salário quase chorou, precisou se controlar ao receber o cartão do banco e vê o seu saldo. Se sentia tão feliz que tinha vontade de pular e dançar, coisa que nunca fez na vida. Ela nunca se sentiu tão feliz como estava se sentindo, era uma felicidade que não tinha tamanho. Marina tinha ciência que a casa não era dela, e que um dia provavelmente, teria que ir embora, mas ela não estava disposta a pensar nesse dia, pois enquanto esse dia não chegasse iria apenas aproveitar a vida em familia, sim em família, pois era assim que ela estava se sentindo.

Marina quis ir as compras como ouvia as pessoas dizer, mas estava com vergonha de chamar Antônia e não quis ir sozinha, mas um dia na hora do almoço ela comentou com Antônia o seu desejo, e na mesma hora Antônia se prontificou em ir com ela.

Logo depois de almoçarem elas saíram e Charles as acompanhou a mando de Aaron, já que a sua mãe tinha ligado para ele avisando que iriam sair. Aaron ficou feliz por saber que Marina sairia um pouco de casa, ele pediu a mãe que a ajudasse no que fosse preciso e cuidasse delas, de Marina e de Bella.

Marina estava em uma loja no shopping e escolhe dois conjuntos iguais, eram pretos e Antônia estranha quando vê aquelas roupas separadas.

— Que roupas são essas? — Antônia pergunta sem entender a escolha.

— Para eu usar como uniforme — Marina responde naturalmente.

— Se fizer isso, você vai ver o que é um Aaron realmente irritado — Antônia ri, vendo a expressão de Marina, que parecia não entender o que ela queria dizer, decide explicar — Aaron detesta essas coisas de uniformes, os rapazes usam ternos pois é mais prático para todo e qualquer evento, sei que não deixa de ser um uniforme, mas é diferente. Além disso, Aaron não te vê como uma empregada, por isso o melhor que faz é escolher roupas que combinem com você, calças, blusas e vestidos, abuse nos vestidos, você é jovem e tem um corpo lindo, nem parece que teve filho a pouco tempo.

— Tirando os seios — Marina ri, olhando para os próprios seios — Pareço mais uma vaca leiteira.

— Pense da seguinte forma, tem mulheres que pagam fortunas para terem os seios iguais aos seus.

— Será que eles irão diminuir depois que eu deixar de amamentar? — Pergunta Marina segurando os próprios seios por achá-los exagerados.

— Um pouco, mas não tanto — Antônia a desanima.— Mas eles são bonitos, abuse nos decotes. — Marina prefere não ouvir os conselhos de Antônia, jamais colocaria um decote mostrando os seios.

Elas seguem com as compras depois que Marina desiste dos "uniformes", mas ela não abusa, compra três calças modernas, três vestidos simples, mas bonitos e algumas blusas. Aproveita para comprar dois pares de sandálias e sapatilhas. 'Chega', ela pensa, 'já foi quase todo o meu salário'.

Mesmo Bella tendo muita roupa ela comprou um vestidinho que viu em uma vitrine, era a primeira roupa que ela comprava para filha, o vestido era branco com flores azuis escuras, era muito bonito e Bella ficaria linda nele. Antônia faz questão de presentear Bella com um par de brincos de ouro, já que Bella ainda não tinha a orelha furada e ela pretendia ajudar Marina nisso.

E assim elas fizeram, mesmo sendo um procedimento simples Antônia achou melhor leva-la ao pediatra para que pudesse furar, e Bella já saiu do consultório exibindo o seu brinco novo.

— Mamãe ficará encantada quando conhecer Bella, eu mandei uma foto para ela e ela já disse que dá próxima vez que eu vier ela vira junto.

— Sua mãe mora sozinha? — Marina pergunta curiosa.

— Mamãe tem 74 anos e as vezes ela se esquece da idade dela, na verdade ela só não mora sozinha pois eu moro com ela. Ela agora está viajando com algumas amigas, assim garotinhas iguais a ela. — Antônia conta rindo.

— Você não tem medo que aconteça algo com ela estando longe?

— É mais fácil ela se preocupar que algo aconteça comigo — Antônia conta sem conseguir deixar de ri da própria mãe — Meu pai passou um dobrado com ela, a velha não é mole.

— Como foi quando você engravidou?

— Recebi todo o apoio que precisava dela, mas meu pai quis me matar, principalmente por eu não dizer quem era o pai.

— O pai de Aaron sabe sobre ele? — Marina pergunta curiosa, Antônia olha para ela e suspira.

— Um dia eu te conto a minha história, mas o dia hoje está muito bom para pensarmos em coisas ruins. Vamos embora que Bella já deve está cansada.

Elas saem do shopping com Charles as seguindo, Antônia empurrava o carrinho de Bella e Marina levava as bolsas. Charles se ofereceu para levar as bolsas, mas ela não viu necessidade. Quando elas chegam em casa Marina sobe para o seu quarto para guardar as coisas que comprou quando volta para sala, encontrando Antônia brincando com Bella.

— Acho que ela fez algo mais que xixi — Comenta Antônia rindo — Eu vou dá um banho nela.

— Vou adiantar a janta enquanto isso. O que você quer comer?

— Não se preocupe comigo, o que você fizer eu vou comer, tenha certeza.

Marina decide fazer uma lasanha, era algo prático e fácil de fazer. Quando ela chega na cozinha encontra Charles preparando um café para ele.

— Pensei que tivesse ido buscar Aaron.

— Hoje ele vem com Marlon, daqui a pouco estarei indo embora.

— Não antes de comer um pedaço de bolo de banana que eu fiz mais cedo e você nem experimentou.

— Se continuar fazendo bolo e me dando, vou ficar fora de forma — Charles fala rindo, mas aceitando o pedaço de bolo que Marina lhe deu. — Onde está Bella?

— Adivinha? — Marina fala rindo — Antônia foi dar banho nela. Ela nunca foi tão mimada.

— Aaron gosta muito dela — Charles a observa ao falar isso.

— E ela dele, faz até festa quando ele chega e brinca com ela. — Marina para o que está fazendo por alguns segundos — Sabe Charles, parece que eu moro aqui há anos, não sei se me entende, mas eu me sinto em paz aqui.

Charles sorri feliz, pois até a aparência de Marina havia mudado, antes ela parecia um bicho do mato, agia como se estivesse com medo de tudo e de todos. Agora, mesmo que ela não tenha percebido a mudança, ela sorri mais, e fala com firmeza e naturalidade, age naturalmente até quando lhe oferesse um pedaço de bolo. Marina deixou de se esforçar para não errar, deixou de ter medo de ser repreendida, ela agora conversa de forma espontânea e autêntica, a verdade é que agora ela consegue ser ela mesma.

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