Não consegui sair da sala depois que Neith saiu com Alainn, ela estava muito fragilizada e a culpa foi inteiramente minha, não pensei nos detalhes e nas complicações que poderiam ocorrer.
Qadim ainda ficou falando por horas na minha cabeça em como sou incompetente até mesmo para cuidar da minha noiva, o contrato assinado também foi jogado na minha cara e grifado a parte que a sua segurança é minha responsabilidade.
Ele tinha razão, eu sabia muito bem como funciona as negociações aqui e principalmente como aquele cliente em específico é prepotente e nojento, ele não iria desistir tão fácil.
— Obrigada.
— Não fiz por você Arlo.
— Mesmo assim.
— Coloque a cabeça no lugar, Arlo, ela é uma mulher para se casar.
— A deixe comigo…
— De forma alguma, agora ela fica onde os meus olhos possam estar — com isso ele saiu da minha sala batendo a porta, respiro fundo me afundando na cadeira, não atendi mais ninguém e não tinha cabeça para trabalhar.
O problema maior era voltar para casa e ser acusado por Alainn, não que ela não esteja no seu direito, mas eu não vou conseguir suportar isso vindo dela. Aquela estrangeira me leva ao meu limite, mas já tem o meu carinho e atenção.
Como o tempo resolveu não me ajudar a noite começa a surgir e agora preciso ir para casa, ao chegar vejo somente Neith na cozinha distribuindo comida que pelo jeito acabou de ser entregue.
Em cima do balcão estava o bilhete do meu tio, pedindo para convencer Alainn a se alimentar, Neith se aproxima e me abraça, nem sabia que precisava daquele abraço até sentir ele.
— Ela vai ficar bem, mas e você?
— Foi culpa minha — nunca chorei na frente de ninguém, mas não consegui segurar e Neith me abraçou mais forte ainda.
Assim que me sinto mais calmo, Neith me solta e guarda a comida de Alainn, me deixando curioso e mesmo com passos vacilantes vou até o seu quarto, Neith me faz sinal de silêncio então abro a porta com cautela.
Ela estava dormindo espalhada na sua cama, mas ao me aproximar consigo ver as marcas no seu rosto, aquele rosto que mais parecia uma porcelana agora estava todo manchado com tons vermelhos e arroxeados.
— Ela tomou um calmante e deve acordar somente amanhã cedo — a voz de Neith ao meu lado era tão baixa que mais parecia ser um sussurro.
— Eu não queria…
— Sei disso, Arlo, mas aconteceu.
— Você…
— Já Arlo, mas Qadim interferiu e depois disso nunca mais tentaram me agarrar, por que acha que insisti tanto para ir embora?
— Que merda eu fiz? — solto o meu corpo contra a parede enquanto suspirava.
— A pergunta certa é o que você vai fazer agora.
— Tentei o convencer a ficar comigo, mas ele está irredutível.
— Você vai perder a Alainn, Arlo, ela não me deu moral depois, na verdade, a única vez que consegui a tocar foi quando tudo aconteceu, brinco com ela algumas vezes, mas ela está sempre irredutível…
— Por que está me contando isso? — a interrompo enquanto ela me puxa para se sentar no chão do quarto como fazíamos quando crianças.
— Sei que mesmo no fundo desse seu coração confuso você tem sentimentos por ela, mas não sabe o que eles são, mas os ciúmes… Esse você sente de longe e sei que o seu sangue ferve quando me observa com Alainn.
— Não…
— Pode mentir o quanto quiser, mas sei o que sente, pois, também sinto de uma forma diferente, mas sinto e até me aproveito para o deixar irritado — dou um tapa na sua cabeça enquanto ela rir baixo.
— Vai tomar um banho e venho comer comigo.
— Quero ficar aqui.
— Depois você fica, pode até dormir na cama, o comprimido que ela tomou é muito forte e antes do amanhecer ela não vai acordar.
Confirmo com a cabeça me levantando e indo para meu quarto, nunca tomei um banho tão rápido como fiz hoje, até tentei comer, mas não consegui e quando percebi estava suspirando e olhando na direção do quarto de Alainn.
— Vai logo eu arrumo tudo aqui.
Não esperei Neith falar duas vezes corri até o quarto, ao me deitar percebo algumas lágrimas descerem pelo seu rosto mesmo com ela dormindo, em desespero para conseguir parar aquilo a puxo contra o meu corpo.
Ao se acomodar melhor ela acaba suspirando algumas vezes e logo para de chorar tendo novamente um sono tranquilo e calmo na medida do possível, ali sentindo o cheiro do seu cabelo acabo caindo no sono também.
— Por que está aqui? — a voz de Alainn ao fundo misturado com o carinho no meu cabelo me deixou na dúvida se já tinha acordado ou se ainda estava dormindo.
— Hummm — me viro puxando o seu corpo contra o meu, ao escutar sua risada abro os meus olhos.
— Virei ursinho de dormir? — ela sorria lindamente, mesmo com tudo que aconteceu.
— Me perdoa, eu fiz merda e não te protegi…
— Já foi, vamos focar de agora em diante — ela toca nos meus lábios me calando e sinceramente aqueles dedos eram tão macios que acabei os beijando.
— Não vai acontecer novamente.
— Não, não vai — a voz forte de Qadim preencheu o quarto — Fora dai Arlo — como não me mexo ele solta um grito — AGORA.
— O que está fazendo aqui? — falo me levantando da cama enquanto Alainn apenas se senta abaixando o rosto.
— Vim cuidar de Alainn e você está atrasado para ir à empresa.
— Não vou…
— Fora Arlo — a voz dele estava ficando mais dura e sei até onde isso vai dar e quando vou dando passos ele se aproxima de Alainn tocando no seu rosto.
— Estou bem, obrigada pela preocupação.
— Me contaram somente hoje que você tomou um calmante, como pode estar bem?
Neith me puxa para fora do quarto, mas deixando a porta aberta. Ele estava calmo e atencioso demais com ela, até onde sei para Qadim as únicas mulheres que ele não toca são as da família e ainda tem que ser as próximas e de sangue.
— Agora não é hora de você contrariar ele, vai para a empresa, eu vou ficar por aqui e fico de olho.
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Atualizado até capítulo 109
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