Não sou qualquer uma

Qadim não mentiu que iria viria jantar comigo todos os dias, Neith me avisou que será sagrado a sua chegada as dezenove horas e que ele deve chegar com a comida, mas já na primeira vez, ele paralisa ao me ver na cozinha terminando de fazer um risoto, com um sorriso ele deixou a comida de lado e preferiu comer apenas o que eu havia preparado.

O jantar foi regado a elogios de Qadim e Arlo a minha comida, uma Neith segurando o riso de ver os dois competindo quem elogiava melhor e eu ali perdida no meio daqueles loucos.

A família Sahil certamente não tem juízo nenhum e tenho menos ainda por estar aqui no meio deles, pior ainda, pois eu sou o assunto deles. Respiro fundo algumas vezes e dou graças quando eles terminam de comer, começo a recolher tudo e corro para a cozinha.

O meu momento de paz, ali poderia respirar fundo, tomar uma água ou até mesmo beliscar o doce de olhos fechados, mas como tudo que é bom dura pouco, os dois entram com tudo na cozinha.

— O que está acontecendo? — pergunto intercalando olhares entre os dois, mas apenas Qadim se mantinha na sua postura.

— Não deveria fazer isso — Arlo se aproxima pegando o prato que iria colocar na lava-louça.

— Exatamente, deixei que Arlo e Neith façam isso, vem comigo, você precisa descansar — Qadim já segura a minha mão me puxando para fora da cozinha e quando passo por Neith ela já está até vermelha por segurar a risada.

Assim que entramos no meu quarto e ele imediatamente fecha a porta, os nossos olhares se cruzam e uma grande gargalhada escapa da minha boca, para minha surpresa ele me acompanha e ainda se joga na cama.

— Qual o motivo de tudo isso?

— Mudou a pergunta?

— Sim, vocês não me responderam à primeira — ele volta a rir baixo se sentando na cama.

— Não tem a mínima ideia?

— As minhas ideias normalmente não são as melhores — ele se levanta vindo na minha direção e lá vamos nós novamente, controlar a respiração e não apertar as pernas.

— Está engolindo seco — os seus dedos passam pelos meus lábios, püta merda ele sabe o poder que tem sobre as pessoas — Fiquei curioso para saber quais são essas ideias.

— Não me formei em psicologia por ser a melhor das ideias — ele começa a rir e se afasta, enquanto ele está de costas, aproveito para respirar livremente.

— Como eu disse a cada dia mais interessante, descanse minha porcelana, nos vemos amanhã.

Com isso ele sai do quarto me deixando ainda no mesmo lugar, afinal as minhas pernas resolveram me trair justo agora. Neith aparece na porta segurando o riso, me fazendo jogar a almofada na sua direção.

— Para que essa agressão toda?

— Por que vocês têm que ser assim?

— Assim como Alainn?

— Gostosos e provocadores? — ela começa a rir dando de ombros — Não começa por favor, desta vez não consigo negar.

— Isso muito me agrada sabia? — ela chega bem perto cheirando o meu pescoço e isso me fez lembrar o que Qadim fez, era exatamente o mesmo movimento, mas o dele foi mais rápido.

— Não vai rolar, vou me divertir com os meus dedos mesmo, agora fora, pois estou indo para o chuveiro.

Ela sai do quarto gargalhando e quando vou fechar a porta, Arlo me olhava atentamente no final do corredor. Eu hein, parece até filme de terror, tomara que ele não venha com gracinhas para o meu lado.

— Não demorou com os seus dedos — a voz de Arlo no quarto escuro me fez pular de susto.

— Está doido? — ao acender a luz, o percebo deitado na minha cama.

— Então somos gostosos e provocadores? — ele se aproxima e quando vou me desviar sou puxada contra o seu corpo pela cintura — Responde Alainn.

— Não sou brinquedo Arlo, não pode me pegar, usar e depois descartar.

— Todas vocês são — acerto um tapa com tudo no seu rosto, o fazendo me apertar mais contra o seu corpo — Você me bateu?

— Não, sou qualquer uma e enquanto repetir isso vou te bater.

— Neith já foi embora, o seu protetor Qadim também, quem é que vai proteger você? — ele me aperta mais contra o seu corpo, vou me mexendo para ficar o mais encaixada possível.

— Consigo lidar com você sozinha — ergo o joelho com tudo o acertando perfeitamente no meio das suas pernas, já que consegui me encaixar bem momentos antes.

Arlo cai no chão urrando de dor enquanto a luz do meu celular piscava loucamente, quando abri era mensagem de Qadim “Estou te esperando aqui embaixo”, não queria ter que fazer isso, mas Arlo provocou, pego a minha bolsa e jogando um moletom sobre o corpo desço o elevador encontrando Qadim encostado no carro.

Assim que ele me viu vindo já abriu a porta e entrou em seguida, a garagem não tinha ninguém para não ter provas que sai com ele, estava entendendo como ele pensa e isso me será muito útil.

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